Happy Thanksgiving!
—a dona do avental

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summer days —tomato time

High SummerHigh Summer
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alguém na cozinha

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Essa imagem é uma daquelas visões que enchem o seu coração de amor e conforto. Alguém na cozinha preparando alguma coisa pra você comer [ou lavando a louça enquanto você termina de bebericar o vinho]. Neste dia, jantamos no quintal e meu marido entrou para preparar a sobremesa—sorvete de chocolate com shrub de cereja e morangos frescos. ♥

༺♥༻ Happy Thanksgiving ༺♥༻

thanksgiving morning
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lthanksgiving morning
from my kitchen to you!

três gatos [na cozinha]

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Roux — Sequel & Tim

[ t h a n k f u l ]

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minha cozinha na manhã do Thanksgiving

kitchen—1949

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Gosto de tudo nessa foto. Além da geladeira e da cozinha minúscula tipo corredor, gosto também da sandália, da saia estampada, do cabelo. ♥

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Este foi o primeiro jantar de Thanksgiving completo que fiz sem substituir o peru por bacalhau e convidando amigos, não só improvisando algo para a minha micro família. É trabalhoso cozinhar um cardápio com tantos ítens, mas com a ajuda do meu atencioso marido que deu duas mãos nas preparações e na limpeza, correu tudo relativamente bem. Aproveitamos muito o dia na companhia do Gabriel e dos nossos amigos Leila, Peter e Christopher. E o jantar ficou muito bom. Fiz cranberry sauce, batata doce caramelizada, batata roxa cozida, farofa de milho, farro com cogumelos e espinafre, purê de batata, salada de folhas verdes com laranja e romã e o imprescindível peru, que foi marinado no vinha d'alho coberto com fatias de bacon e assado coberto por quase quatro horas. Para beber vinho petite sirah local e prosecco. De sobremesa, gelatina de cranberry e maple, cheesecake de abóbora e chocolate e torta de maçã feita pela Leila com as maçãs colhidas pelo Christopher. Estava tudo uma delícia. Many thanks e vamos repetir essa festa no próximo ano.

many many many thanks!

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Hoje minha cozinha vai funcionar à todo vapor. Todo ano eu gosto de fotografá-la para marcar essa celebração que eu adoro e que considero a melhor de todas. Happy Thanksgiving! * O gato que sempre aparece nas fotos desse dia, está dormindo numa caminha embaixo da ilha.

a cozinha moderna — 1942

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clique nas fotos para ver o original

in the old [old] houses

Quando tomamos a decisão de mudar para Woodland, eu fiquei um pouco receosa de vir morar numa cidade mais tradicional, contrastando com a atmosfera liberal que sempre vivenciei em Davis. Eu sabia que aqui iria ser diferente—sem as hordas de estudantes jovens e moderninhos, sem a população internacional itinerante, sem o farmers market bacanão e ultra famoso, sem as festas da universidade, eteceterá, eteceterá. Na época duas pessoas me falaram coisas que na hora não fizeram tanto sentido, mas que agora estão fazendo. Primeiro foi o mocinho que fez a inspeção da venda da nossa casa em Davis que me disse—vá para Woodland com a cabeça aberta, que tenho certeza que lá você vai encontrar a sua tranquilidade. E depois foi o meu marido que me disse—você vai fazer com Woodland o que fez com Davis, vai descobrir mil coisas legais e escrever sobre elas no blog, vai até deixar gente com vontade de vir conhecer a cidade. Não sei se Woodland entraria no badalado circuito turistico internacional, mas eu com certeza encontrei aqui muita coisa que nem estava procurando.

Essas fotos logo abaixo são de um passeio que fizemos em setembro de 2011 pela nossa vizinhança. É um evento já bem estabelecido e que acontece todos os anos, chamado de Stroll Through History. Durante um dia as pessoas fazem excursões pelo centro e vizinhanças históricas da cidade. Os visitantes andam pelas ruas acompanhados de arquitetos e historiadores, que vão contando histórias sobre a cidade e sobre as casas e as diferenças de estilo e de época. Temos muitas casas vitorianas aqui em Woodland e muitas são extremamente bem preservadas. E outras tantas casas de muitos outros estilos. Uma delas é a minha, construída em 1948 em estilo inglês colonial. Mas o mais legal desse evento é que muitas casas abrem para o público pagante e podemos entrar nelas e xeretar por dentro. Elas são super bem decoradas, algumas com mistura de coisas antigas e novas, outras bem tradicionais, com a proprietária velhinha te recebendo na sala e contando histórias de família. Em muitas das casas somos recepcionados pelos donos e voluntários do evento vestidos de acordo com a moda da época. No quintal tem bandas tocando música, você pode até dançar. Visitamos todas as casas do circuito, mais as que estavam abertas para venda e duas extras, que o guia arquiteto descolou para o nosso grupo conhecer. As pessoas realmente vivem nelas, e podemos ver a cozinha com os utensílios diários, a mesa de jantar arrumada, a sala com piano onde a família se reune. Todas as casas são realmente magnificas. Passamos o dia nesse trancetê e no final da empreitada olhamos um para o outro sorrindo e tivemos a mais absoluta certeza de que nos mudamos para o lugar certo.

