receitas sem fotos

Meu velho iMac não está conectando na internet. Justamente esse, que é o computador onde eu desovo e processo todas as fotos para o blog porque a tela é maior e melhor. Hoje fiz uma investigação e um interrogatório, me aproveitando da sapiência e gentileza de dois colegas, um programador e outro meterorologista. Chegamos à conclusão que: 1. o airport precisa ser atualizado. 2. o airport tá bichado e precisa ser trocado. Enquanto isso faço o que posso do laptop que fica na cozinha. A combinação desse pequeno probleminha com a correria de trabalho e outras coisas, está me deixando meio desanimada. Até tenho uns assuntos e receitas para publicar, mas simplesmente não estou conseguindo. Se eu pudesse dormir menos horas, essa condição de falta de tempo se resolveria facilmente. Sem falar que ainda entramos no nosso daylight saving time e por isso voltamos a acordar no escuro e não está sendo fácil tentar dormir menos.

Outro dia estava pensando que sou uma pessoa mais de imagens do que de palavra. Será? Porque às vezes fico frustradíssima quando vejo algo super legal e não consigo fotografar. Faço mil pataquadas, tropeço e caio no meio da rua, fico pra trás do grupo, aguentando filho e marido revirando os olhos, só porque eu preciso captar uma imagem. Depois de escolher entre trocentas fotinhos, cortar uma por uma [minto, uso um sistema], sempre gosto de montar as imagens numa galeria com a intencão de dizer algo, contar uma história. Can you dig it?

E as minhas histórias neste momento giram em torno da minha vidinha pacata—a casa, os gatos, os vizinhos, as plantas, as flores, as frutas, os legumes, a garrafa de vinho, detalhes da paisagem que está mudando.

Num domingo fiz um almoço pro meu filho e minha nora. Mas como ainda estava me recuperando de uma gripe morfelenta que me deixou um bagaço por duas semanas, resolvi que iria tentar simplificar ao máximo, fazendo um peixe na churrasqueira. Preparei uma posta grande de atum, que só temperei com sal, pimenta, raspas e suco de laranja. Foi pra grelha embrulhado em papel alumínio sobre uma cama de rodelas de laranja—aquelas da minha bondosa vizinha. O peixe assou rápido e ficou super úmido e tenro. Todos gostaram. Acompanhou salada de batata com vagens e salada verde de folhas. Num outro domingo fiz peixe de novo, desta vez bacalhau fresco do Pacífico, pescado em Half Moon Bay. Cozinhei as postas num molho de tomate [aquele em lata orgânico], depois de fazer um refogado com alho poró. E temperei com curry vermelho tailandês e coentro fresco.

Toda segunda-feira tenho precisado praticamente colocar um post-it na testa para lembrar, mesmo depois de ja ser avisada duas vezes pelo meu calendário no iPhone, que é dia de pegar a cesta orgânica. Já passei reto pela fazenda duas vezes. Da primeira vez eu voltei—estava no meio do caminho quando caiu a ficha. Da segunda vez eu entrei em casa e chorei. Depois me recompus e mandei um texto pra pra minha ex-nora, pedindo pra ela ir pegar a cesta pra mim. Essa amnésia recorrente tem acontecido por causa da minha imensa ânsia de voltar pra casa no final do dia de trabalho.

O que me deixa feliz é que a primavera já está bem presente até na minha cozinha, com a chegada de alguns tímidos aspargos. Está finalmente chovendo tudo o que não choveu quando deveria ter chovido. Tenho deixado os gatos sairem no quintal [com supervisão] durante o final de semana. Vamos mandar repintar a casa inteira por fora. E consertar uma goteira. Essa será a minha primeira primavera em Woodland.