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»tirei umas 98765 mil fotos com o meu iphone durantre o evento, que foi das 8 am às 5 pm e tive que escolher apenas alguns pares delas. mas consegui fazer um pequeno patchwork com as que mais gostei—casas vitorianas com coleção de xícaras clássicas, outra com a cozinha toda decorada com uma coleção infindável de alcachofras, a parede coberta de utensílios culinários antigos, uma varanda com rede, a salinha de estar da casinha da década de 20 que tinha uma adega com bar no basement, o fogão vintage recondicionado, o quarto minimalista da casinha moderna de 1912, e algumas fachadas das lindas casas dessa vizinhança super arborizada.

um banquete na era Tudor

Na sequência do documentário sobre a história da cozinha com a Lucy Worsley, assisti a essa outra realização de um grupo de arqueologistas e historiadores ingleses, que decidiram recriar um banquete da era Tudor. Eles fazem tudo numa cozinha da época, com ingredientes similares e usando as mesmas técnicas—desde trazer a água do corregfo, até acender o fogo usando pedras, moer o açúcar, pescar, caçar, eteceterá. Cozinhar naquela época não era tarefa para os fracos. Na cozinha dos aristocratas abundava mão-de-obra, queimava-se muita madeira e algumas das mais simples tarefas poderiam levar muitos dias para serem concluídas. No final servia-se um banquete inigualável. Assista os quatro segmentos de 15 minutos cada para participar dessa excursão virtual pela cozinha laboriosa do século XV.


parte 1


parte 2


parte 3


parte 4

a história da cozinha [inglesa]

a historiadora Lucy Worsley não é apenas a chefe curadora da organização Historic Royal Palaces, que cuida da Torre de Londres, do palácio de Hampton Court, dos apartamentos do Kensington Palace State, a casa de banquetes em Whitehall e do palácio Kew em Kew Gardens. Ela também escreve livros e protagoniza séries para a BBC. Worsley tem apenas 37 anos e está causando um furor nos meios acadêmicos britânicos pela casualidade com que ela aborda temas delicados como a história da intimidade da humanidade. Ela fala de camas, fogões, banheiras e privadas com a mesma natualidade com que fala da arquitetura e arte. Fiquei absolutamente encantada com a figura dessa historiadora depois que ouvi uma entrevista com ela na rádio pública americana, a NPR. Fui procurar o livro dela—If Walls Could Talk, an Intimate History of the Home, e achei as séries que ela fez para a rede de televisão britânica BBC4. Escolhi colocar aqui o episódio sobre a evolução da cozinha, que é o mais interessante. Mas ela também examina a evolução do banheiro, do quarto e da sala de estar. Vale a pena ver todos os episódios, que estão disponibilizados no YouTube em sequências de mais ou menos 15 minutos cada.


parte 1


parte 2


parte 3


parte 4

thanksgiving morning

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so many thanks to give today!

Margarete's Kitchen [1914]

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clique para ver maior

uma mulher alta

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A grande Julia Child na sua pequena cozinha francesa.

o〔♥〕da casa

A cozinha, é claro! Ela foi um dos motivos que nos fez decidir comprar uma casa de sessenta e três anos com muitos probleminhas e estranhezas arquitetônicas, em detrimento de outras ultra modernas e funcionais que estavam disponível no mercado pela mesma faixa de preço.

Foi enquanto conversava com o nosso corretor e o Gabriel em pé no meio da cozinha, que tive certeza de que era ali mesmo o meu lugar. Uma cozinha perfeita para uma Julia Child wanna be como eu!

A cozinha foi modernizada, mas apenas em termos. Os armários são originais, feitos com madeira de verdade, coisas dos tempos antigos construidos para durar pra sempre. Os espaços são menores—o do fogão e da máquina de lavar louça, por exemplo e não há conexão pra água atrás da geladeira [e portanto adeus água filtrada e gelinho]. Os armários não são tão grandes como os da outra casa, em Davis. E tudo é bem mais baixo, incluindo a bancada e a altura dos armários. Por isso a batedeira teve que ficar sobre outro móvel. Mas todos esses detalhes foram completamente contornáveis.

O que eu mais gostei nessa cozinha foi a parede toda de janelas e a ausência de espaço pra colocar cacareco. Minha coleção de galinhas se aposentou pra dentro de um armário e não tenho mais jarras e sopeiras à vista. Não há parede pra pendurar enfeites e minha coleção de pratos antigos ainda está encaixotada. De uma certa maneira isso deixou o ambiente muito mais clean e agradável. E eu gostei. O lustre de mosaico que veio com a casa ia ser trocado, mas acabou ficando. A ilha de trabalho em frente da pia tem sido um salva-vidas, já que a bancada é um pouco baixa pra minha altura. Quis tirar o lixo do armário embaixo da pia e estou gostando de ter uma lata com tampa ao lado da bancada. E o tapete é de plástico!

Mudei algumas coisas no visual da minha cozinha e estou realmente contente. Ainda falta instalar a conexão de gás e trocar o fogão. Mas vamos aos pouquinhos. Umas coisas engraçadas nessa cozinha são um pequeno armário para colocar condimentos, que eu achei completamente estranho, pois fica do outro lado bem longe do fogão. E a despensa, que foi improvisada num espaço onde passa os encanamentos do aquecedor e ar condicionado da casa. E também tem o basement, que não é uma coisa muito comum nas casas aqui da Califórnia. Mas eu tenho um, onde está uma geladeira extra e muitas prateleiras lotadas com todas as coisas que não acharam espaço disponível dentro da cozinha.