[ we picked ]

u-pick
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u-pick
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Chegou o dia em que fui finalmente vencida pelo cansaço. Passei o domingo super devagar, me sentindo sem energia. Tomamos um chazinho acompanhado de éclairs às 4 pm e eu já me entristecia com o encerramento do final de semana quando o Uriel sugeriu um passeio. Quero te mostrar a fazenda orgânica com u-pick de morangos que vi no final da highway 99—disse ele. O céu despencou num baita temporal. Assim que a chuva parou, nos agasalhamos, entramos no carro e fomos ver o tal lugar.

Se eu tivesse a minha bicicleta em Woodland, daria pra ir até a fazenda Pacific Star Gardens pedalando. De carro se chega lá numa piscada. Ela fica no inicio de uma estradinha que liga Woodland à Davis. Não é a estrada principal, nem a melhor estrada, por isso eu nem conhecia.

A região tem muitas fazendinhas com campos de tomates, girassóis e trigo. Numa parte do caminho tem muitas oliveiras enfileiradas. Paramos na fazenda e não tinha absolutamente ninguém por lá. Achamos que o u-pick estava fechado. Fomos investigar. Num pequeno barracão estavam os baldes e cestinhas, uma balança, uma caixinha pra gente colocar o dinheiro e uma placa com as explicações: o preço do pound das blackberries e de cada cestinha de morangos, pegue o balde, vá colher as frutas, pese e pague, obrigado! Ainda tem muita gente que usa esse tipo de honor system, onde a confiança é a alma do negócio.

Pegamos um baldinho e rumamos para o campo, que estava uma lama só por causa das tempestades que cairam durante todo o final de semana. Plaquinhas indicavam os arbustos de blackberries, marionberries e olallieberries. E o campo de strawberries. Fomos pegando as frutas, ainda molhadas da chuva, até encher o balde. No caminho vimos um campo enorme cheio de galinhas felizes. Fiquei animada em poder comprar ovos. Também vimos um pomar de damascos, campos com verduras e tomates. Fiquei num estado de alegria e excitamento sem fim.

Quando já estávamos indo pro campo de morangos, vi uma moça lá junto das galinhas e corri falar com ela. Queria saber dos ovos! Acenei lá de longe, ela acenou de volta, fui apressada encontrá-la. Ela era a dona da fazenda e me contou que os ovos já estão todos vendidos, mas que eles planejam aumentar a produção. Disse que logo terá u-pick de tomates e berinjelas e que se eu quiser eles vendem a galinha viva com recomendação de quem pode fazer o trabalho sujo pra mim. Dispensei. Mas fiquei interessadíssima nos tomates e afirmei que vou voltar para mais berries e tomates até o final da estação, vou virar freguesa. Ela disse que a fazenda tem 40 acres e que tem também um pomar de nozes e eles estão começando a criar patos e perus. Uma ótima opção para o Thanksgiving!

Conversei um tempão com a moça, que me contou da família dela e do Farmers Market de Woodland, que como eu pensava é o Real McCoy, com apenas fazendeiros locais vendendo por lá. Embora nem todos certificados orgânicos, como eu também já sabia.

Fomos pra casa com as botas sujas de lama, um balde cheio de frutas e um sorrisão estampado na cara. O passeio me revigorou e me reanimou. Fizemos nosso lanchinho, com as frutinhas deliciosamente frescas e doces [especialmente os morangos!] mais iogurte grego com mel, pão doce e nutella. Sentados à mesa, devorando as delicias, o Uriel comentou—estou me sentindo como um urso, pois colhi o meu próprio jantar de berries. [ hahahaha! ]

na fazenda Yamaguishi

Chegamos na fazenda orgânica Yamaguishi em Jaguariúna às 8:30 da manhã de um dia que prometia ser esbaforento e quente. Mas naquela hora o frescor ainda imperava e assim que desci do carro respirei um ar que me pareceu imensamente familiar. Não sei explicar exatamente o que era aquele cheiro conhecido, de coisa fresca, de infância, de tempos bons, de riacho transparente, de mangueira carregada de fruta, de terra molhada e grama pisada. Avistamos uma casa grande rodeada de um varandão que me pareceu a sede administrativa e lá batemos para perguntar pelo moço que iria nos ciceronear naquela visita.

Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi

Eu, minha mãe e meu irmão fomos recepcionados por uma senhora, que nos ofereceu um café. Foi o tempo de brincar com o gato e olhar um pouco ao redor e já chegou o Romeu, com quem eu tinha trocado breves mensagens de e-mail. Não teve muitos salamaleques para agendar uma visita. Fui ao website da fazenda, cliquei no e-mail de contato e escrevi dizendo que queria visitar a Yamaguishi e que uns amigos, professores da Unicamp, tinham me recomendado que eu falasse com o Romeu. Dias depois estávamos lá, muito bem recebidos logo pela manhã para um convercê e depois uma extensa caminhada, com direito a explicações detalhadas sobre tudo e respostas para todas as minhas perguntas.

A fazenda Yamaguishi tem 60 hectares de mata replantada e 37 de mata original. Eles fazem entregas de cestas de produtos orgânicos à domicílio e participam também de várias feiras em Campinas e região. Oferecem 66 variedades de legumes e verduras, que podem ser escolhidos ao gosto dos clientes. O Romeu explicou que as estações não muito rigorosas do Brasil possibilitam a produão ininterrupta de muitos produtos, que são oferecidos quase que durante todo o ano. A sazonalidade é muito mais flexível, devido ao clima mais ameno. Nada é produzido em estufas, tudo saí dos imensos canteiros espalhados pela extensão da fazenda. E dali também saem o ano todo frutas como laranja, banana e maracujá. A fazenda Yamaguishi dispõe seus produtos com os de mais 17 agricultores orgânicos da região, que formam o Grupo Mogiana. Eles promovem cursos, e treinamentos, dividem experiências e técnicas, que são praticadas por todos. A variedade dos produtos oferecidos pela Yamaguishi é também graças à essa organização de produtores. O grupo também participa de um planejamento de produção com os agricultores convencionais, para ajudar com controle de pestes, preservação do meio ambiente e divulgação de técnicas de agricultura orgânica e sustentável.

Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
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Nossa caminhada pela fazenda nos deixou de língua de fora e com o queixo caído. São apenas 27 pessoas cuidando da produção de legumes, verduras, frutas e de um montão de galinhas. Todos vivem em casinhas dentro da fazenda e todos administram o negócio conjuntamente. Na Yamaguishi não tem chefe, não tem dono, todos são iguais pela filosofia que é aplicada no dia-a-dia. O Romeu nos explicou como eles controlam as pestes sem quimicos, como reusam o excedente, reaproveitam tudo, fazem rotação da lavoura, preservam o rio e a mata, e os animais silvestres que vivem por lá. Eu deveria ter levado um gravador, pois foi muita informação pra memorizar. Uma das coisas que me chamou a atenção foi a lindeza dos canteiros, folhas enormes, brilhantes, quase sem nenhum ataque de bichos e o Romeu contou que isso é resultado de anos das práticas orgânicas. A fazenda já tem 22 anos e serve 800 clientes das cestas entregues semanalmente, mais as feiras e o suprimento de lojinhas, como a Macróbios de Campinas. A fazenda recebe visitantes comuns, grupos de escolas e tem também umas atividades abertas ao público nos finais de semana. É só escrever ou ligar pra eles e perguntar.

Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi

Mas a parte da fazenda que mais me impressionou foi a dos galinheiros. De longe avistamos o imenso gramado todo cercado com arame, onde as galinhas ciscam livremente das 10 da manhã até às 5 da tarde. É um espaço cercado por razões óbvias—não dá pra deixar centenas de galinhas soltas pela fazenda, expostas à predadores e depois ficar catando os ovos botados ali, aqui e acolá. Eles têm um esquema super bem organizado, com galinheiros espaçosos onde os franguinhos moços e as franguinhas moças crecem primeiro em espaços separados. Na fase adulta eles finalmente se juntam, um bando de galinhas e um seleto número de vigorosos galos. Os ovos são fertilizados, fruto do ciclo natural da vida. Mas o Romeu contou que apesar das galinhas estarem em maior númerto, quem escolhe o galo são elas, portanto são elas que realmente mandam no galinheiro. Entramos em alguns deles onde naquela hora matinal as penosetes ainda estavam botando ovos. Cada galinheiro tem um compartimento onde as galinhas entram e ficam lá, quentinhas e fechadinhas, colocando os ovinhos em total privacidade. O Romeu quis nos mostrar um deles e para nossa surpresa, antes de abrir bateu na porta do compartimento explicando que todos os outros funcionários também faziam o mesmo, em sinal de respeio, para avisar as galinhas de que elas iriam ter a privacidade invadida. Como adentrar um quarto de moçoilas enquanto elas estão fazendo a toilete, com um toc toc toc e um discreto com licença para mostrar respeito.

Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
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Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi

O Romeu foi nos mostrando tudo, pegou o solo do galinheiro com as mãos, explicando que aquilo iria adubar os canteiros da fazenda. Nunca vi terra tão limpa. Naquela hora um dos funcionários estava deixando os sacos de ração nas portas dos galinheiros. A ração é feita lá mesmo na fazenda, vimos a lista dos produtos—nada de porcariadas, nada de artificial, nem de quimico, só ingredientes naturais. As galinhas comem até casca de ostra, que ajuda a deixar a casca do ovo mais durinha. Vimos também o pessoal pegando os ovos [e batendo na porta e pedindo licença antes], a limpeza e armazenamento, depois o empacotamento dos ovos fresquinhos que vão para as cestas domésticas ou para os mercadinhos. Os ovos da Yamaguisi são realmente de galinhas saudáveis e felizes—eu posso dizer isso, pois fui lá e vi!

Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi

Saí da fazenda Yamaguishi um bocado entusiasmada, porque pude ver com meus próprios olhos, e caminhando e sujando o meu calcanhar de terrão vermelho, o trabalho bacanérrimo que tem sido feito ali com os orgânicos. Muita gente me diz que onde mora não tem orgânicos, que é difícil, eteceterá e tals. Mas eu tenho certeza que tem muito agricultor, pequeno ou grande, fazendo coisas muito bacanas, como o pessoal da Yamaguishi já está fazendo ali nas imediações de Campinas há várias décadas. O truque é começar a procurar. Olhar em volta, fazer muitas perguntas, se informar, se conectar, montar uma rede e ajudar a divulgar—quem vende os legumes, o leite que entrega em casa, o queijo, os ovos, aquele sitiante que aceita encomenda de galinha ou de um porquinho. E assim vamos devagarzinho saindo daquela imposição dos grandes produtores e distribuidores, e vamos mudando um bocado da nossa alimentação e da nossa vida, pra melhor!

olha, chegou a cesta!

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Toda semana é essa mesma cena, que tem se reproduzido por anos e anos. Quando chega a cesta—que na verdade não chega sozinha, pois eu tenho que ir buscar—os gatos fazem a inspeção geral, cheirando cada micro centímetro e o Roux, quem mais, mordisca o que estiver mais apetitoso. No verão ele ataca a palha do milho. Depois do cheira aqui, cheira acolá, morde aqui, morde acolá, eles seguem com o que estavam fazendo, o que geralmente envolve dormir, comer, usar o banheiro e para o Roux, quem mais, perseguir o Misty ou pinotear pela casa atrás de um rato de pano.

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Muito antes de iniciar o Chucrute com Salsicha eu já era adepta dos orgânicos e falava deles no meu outro jurássico blog. E muitos anos antes de aportar aqui na Califórnia, eu já tinha minhas idéias naturebas, que aqui pude por quase cem por cento em prática. Nasci com essa tendência, então nada mais natural do que divulgar o que eu acredito e pratico. Vivo citando essa minha cesta orgânica, pois é ela que me traz a materia prima para os meus almoços e jantares. O centro é a cesta e o resto é acréscimo, que eu faço questão de que seja também orgânico. E não só orgânico, mas sazonal, local e sustentável. E o que não for local que seja pelo menos fair trade. E o que for do reino animal que seja produzido sem antibióticos e principalmente que não envolva nenhum tipo de confinamento torturante e crueldade. Esse é o meu moto, meu mantra.

Nesta cesta chegaram muitos tomates de três variedades, abobrinhas de duas variedades, pimentões verdes de duas variedades, pimenta jalapeño, pepinos, espigas de milho, um maço gigante de manjericão, batatas, rainbow chard, cebola amarela e roxa, alho, um repolho roxo, tomatillos, dois melões e um pacote de damascos. Tava pesada pacas, viu?

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A minha cesta é uma CSA da fazenda dos estudantes da Universidade da Califórnia, campus Davis. Se você, como muitos outros visitantes do Chucrute com Salsicha, estiver pensando em adotar os alimentos orgânicos, sazonais, locais e sustentáveis e quiser saber se tem algo do gênero na sua cidade ou região, dá uma olhada nesta página de links que eu organizei um tempo atrás. Pode ser que você encontre o que está procurando. E se souber de algo legal que não esteja lá, me avisa que eu adiciono.

figo seco

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[treat da semana na cesta orgânica]

os verdes da semana

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hoje é dia

letter from the farm

Welcome back from the weekend, as the temperature has cooled and the skies have cleared. It is mid-summer, a grand time for epicures like yourselves. As you can see from your baskets, the amount of tomatoes is steadily increasing each week, painting themselves a brighter red each time. The ambrose cantaloupe are slipping off the vines like butter. Cantaloupe, with origins in Africa and India, was introduced to North America by Christopher Columbus on his second voyage to the New World in 1494. Continue Columbus' voyage with our Recipe of the Week. This week the baskets abound with garlic, onions, collards, kale, chard, cantaloupe, cucumber, summer squash, eggplant, peppers, potatoes, tomatoes, basil, zucchini, plums, and peaches. The figs and nectarines were picked from the bountiful Ecological Garden; please note they are not certified organic.

Today's baskets were picked and packed with love by Matt, Ethan, Laurie, Judy, Hai, Toby, Rachel, Raoul, Laura, and Aubrey. Enjoy the week!

Recipe of the Week
Cantaloupe Bread - Pão de Melão

1 3/4 xícara de farinha de trigo
1/4 colher de chá de bicarbonato de sódio
2 colheres de chá de fermento em pó
1/4 colher de chá de sal
2/3 xícara de açúcar
2 ovos
1/2 xícara de pecans picadas
1/5 xícara de manteiga derretida
1 xícara de polpa amassada de um melão cantaloupe

Misture todos ios ingredientes secos, adicione os ovos, a manteiga e a polpa do melão. Incorpore as pecans picadas. Coloque a massa numa forma de pão bem untada. Asse em 350ºF/ 176ºC por mais ou menos 50 minutos.

um bom motivo

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As batatas, orgânicas e fresquinhas, chegam sujas assim. Mas isso não é nada. Basta um pouco de água e uma boa esfregada com as mãos e a terra toda desce ralo abaixo. O pior são as folhas, muitas, imensas, que é preciso olhar bem, lavar bem, ter muito cuidado, porque ninguém quer encontrar intrusos alienígenas na salada. E todos os legumes vêm com cabos e folhas. O milho vem na palha, que quando se abre encontra-se sempre lá, confortavelmente alojada, uma lagarta. Tudo precisa ser muito bem esmiuçado e muito bem lavado.

Outro dia, conversando com o Uriel sobre o ritual da cesta orgânica das segunda-feiras, me perguntei por que eu faço isso toda semana há tantos anos? Vou lá na fazenda buscar a cesta, volto e me ponho a lavar e organizar tudo, depois tenho que pensar no que fazer com os legumes e verduras, alguns não muito comuns, que nunca fizeram parte da minha dieta. Por quê?