No dia em que resolvi tirar as fotos da cozinha pra publicar aqui, não arrumei nada, nem fiz preparativos especiais. Depois fiquei com muita raiva de mim mesma e da minha displicência, pois pude ver que tinha louça suja na pia, um monte de coisas fora do lugar, incluindo a escadinha vermelha que o Uriel tinha acabado de usar pra trocar uma das lâmpadas do teto que estava piscando. Mas depois pensei, é isso mesmo! Minha cozinha é assim na vida real. Não é cenário, nem material pra revista de decoração, mas é o lugar onde eu passo um bocado de tempo e é certamente o coração da casa.

[*super obrigada a todos que deixaram comentários nas fotos da minha cozinha-caverna!]

dream kitchens [of 1939]

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[all images from Lileks]

um fogão elétrico

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O fogão veio com a casa e, ao contrário da máquina de lavar louça, está em ótimo estado. Pelas condições do forno dá pra concluir que ele é quase novo. Mas é um fogão elétrico. Desde os meus anos canadenses que eu não colocava uma panela sobre o queimador de um fogão elétrico. E digo mais, nunca senti saudades de fazer isso. E digo mais ainda, detesto fazer isso. Quando vi o fogão elétrico na cozinha da casa nova já fui avisando—vamos trocar por um a gás! Infelizmente não vai ser tão simples assim, pois não há conexão pro gás atrás do espaço do fogão e vamos ter primeiro que chamar um encanador, furar parede, puxar cano, eteceterá-eteceterá. Já vi até o tipo de fogão que quero comprar, mas ainda não comprei.

Enquanto isso, vou ter que ir me virando com esse fogão mesmo. E estou fazendo com muito cuidado, porque fogões elétricos são o instrumento perfeito para se queimar comida e encrustar panelas. Como tive muitas esperiências deprimentes no passado, estou praticamente pisando em ovos. No primeiro dia na casa tostei umas fatias de pão de azeitona numa frigideira vintage que tenho e que foi a única que achei no meio das 9854 caixas fechadas. Preciso dizer que tive que usar a esponja de aço pra limpá-la. E imediatamente acendeu a luz vermelha de alerta! Depois assei cenouras, fiz uma quinoa com camarão frito, preparei risoto e sopa de lentilhas, assei frango com gengibre e cebola e até cozinhei macarrão. Com o cuidado que estou tomando foi tudo bem até agora, só ainda não assei nenhum bolo e confesso que ainda estou um pouco receosa de fazê-lo. Espero que a conexão do gás seja uma das próximas da lista dos serviços por fazer na casa, porque neste quesito eu sou bastante conservadora—gosto de cozinhar com fogo. De outro jeito simplesmente não me parece natural.

I'm a Woodlander!

Im a Woodlander!Im a Woodlander
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Choveu no dia da mudança e eu acho que isso significará muita sorte para nós. Mas mudar foi uma trabalheira. A empresa que contratamos chegou às 8:30 da manhã com quatro funcionários, que botaram pra quebrar. Não antes de soltarem uns palavrões quando viram a quantidade de coisas pra carregar e ainda para encaixotar. Os gatos ficaram estressadíssimos e passaram o dia dentro do quarto vazio na casa velha. Só vieram para a casa nova à noite, quando tivemos a grande surpresa de ver o Misty se ajustar em menos de uma hora e o Roux quase ter um treco de tanto medo. Levou um tempinho, mas agora ele já esta novamente se sentindo em casa.

A nossa adaptação foi ainda mais fácil. Eu estava muito dividida, achando que iria sentir muito a minha saida de Davis. Quando chegamos na casa nova eu fiquei direcionando os moços descarregando as caixas e móveis na calçada da frente, bem embaixo de uma árvore. Depois da chuvarada que caiu pela manhã, o sol apareceu e estava uma brisa fresca. Foi exatamente ali que eu caí na real de como essa minha nova casa é simplesmente deliciosa. Não sei se a vizinhança toda arborizada e tranquila também contribui, mas me senti imensamente tranquila. Me senti feliz.

No dia seguinte voltei pra Davis pra pegar algumas coisinhas que ficaram pra trás, me despedi da casa, agradeci os anos tão bacanas que vivi lá, enxuguei um borbulhão de lágrimas e rumei apressadamente de volta para Woodland, onde uma desordem fenomenal me aguardava. Na primeira manhã na casa nova, não se via nem o chão nem o teto da cozinha, que abrigava sei-lá-quantas mil caixas. Como vamos colocar madeira em dois cômodos da parte de baixo, todos os móveis e outras coisaradas estão empilhados num terceiro. A única parte da casa onde dava pra caminhar razoavelmente eram os quartos e banheiro no andar de cima.

Cinco dias de trabalho duro, levantamento de peso, subindo e descendo escadas, dor nas batatas das pernas e no lombo, posso dizer que tudo já está tomando uma cara mais normal. A cozinha já está usável, apesar do fogão elétrico ainda não ter sido substituído por um a gás—mas estou prestando atenção e tomando cuidado. Já preparei algumas boas refeições. Alías, comemos em casa todos os dias, com exceção do dia da mudança, quando fomos forçados a comer fora. Não pedi pizza, não peguei take out. Minha primeira refeição na minha cozinha ainda lotada de caixas, foi uma salada de tomates com queijo e manjericão fresco e pão torrado na frigideira.