Porque eu acredito no que estou fazendo. Porque quero comer saudável, quero proteger o meio ambiente, quero apoiar a agricultura local e quero consumir alimentos orgânicos, frescos e sazonais. Eu quero e acredito, e é por isso que me dou todo esse trabalho. Toda semana.

só me restaram as flores

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Fui toda pirilampa buscar minha cesta orgânica semanal na fazenda da UC Davis, já antecipando as lavagens e tais. Nem lembrei que não tinha recebido naquele dia a mensagem que sempre recebo, contando um pouco sobre a semana na fazenda, o que está por vir, quem colheu o que com cuidado e carinho e a esperada lista dos produtos. Não lembrei também que já tinha recebido a mensagem do final do quarter de inverno e perspectivas para o quarter de primavera, com custos, calendário, eteceterá. Por causa do sambalelê em que minha vida se transformou nas últimas semanas, não lembrei de nada, fiz o que sempre faço automaticamente e como já fiz antes, cheguei na fazenda e encontrei tudo vazio. Elementar minha cara, a cesta está no spring break, junto com a massa de estudantes que simplesmente desapareceu do campus depois do estresse do exames finais. Minha vida segue mais ou menos o ritmo do sistema de quarters [trimestres] da universidade. Quando as aulas começam, me atrapalho manobrando a bicicleta no meio da horda de gente também bamboleando ou fazendo tolices em duas rodas, gente falando no celular, correndo, carregadas de livros, pratos ambulantes, milhares de copos gigantes cheios de café, fones de ouvido, laptops. Quando os estudantes têm um break, tudo muda. Minhas pedaladas na segunda-feira foram tranquilas, por um campus vazio, ouvindo apenas uma barulheira de passarinho, recebendo uma chuva de flores nos ombros, com as alergias borbulhantes, sol aquecendo a alma, doce aroma da nova estação. Que surpresas terei quando a cesta orgânica voltar, junto com os estudantes, no último dia de março?

cansada, eu?

Passei o final de semana organizando a casa. É aquele ziriguidum que acontece uma ou duas vezes por ano. No sábado eu arrumei tudo o que precisava ser arrumado na parte de baixo da casa. Pilhas de livros na cozinha, uma pilha de papéis pra jogar fora e outra pra guardar, geladeira cheia de produtos com data de validade expirada, gaveta com condimentos que precisavam ir pro lixo. O Uriel me ajudou esvaziando e lavando o que iria ser reciclado. Nosso container de recicláveis nunca ficou tão cheio. E tinha cacarecos mil na lavanderia. Nem cheguei na garagem, pois lá preciso de mais um dia. No domingo me concentrei no closet e armários e gavetas de roupas, depois entrei no mundo encantado de papelada do escritório. Cansei, fiquei mal humorada e com dor nas costas, mas botei ordem no que queria colocar. Segunda-feira na hora do almoço estava trocando as roupas de cama e de banho, trocando também a capa do edredon e dos vários travesseiros que enfeitam a cama. Ainda falta organizar as contas do mês, que eu faço online. Comecei a semana esbagaçada. Como segunda é também o dia da cesta orgânica e o Uriel ligou avisando que iria ter que jantar rapidamente e voltar pro trabalho—o que não é algo inédito na rotina dele, eu fiz o prato coringa que sempre faço quando estou com pressa, quando preciso de um conforto: macarrão ao alho e óleo com bastante salsinha e queijo parmesão ralado na hora. Tive que tristemente reciclar dois maços gigantes de verduras da cesta. Ainda sobrou mais um chard colorido, outra verdura arrocheada, mais uma acelgona, alface e rúcula. Vieram também rabanetes e nabos. Nabos!! Nabos?? For Pete's sake, onde estão as cenouras??

na cesta

freshbabyportabella
darkgreenbeans
lastfigs
baby portabellas, dark green beans, figs

vai começar o ano!