A casa é antiga e aos poucos vamos percebendo certos detalhes que antes nem pensávamos à respeito, como ter ou não ter fio terra nas tomadas. Aqui a maioria não tem. Tivemos que comprar uns adaptadores e vamos ter que chamar um eletricista pra fazer o serviço. A maioria das casas modernas tem espaços padrões pra geladeira, fogão, máquina de lavar e secar. Mas numa cozinha antiga reformada foi um suor instalar a máquina de lavar louça modernosa num espaço adaptado do tempo da onça. Mas tudo isso são detalhes que não interferem com a alegria de viver aqui—estou adorando os assoalhos rangendo quando caminhamos pela casa, a paisagem verde vista de todas as janelas, o cheiro de madeira antiga, o barulhinho do vento nas folhas das árvores, os passarinhos e o silêncio, ah, o silêncio!

»no primeiro dia bateram na porta e era a minha vizinha me recepcionando com um pratinho de cookies ainda quentinhos. ela me disse que mora aqui há 30 anos e que conheceu o dono original, que construiu a nossa casa, que morreu com 98 anos! »no sábado fui conhecer e fazer compras no Farmers Market de Woodland, que é bem modesto. mas lá comprei os morangos e as cerejas mais doces desse inicio de temporada. »nesses dias de folga nem pensei em trabalho, mas amanhã recomeço minha rotina, que não incluirá mais ir pro campus de bicicleta nem almoçar em casa. »um super feliz e comovido obrigada à todos que deixaram comentários sobre a casa!

fa la la la la—la la la la

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E o ano voou, não voou? Já estamos à poucos dias do Natal, com todo aquele burburinho, o compra-compra enlouquecido, embrulhação de presentes, listagem infinita de possíveis receitas para a ceia, férias escolares, aeroportos congestionados, tempestades de neve no hemisfério norte, calorão e chuvarada de verão no hemisfério sul, realmente nada de novo no front. Nesta mesma época no ano passado eu estava enfrentando o frio miserável em Londres para passar o Natal com a parte da minha família que mora lá. Neste Natal não nos movimentaremos muito. Eu estou totalmente dominada por uma vibe de arrumação, mudança e limpeza. Acredito piamente que o acúmulo de coisas velhas e sem uso não faz muito bem para o fluxo natural das energias cósmicas. Então passei dias colocando ordem pelos armários, gavetas e cômodos da casa. Ainda estou surfando essa onda, pois prometi pra mim mesma que vou tentar ser mais organizada e que vou tentar ao máximo facilitar o meu trabalho dentro da cozinha. Começando por dar mais acessíbilidade aos pratos, copos, talheres, panelas, travessas e outros zilhões de utilitários que se empilhavam caoticamente na minha cozinha..

Tirei meu baú de enfeites de Natal do armário e neste ano decidi fazer a decoração um pouco diferente. Enchi as meias penduradas na lareira com gostosuras, coloquei um enfeite minimalista ali, outro acolá e pronto. A grande mudança foi que resolvi montar a árvore de Natal na cozinha. Nossa árvore é clássica, artificial, bem pequena e simples e está agora posicionada em frente da janela, iluminando a entrada e facilitando a chegada do espírito das festividades, que por aqui sempre demora um pouco pra aparecer. Gostei imensamente dessa alteração da perspectiva da árvore e de tê-la presente no ambiente onde gasto mais tempo, adornando o espaço da cozinha com suas luzes, os micro papai-noelzinhos, as bolas feitas de chocolate e a guirlanda de guisos.

Não costumo prometer ou me compremeter com resoluções e decisões de final de ano. Sou mais o tipo de tomar decisões inesperadamente, de último minuto e fazer tudo como me der na telha. Mas tudo indica que terei que me organizar um pouco mais para não ser atropelada por 2011, que será um ano que promete!

2010 foi um ano bem devagar por aqui, tanto na vida quanto no blog. Penso muito sobre o futuro deste meu espaço virtual que é tão especial pra mim. Não gostaria de ver o Chucrute com Salsicha acabar indexado apenas como mais um blog de receitas. Gostaria mesmo era poder sempre oferecer uma experiência bacana, divertida e até inesperada para todos os que passam diariamente ou vez em quando por aqui. Mais ou menos como a experiência de passar pela rua e ver pela janela daquela casinha toda pintada de azul clarinho, uma árvore de natal toda piscante e iluminada na cozinha.

✴✳ Feliz Natal! ✳✴

as cozinhas de M.F.K. Fisher

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Quem conhece a grande escritora gastronômica M.F.K. Fisher vai entender o meu entusiasmo por este livro. Quem não conhece, precisa sair correndo [agora!] e ler pelo menos um texto dessa mulher. How to Cook a Wolf, An Alphabet for Gourmets, The Gastronomical Me, entre muitos outros livros da autora, são leitura imprescindível para quem gosta de culinária e gastronomia.

Já li muita coisa dela, mas corri pegar o livro da Joan ReardonM.F.K. Fisher among the Pots and Pans [Celebrating her Kitchens] na biblioteca e depois de algumas páginas lidas, comprei o volume, pra ter na minha biblioteca. Neste livro, a historiadora de culinária faz um apanhado de todas as cozinhas onde Mary Frances cozinhou em toda a sua vida etinerária, entre a Califórnia e Provence. O livro começa com as casas da infância, onde Mary Frances começou suas aventuras na cozinha. No decorrer dos anos, ela muda de cidades e de países inúmeras vezes e em muitas ocasiões se viu cozinhando num fogareiro com apenas uma panela.

Reardon descreve, não somente as cozinhas, mas também as comidas que Mary Frances cozinhava e comia. O livro é uma delícia de ler, especialmente se você já estiver por dentro dos detalhes da vida da escritora, e não precisar entender muito bem os outros acontecimentos, fora da cozinha.

As ilustrações das casas e cozinhas de Mary Frances, feitas em aquarela, decoram o livro com detalhes de delicadeza.

Queria transcrever muitas partes do livro aqui—das toalhas de mesa de linóleo quadriculado, as porcelanas decoradas com flores cor de rosas e a comida que despertou os sentidos de Mary Frances ainda criança, até o diário que ela manteve na sua última casa, onde recebia hóspedes e visitas e anotava tudo o que ela servia e o que cada um comia.

Ela nunca fez aulas de culinária, cozinhava de maneira absolutamente simples, colocando os ingredientes frescos e sazonais em primeiro plano. Sempre recusou ser rotulada com jornalista ou autora de livros de culinária. E nunca se considerou uma criadora ou seguidora de receitas, uma professora ou interprete das escolas francesas. Mary Frances era uma sensualista. Ela acreditava apenas no prazer imenso proporcionado pelo ato de comer e beber.

»tudo sobre M.F.K. Fisher que já rolou por aqui.

a cozinha da Astor House

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A cozinha da Astor House foi um caso à parte. Ficamos mais tempo lá dentro do que em qualquer outro cômodo da casa. Fiquei absolutamente encantada com a riqueza de detalhes, todos os armários devidamente estocados, utilitários, gadgets, lavadora de roupa, telefone, panelas, formas, até dois cortadores de dedo, ops, mandolines gigantes, que nos fizeram gargalhar—imagine eu usando um desses! O mais legal dessa cozinha, além de poder fotografar, é que pudemos mexer em tudo, abrir gavetas, folherar livros, xeretar em todos os cantinhos, até cheirar as especiarias numa lata grande de metal pintada a mão que acomodava várias latinhas com temperos. Fiquei rodopiando pela cozinha por um tempão, como uma galinha bêbada e depois que visitei o restante da casa, voltei para mais uma rodada de olhadas e bisbilhotadas. Não sei se eu gostaria de cozinhar numa cozinha dessas—bem moderna para a época, mas inviável para os nossos hábitos práticos de século 21. Cozinhar dava muito trabalho! Mas o empenho de preservação da história é algo fascinante. Imagino que a maioria das pessoas que visita esse tipo de museu se concentra mais em outras partes da casa, como as salas, os quartos, a biblioteca. Mas eu, se não vejo a cozinha e a despensa, fico realmente frustrada. Nesse passeio que fiz ao Colorado, pude visitar duas cozinhas de duas casas do século 19—a chiquérrima da ricaça Molly Brown em Denver e essa pensão simples, porém incrívelmente equipada, em Golden.

very grateful

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O Thanksgiving é a celebração que eu mais gosto, porque não é nada mais que reunir a família, comer coisas gostosas e agradecer por tudo que temos. E eu só tenho o que agradecer. Neste ano teremos um almoço aqui em Davis, na casa do meu filho. Eu já preparei minha sobremesa e às onze da manhã a Marianne vai colocar o seu famoso peru, que é assado lentamente besuntado na manteiga e ervas, no forno. Para o blog, eu sempre tiro essas fotos matinais da minha mesa de trabalho, que é a minha mesa da cozinha. Adoro passar minhas manhãs ali, lendo e fazendo planos culinários. Um feliz Thanksgiving para todos e muito, muito obrigada por tudo!

a cozinha da nossa casa

É notório o desdém que Julia Child tinha pela cozinha italiana, que ela considerava desinteressante. Mesmo assim, ela e Marcella Hazan sempre mantiveram um relacionamento amigável. Hazan é considerada uma autoridade em culinária italiana e a responsável por introduzir as técnicas tradicionais dessa cozinha nos Estados Unidos e Grã Bretanha. Hazan é para a culinária italiana, o que Julia Child é para a francesa. Com o pequeno—porém notável—detalhe que Julia não era francesa, mas Marcella é uma italiana, nascida em 1924 na vila de Cesenatico, na região da Emilia-Romagna.