Estava lendo o delicioso post da Valentina, sobre o seu linguine com butternut squash e parmesão, e não pude deixar de pensar que simplicidade é TUDO! Tenho refletido muito sobre isso nesses dias, porque tenho cozinhado pouquíssimo, tenho tentado gastar os ingredientes que estão na geladeira e me preparar para a volta da minha cesta orgânica, que esteve de férias por três semanas. Na hora do almoço recebi o e-mail da fazenda, listando os produtos que vão chegar e fiquei felicíssima com o conteúdo da cesta que ainda não peguei. Vai ser uma alegria lavar e guardar todas esses legumes e verduras saudáveis e frescos e depois planejar o que fazer com eles. Pensando nisso, e olhando a foto do linguine da Valentina tão lindo, majestoso e apetitoso em toda a sua simplicidade, cheguei a conclusão que gosto muito dessa maneira de cozinhar, que não envolve grandes peripécias, nem ingredientes carésimos e raros, mas que é a melhor comida do mundo, porque é fresca, foi feita e vai ser degustada num breve período de tempo, não causou alvoroço, mas deu muito prazer e ainda contribuiu para a nutrição caprichada do nosso corpão! Hoje vai ser uma noite especial, com um jantar especial, feito com amor - como foram colhidos e empacotados os produtos pelo Raoul, Rachel, Dori, Catherine e o Scott - e com simplicidade. Batatas, cenouras, limões, alho, cebola, brócolis, repolho, couve, beterrabas, rabanetes negros, nabos e abóboras - olá! iuuuurúú!!

Outono ou inverno?

Muita gente diz brincando que Davis tem duas estações—verão e inverno. A primavera até que é longuinha, mas o outono, não sei, passa voando. Um dia estamos com uma jaqueta leve, um xale ou uma echarpe esvoaçante e de repente - pumba - já estamos embrulhados em mil camadas, casacos, luvas, cachecol, touca. Hoje vesti uma touca de lã voltando do almoço, pois estava duro de bicicletar no chuvisco gelado. O cara que cantou que iria pra Califórnia viver a vida sobre as ondas certamente rumou para o sul e não aqui para o norte, onde não dá pra pegar praia nem no verão e o inverno é chuvoso e cheio de nevoeiros. Mas temos San Francisco, Napa Valley e Lake Tahoe pra compensar!

Todo ano eu demoro mesmo é pra acostumar com a noite chegando às 4:30 da tarde, como hoje. Vou buscar a minha cesta orgânica à noite! É demais. Parece que já é muito tarde e dá um desânimo ter que lavar aquele monte de verduras—porque com o frio chegam as folhas verdes—swiss chard, espinafre, alface lisa e crespa, rúcula, red russian kale, bok choy, acelga, repolhos, collards, chicória. E aí é um tal de lava, lava, lava, lava, lava, lava....

quanta abobrinha!

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Eu estou me surpreendendo este ano. Estou usando todas as variedades de abobrinhas que estão vindo aos montes na cesta orgânica. Essa amarela eu coloquei num stir fry.

toda segunda é dia das verduras

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Toda segunda eu saio do trabalho e vou pegar minha cesta de produtos orgânicos na fazenda da UC Davis. Os legumes e verduras foram colhidos pela manhã, são locais, de temporada, não dá pra ser mais ecológico e mais saboroso. Dentro da cesta sempre vem um bilhetinho comentando do tempo, dos acontecimentos da semana, listando o que vem na cesta, quem foi que colheu e dando uma receita legal, sempre vegetariana, para o uso de um dos ingredientes. Nesta semana por exemplo veio dois tipos de melão - amarelo e laranja super perfumado, batatas, couve suiça, cebola, alho, basilicão, abobrinha verde e amarela, vagens chinesas [lem longas], berinjela roxa e branca, tomatillo, tomates, tomates cereja, pimentões verde, vermelho e amarelo, pepinos e quiabo.