Por mais que eu adore a Julia Child, tenho que discordar da opinião dela com relação à comida italiana e ficar totalmente ao lado da Marcella Hazan. Em The Classic Italian Cook Book, seu primeiro livro de culinária publicado em 1973, Hazan bota os pingos nos is com relação à mal interpretada comida italiana, que não consiste apenas do batido espaguete com porpetas ou da inevitável polenta. Ela afirma que o termo "comida italiana" é totalmente equivocado, pois a Itália é um país dividido em muitas regiões, cada qual com suas caracteristicas e sua cozinha especifica. Ela diz que a única cozinha que pode ser considerada a verdadeira cozinha italiana é la cucina di casa, ou seja, a comida que se prepara rotineiramente nas casas italianas. Nós, brasileiros, sabemos muito bem como funciona essa história de culinária regional, e eu que cresci numa casa brasileira totalmente influenciada pelos meus antepassados italianos da região da Basilicata do meu lado materno, percebi bem cedo a predominância dessa culinária regional italiana na minha família. Nas festas sempre apareciam muitos pratos tradicionais, adaptados aos ingredientes brasileiros.

Os ingredientes que sempre predominaram na cozinha e na despensa na casa dos meus pais e dos meus tios e tias, são os mesmos que Marcella Hazan explica em detalhes no seu livro. Estou encantada. Vou comentar sobre o que já li até agora, na sequência.

A cozinha do Mosteiro de Mafra

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No Mosteiro de Mafra, fiquem encantada com a cozinha dos frades, toda equipada com tachos de cobre medievais. Fotografei alguns detalhes até que fui alertada que "não pode tirar fotografias". Então fechei a câmera, desconsolada....

a bat caverna

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O lugar mais bagunçado da casa, porém o meu favorito. E o favorito dos gatos também. Clique na foto para ampliar e ache o gato Roux nessa confusão toda!

A cozinha da Alice

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Alice Waters vive na mesma casa há 23 anos. É uma casa pequena e estreita, construída em 1908. O coração da casa é com certeza a cozinha—um espaço que reflete o compromisso de Alice com a simplicidade. Ali não há forno de microondas, nem mesmo um processador elétrico de alimentos. O utensílio mais moderno presente na cozinha de Alice é um pequeno forninho elétrico, que ela pintou de verde escuro, para combinar com a cor das paredes.

Os dois fornos à lenha e o forno aberto tipo lareira, instalados na parede de um dos lados da cozinha no espírito de Lulu Peyraud, são os itens favoritos de Alice. Ela também gosta dos batedores de arame, das facas de qualidade, das caçarolas de terracota, das panelas não aderentes, especialmente as de cobre e ferro. Mas a peça que Alice mais adora é o pilão. Alice não vive sem seu pilão.

No lado mais ensolarado da cozinha fica uma mesa grande e oval, com tampo de mármore, rodeada de cadeiras de madeira descombinadas. Num canto, um armário alto abriga uma coleção de pratos grossos de cerâmica e cumbucas francesas para café com leite, em diferentes estilos, mas combinando harmoniosamente. Uma janela tripla oferece uma visão do quintal e da horta de Alice. Livros antigos de culinária, livros de arte, cestas e garrafas de vidro ajeitam-se numa prateleira logo abaixo das janelas. Nas paredes há pinturas e fotografias—uma delas do elenco original da trilogia de Marcel Pagnol.

No meio da cozinha fica uma bancada pequena, estreita e ergométrica, com uma pia funda de cobre e prateleiras cheias de vasilhas, pratos e panelas. Ao lado do enorme forno profissional, uma grande superfície de trabalho com espaço para os convidados de Alice, que sempre acabam ajudando a preparar a comida. A cozinha também tem um piso de carvalho tingido de verde oliva, que é a cor favorita de Alice.

*Fotos do livro Great Kitchens – At home with America’s top chefs.

I'm thankful for ...

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Meus ursos arcanjos — que me amam incondicionalmente e aturam meu mau humor;

Minha família — que me acha uma estrela;

Meus amigos — que não me deixam derrubar a peteca;

Meus gatos — que me fazem rir sempre;

Computador — meu contato com o mundo;

Telefone — que me traz o som de tantas vozes familiares e amigas;

Água quente — que me ajuda a meditar;

Minha casa — com muita luz e espaço para meus livros, filmes, discos e nada mais......

quem tem gatos...

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...está arriscado a entrar na cozinha e dar de cara com uma cena como essa. haja toalhinhas e sprays desinfetantes, hein? aarfe! quem é a criatura atrevida? o único capaz dessas petulâncias—o Roux, é claro!

minha cozinha social

Tenho memórias de muitas cozinhas, tanto nas diversas casas que morei durante a infância e adolescência, quanto nas minhas moradas de pessoa jovem casada com filho. Na minha primeira casa de pessoa jovem casada com filho, a geladeira era bem pequena, o chão era cor de ferrugem e as paredes tinham azulejos decorados com tons de beige e marrom. A pia tinha um tampo de mámore cor de gelo e era pequena e baixa para a minha altura. Eu sempre ficava com a barriga molhada enquanto lavava coisas. O fogão era o mais chique, presente de casamento que destoava de tudo mais. Nessa cozinha pequena eu fiz muita comida ruim, joguei muita comida fora, lembro de um frango inteiro indo pro lixo, pois achei que o cheiro estava estranho. Nessa cozinha eu fazia as papinhas de legumes sem carne pro Gabriel e ele comia sentado num cadeirão. Um dia eu fui pra universidade e esqueci no fogo uma leiteira com água esquentando uma mamadeira. Estava no meio da aula quando me deu um click. Voei aos passos triplos pelas ruas, correndo como uma enlouquecida. Cheguei em casa esbaforida e cega de pavor e encontrei a panela ainda no fogo, chiando. A base da mamadeira derreteu e a leiteira ficou imprestável, mas a casa não pegou fogo. Ali uma vez eu cozinhei feijão numa das centenas de infrutiferas tentativas de fazer um feijão bom. Deixei a vasilha esfriando em cima da mesa e o Gabriel foi lá e virou tudo no chão cor de ferrugem. Era tarde da noite, o guri acordado aprontando todas, um disco da Yoko Ono tocando e eu lavando o chão, louca da vida e rindo ao mesmo tempo, porque as crianças às vezes fazem a gente rir nas horas mais insólitas. Era um prédio de quatro apartamentos por andar, um de frente pro outro, as portas da frente e as cozinhas. Da janela da minha cozinha eu via a cozinha do vizinho, que era um jogador do Guarani Futebol Clube chamado Banana. Apelido Banana, pois acredito que ele deveria ter um nome normal como Sérgio Wanderlei ou Márcio Roberto. Pois naquele ano o Guarani estava na crista da onda e o Banana estava deslumbradão e pimpão com a possibilidade de "make it big", ganhar muitos milhares de Cruzeiros, ficar famoso, sair na capa da revista Contigo. Enquanto eu cozinhava minhas gororobas destinadas ao lixo, as papinhas do Gabriel ou lavava as louçinhas, ouvia o Banana bradar lá do outro lado do edifício, pra mulher dele que cozinhava, o que ele iria fazer com a grana que estava entrando. Abraçava a mulher, olhando de soslaio pra ver se eu estava ali na minha cozinha para poder ouví-lo—MULHER, PREPARE-SE POIS VOU TE COMPRAR UM ANEL DE DIAMANTES! Um diamante é para sempre, mas a onda de sorte e prosperidade do Guarani e do Banana não parece ter durado muito.

I'm thankful for everything

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de onde eu chucruto...

Hoje que eu poderia dormir muito, o quanto quisesse, sem horários, estou acordada e alerta desde às 7am. Levantei, fazer o quê? É o hábito. Estou pensando no ranguinho de Thanksgiving, na viagem do meu filho, na minha viagem. Eu não gosto de viajar e não viajo bem, então tudo relativo ao trajeto vira um estresse. Mas hoje é dia de agradecer, e eu certamente tenho MUITO pra dizer obrigada! Estou com uma leve dor de cabeça causada pelos inúmeros copos de vinho - delicioso Zinfandel, que bebi na festa da minha amiga. O Roux corre atrás do Misty, depois chora quando é enjeitado, o Uriel ainda dorme, o céu está azulzinho, está 6ºC lá fora, estou de roupão de fleece quentinho, pantufas, descabelada, chucrutando da mesa da cozinha, de onde eu sempre chucruto, e vocês podem ver nas fotos.

—o que você vê: comprei o novo Joy of Cooking depois de ler a review da Elise. eu tenho a edição de 1975, que é bem mais magrinha que essa. o californiano Ghirardelli faz um excelente chocolate, da mesma qualidade dos suiços e franceses. minha bolacha favorita que eu como pela manhã, toasts de anisete. mais uma geléia, essa austríaca de wild lingonberry achei no World Market. revistas com as receitas que vou tentar fazer hoje. os limões meyer, meus favoritos. o meu gato Misty. o iBook de onde eu olho para o mundo.

as panelas da Julia

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Um pedacinho da cozinha de Julia Child está na exposição permanente do Copia. É um painel, onde ela pendurava algumas de suas panelas e formas. Seu marido, Paul, projetou a cozinha na casa de Cambridge, Massachusetts em 1961. Ele teve que adaptar a pia e bancada à altura de Julia, que tinha meros 6'2" - 1,89m. Nesse painel que está hoje no Copia, Paul delineou o formato de cada panela com caneta, assim Julia poderia achar mais fácil o lugar de cada uma.

A cozinha de Julia Child foi doada para o Smithsonian National Museum of American History em Washington, D.C., e pode ser explorada online no website do Julia Child's Kitchen at the Smithsonian. Vejam nas fotos da cozinha completa, tirada ainda na casa de Julia e Paul, o painel com as panelas que hoje pode ser visto no Copia.

esse rango sai ou não sai?

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Eu amo os animais. Passei isso pro meu filho, que tem uma compaixão incrível e um jeito com os bichos que é de cair o queixo. Ele e a Marianne também têm dois gatos, o Tim e o Sequel. Aqui em casa eu dou risada da hora em que acordo até a hora em que vou dormir por causa dos meus gatos, Misty e Roux. Bicho é o melhor desestressante que existe. Se você está de mau humor, preocupada, chateada, com aquela cara de bunda, eles te desarmam com um pulinho, uma cara engraçada, uma estrepolia qualquer. Aqui o gato que me tranforma numa perfeita boba é o Roux, que é super carinhoso e anda atrás de mim o tempo todo. Se eu estou por perto ele nem dorme, pois precisa estar presente e atento à todos os meus passos, embora ele finja muito bem que não está nem aí. Meus gatos não gostam de colo, nem de ser agarrados, mas têm cada qual as suas particularidades simpáticas de personalidade. Hoje o Roux sentou-se à mesa, como que esperando o rango, e ficou lá com essa cara caruda e me fez rir por mais de meia hora. Eu nunca vou precisar tomar Prozac na vida!