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A receita dessa semana foi de summer vegetable ratatoille. E sempre que a cesta chega é essa xeretação dos gatonildos desta casa. Não sei o que é, mas eles ficam cheirando por um tempão e o Roux, o doidão, come algumas folhas, principalmente quando vem milho, que ele adora aquela folhagem áspera... ai!

salada de batatas ao iogurte

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Quando eu começo a receber batatas na cesta orgânica, fico entusiasmadissíma, pois essas são as batatas mais saborosas que existem. Colhidas de manhã cedo, preparadas e devoradas à noite, não tem igual! Eu normalmente faço receitas simples com elas, porque se encher muito de coisarada e tempero acaba escondendo o sabor natural. Geralmente eu corto elas ao meio e refogo no fogo alto, em bastante azeite, até ficarem crocantes. Ou faço uma salada, cozinhando as batatas cortadas e depois temperando com uma mistura de maionese, limão e mostarda. Ontem resolvi inovar e fiz a salada de uma maneira diferente.

Cozinhei as batatas com casca em água por uns 20 minutos. Escorri e deixei esfriar. Com o cozimento, a casca racha e abre, o que facilita o despelamento. Enquanto a batata esfriava preparei um molho. Numa vasilha coloquei três colheres de sopa de iogurte natural, uma colher de sopa da maionese, uma colher de chá de mostarda picante, sal, um fiozinho de azeite. Misturei bem com o batedor e acrescentei uma colher de sobremesa de queijo parmesão ralado e bastante garlic chives [*alguém sabe a tradução para o português desse cebolinha bem fininha?]. Misturei bem e deixei separado. Descasquei as batatinhas com as mãos. Não me preocupo muito se ficar uma casquinha ali, outra aqui. Coloquei as batatinhas descascadas no molho e misturei bem para incorporar. Servi acompanhando umas salsichas recheadas com maçã, que eu cozinhei na água e depois fritei ligeiramente no azeite.

enquanto cozinho a sopa

Eu sempre fui encanada com comer direito e natural. Passei uns quinze anos da minha vida, entre a infância e a adolescência, lutando contra um nojo que tomava conta de mim e que não me deixava comer carne, frango, peixe, ovos ou leite..... Do jeito que eu comia, praticamente obrigada pela minha desesperada mãe, nem sei como cresci e fiquei alta. E de repente, durante os últimos anos da minha adolescência, me deu o cinco minutos e eu virei natureba. Era uma saída para a minha repugnância com relação à toda comida derivada de animais. Virei uma comedora de pão, cenoura, sopa de missô e macarrão alho e óleo. Só depois de muitos anos, já mãe do Gabriel, é que fui devagarzinho voltando a comer os bifes da vida. Hoje eu como de tudo, menos coisas muito exdrúxulas é claro, mas não perdi a mania de comer natural, orgânico, evitar óleos, açúcares, ler maníacamente rótulos de qualquer produto para ver o conteúdo.

Por causa disso, toda segunda-feira eu encosto a barriga na beira da pia e fico com dor nas costas lavando verduras e legumes. Isso é coisa que só os naturebas freaks fazem aqui neste país, onde tudo é industrializado e muito mais fácil e prático, pois ninguém tem tempo de nada, muito menos de ficar lavando folhas de salada. Mas eu arranjo um tempo e faço questão de comer o máximo que puder sem aditivos químicos.

Hoje tive que fazer um sopão e vou congelar brócolis e couve-flor cozidos, porque tava acumulando tanto desses legumes dentro da geladeira que já estava dando dó. E toda semana eu jogo fora umas verduras que nem tenho mais idéias de como cozinhá-las. Esse desperdício involuntário e cheio de sentimento de culpa é a consequência de querer ter uma vida além da minha capacidade. Sem falar que além da lavação ainda tem os sustos de achar bichos estranhissímos residindo nas alfaces e repolhos. Um dia eu desisto dessa história, mas até esse dia chegar, vamos comendo nossas saladinhas, refogados e sopas com verduras e legumes fresquinhos.

O duro é meus amigos me aturarem, pois toda vez que eu sirvo alguma coisa, lá vem a frasezinha - "é orgânico!" - como se alguém desse a mínima!




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