a cozinha também está dominada

Vocês já sabem que a cozinha sempre foi um lugar perigoso pra mim. Foi em cozinhas que ganhei minhas maiores cicatrizes, em terríveis cortes e queimaduras. Tenho sempre uma atitude prevenida quando estou fazendo comida ou qualquer outra coisa numa cozinha. Eu me vejo em situações gravíssimas, sangue jorrando, morte eminente. Vou tentar traçar o mapa do local minado: um tapete entre a cozinha e a sala de jantar, outro tapete largo em frente da pia e máquina de lavar louças, um forno e um fogão sempre ativos, uma geladeira com duas portas que se abrem opostas uma a outra, muitos armários com portas pontudas na altura da minha cabeça, e dois gatos. Se todo o resto não bastasse para provocar situações de acidentes mortais, ainda temos os gatos na cena. Eles são a cereja no topo do bolo do meu infortúnio destino.

E eles são onipresentes no local. Estão sempre deitados nas cadeiras onde você vai sentar, correndo pra lá e pra cá ou ou escarrapichados nos tapetes. Quando eu estou fazendo o rango e andando de um lado para o outro na cozinha, nada mais apropriado do que ter um gato gordão, sentado, deitado ou em pé feito uma estátua, bem no meio do seu caminho. Ou ter um gatinho maluco dando pinotes e corridas alucinadas pelo meio da cozinha, chispando como um furacão pelo meio das minhas pernas ou passando frenéticamente aos pulos enquanto joga um ratinho de pano pra lá e prá cá pelos ares e ocasionalmente dando botes nas minhas pernas e pés.

Este é o cenário realista e perturbador. Por isso não se assustem se eu contar histórias de como tropecei num gato com um facão numa das mãos e só deus sabe como consegui recuperar o equilibrio sem me auto-degolar ou me auto-estripar. Ou de como tropecei no outro gato [ou seria o mesmo?] e quase caí de cara na sopa borbulhante na panela e periguei virar coadjuvante de um réplica caseira de uma cena de Angel Heart. Eu piso em ovos para não pisar em gatos e se for vitima de mais um freak acidente na cozinha, vocês já estão avisados, para não haver nenhuma sombra de dúvida sobre a identidade dos futuros supostos culpados!

pão, leite, banana, alface, flores

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Há um tempo que eu peguei o bom hábito de incluir flores na lista de compras. Vai alí no super? Traz umas flores. Aqui os supermercados já facilitam tudo, colocando as flores logo na entrada, pra ninguém poder dizer que não viu ou esqueceu. Eu compro as mais baratas, de $2,99 a 5,99, mas elas fazem uma diferença danada na casa, especialmente durante os meses frios quando o tempo não permite encher vasos. Hoje dei uma passadinha no Trader Joe's e vi todo mundo levando flores nos pacotes de compras, como eu. Trouxe comigo lindas gérberas laranjas.

minha cozinha

Estou lendo um livro de receitas desses cheios de histórias, onde Miss Bessie, uma negra sulista, descreve seu prendizado na cozinha da avó e da mãe. Ela fala sobre tradições da cozinha do sul com suas diferentes etnias e aromas. Ela também diz que é possível descobrir muita coisa a respeito de uma mulher, apenas observando a sua cozinha. Segundo Miss Bessie, a cozinha vai dizer mais verdades sobre uma mulher do que ela mesma se permitiria

Pensei então na minha cozinha e as verdades que ela pode revelar sobre mim. É um espaço amplo e cheio de luz. Flores na janela desnuda em frente a pia. Uma boombox sempre presente num canto, onde eu coloco cds de Jazz pra tocar enquanto cozinho. Uma estante cheia de livros, revistas, cadernos de receitas e papeladas avulsas enfiadas em sacos plásticos e porcamente organizadas em arquivos. Peças de cerâmica por todo canto. Muitas colheres e garfos de madeira. Pelo menos três garrafas de azeite sempre à mão, perto do fogão. Dois panos de prato sendo usados e uma toalha de mão. Poesia magnética minimalista na geladeira—pastilha dizendo Water, do lado que saí a água e gelo e outra dizendo Beer, onde fica o resto das comidas. Alguns postais de viagens e umas fotos dos meus sobrinhos. Gatos sempre dormindo nos tapetes, armários desorganizados, despensa com estoque de vidros de azeitonas, grão de bico, macarrão de diversos tamanhos, formatos e expessuras, lentilhas e ervilhas secas, feijões, arroz basmati e integral e latas de tomate em conserva. Gavetas terrivelmente desorganizadas, caixa de pão sempre cheia, muitas latas de biscoito italiano, cheias de biscoitos que nunca lembro de comer e que acabam ficando velhos. Garrafas de vinho branco e tinto de cozinhar. Pia sempre com louça suja. Uma chaleira vermelha com água sempre à postos em cima do fogão. Pilhas de pratos de cor beige. Vaso de flores com utensílios de cozinha, cerâmica para garrafa de vinho com inúmeras facas, muitas sem fio. Tábua enorme de madeira no meio da bancada. Vidros cheios de coisinhas. Minha cozinha é grande, mas é cheia de coisas, uma bagunça onde só eu consigo me orientar.




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