Dinner with Jackson Pollock

Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock

Fazia um tempinho que não investia em livros e comprei esse do Pollock e outro do Monet. O pacote foi entregue na porta da minha casa quando eu estava viajando a trabalho e quando voltei ele não estava mais lá. Foi a primeira vez que tive algo roubado da minha porta, fiquei imensamente chateada. Liguei pra Amazon e eles me perguntaram se eu queria o dinheiro de volta ou que os livros fossem reenviados. Optei pelo reenvio e dois dias depois eles chegaram. O do Monet—bonito, mas com as fotos de sempre, as receitas de sempre. O do Pollock—lindo, criativo, estimulante, muitas histórias sobre ele e a mulher, Lee Krasner, receitas de família, compiladas de recortes e anotações escritas a mão, tudo isso lindamente encadernado em espiral, com fotos históricas, fiquei encantada, não larguei do livro por algumas semanas e fiz algumas das receitas. Com a atual abundância de livros de culinária, onde tudo parece ser feito no mesmo formato, com o mesmo estilo de fotos e layout, esse foi uma exceção muito auspiciosa que me deixou muito feliz!

o jantar vai ser servido

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Na casa histórica do general Vallejo em Sonoma, Califórnia.

a árvore da floresta

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Eu não estava planejando armar árvore de Natal este ano, porque não vamos passar em casa e não estava muito no espírito. Mas o Uriel insistiu e fomos. Coincidentemente tinha nevado sem parar por dois dias seguidos e até nos perdemos por causa de algumas estradas fechadas, acabamos não indo no nosso lugar de sempre de buscar árvore. Acabamos aportando por acaso nessa fazenda toda coberta de neve novinha, branquinha, fofinha, flocuda, das melhores para se fazer bolas de neve! Lá tomamos cidra quente e devoramos tortas tradicionais dessa época—shoo fly pie e apple pandowdy. Passeamos pela fazenda que estava encantadora, depois compramos nossa árvore, que estava coberta de neve como todas deveriam ser, sem flocos de algodão.

watermelon turnip — nabo rosa

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[ the view from the sky ]

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Nosso amigo veio de Santa Cruz nos visitar pilotando o seu aviãozinho e nos levou para um passeio pelo céu da nossa região. Eu estava muito tensa, porque tenho pavor de altura, detesto voar e não tenho muitas boas lembranças de voos feitos em aviões pequenos. Mas o piloto era muito experiente e o co-piloto estava ultra animado e prestativo, então tentei ficar calma. E fiquei. Fizemos um voo sobre Woodland e Davis que foi realmente revelador. Lá de cima puder ver as duas cidades e a região onde elas estão localizada, que é simplesmente um patchwork lindíssimo de fazendas e campos agrícolas. Em Woodland vimos como a cidade é antiga, super arborizada e como tem piscinas nos quintais das casas [e isso deve explicar a inexistência de piscinas públicas, que são abundantes em Davis]. Voamos sobre a nossa vizinhança e vimos a nossa casa, que de cima parecia uma casinha linda de bonecas. Quando entramos no céu de Davis já vimos a grande diferença, com a imponência da universidade e o traçado mais moderno de uma cidade que não teve uma história como as outras, pois ela era apenas uma fazenda que pertencia à UC Berkeley e foi crescendo juntamente com a implementação do campus. O que eu vi lá de cima nunca vou esquecer, especialmente a beleza dos campos já plantados, e dos campos sendo preparados, a visão da terra arada, as marcas dos tratores [que rimos porque elas pareciam ferraduras de aliens equinos], os pomares floridos e os pomares ainda secos, com os galhos formando asteriscos cinza no chão verde. Tudo em miniatura, os açúdes de água, os carneiros e vaquinhas, os celeiros, as estradinhas e de um lado do horizonte as elevações da pequena serra que nos separam do Napa e Sonoma vale e do outro lado o perfil cosmopolita da cidade de Sacramento.

amendoeiras em flor

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De repente tudo começa a florecer, incluindo os pomares de amêndoas. Quando você está dirigindo por uma das estradinhas da região e um pomar florido aparece no horizonte, o único procedimento aceitável é parar o carro imediatamente e se meter na propriedade alheia para tirar fotos dessa lindeza.

cupcake truck

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San Francisco — California

a sopa

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Edição comemorativa dos 50 anos da transformação da lata de sopa de tomate Campbell em ícone pop pelo artista Andy Warhol, colocadas à venda nas lojas da Target durante o mês de setembro de 2012 por 75 centavos cada.

sunflower fields forever

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Este ano eu estava estranhando não ter visto nenhum campo de girassóis no meu caminho. Mas quando fui buscar comida nepalesa para o jantar de uma sexta-feira, atravessei a ponte que passa por cima da estrada principal que corta a cidade e vi um campo enorme e todo florido dentro do perímetro urbano. Daí comecei a ver outros campos, mais próximos ou um pouco afastados da cidade. O negócio é que os campos mudam de lugar, ou melhor, os campos são os mesmos mas a lavoura é rotativa. Então onde estavam os girassóis no ano passado, neste ano estão os tomates ou o trigo. E onde estavam os tomates estão os girassóis ou o trigo ou o milho. Sou daquelas que acha todo esse cenário agrícola uma lindeza absoluta. Sou daquelas que encomprida o caminho pra casa só pra poder olhar os tomates já brilhando nos campos ou sentir o cheiro do feno recém colhido. Sou daquelas que para o carro no meio do poeirão e vai fotografar campo de tomate ou girassol até mesmo quando está fazendo quarenta graus. Sou daquelas que enfrenta as abelhas pra poder chegar mais perto das flores gigantes e laranjas. Sou daquelas que transpassa propriedade alheia pra poder tirar uma foto, mesmo que seja com o celular. Sou daquelas que comprimenta os trabalhadores do campo dando tchauzinho pro pessopal nos tratores. Na última foto da direita eu sou aquela bolhinha cor-de-rosa, que é como o google maps me identificou no dia em que parei no meio dos campos agrícolas para tirar essas fotos dos girassóis.

viver na Califórnia é ...

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Ver campos recém plantados com uvas cabernet na periferia da sua cidade.

in the old [old] houses

Quando tomamos a decisão de mudar para Woodland, eu fiquei um pouco receosa de vir morar numa cidade mais tradicional, contrastando com a atmosfera liberal que sempre vivenciei em Davis. Eu sabia que aqui iria ser diferente—sem as hordas de estudantes jovens e moderninhos, sem a população internacional itinerante, sem o farmers market bacanão e ultra famoso, sem as festas da universidade, eteceterá, eteceterá. Na época duas pessoas me falaram coisas que na hora não fizeram tanto sentido, mas que agora estão fazendo. Primeiro foi o mocinho que fez a inspeção da venda da nossa casa em Davis que me disse—vá para Woodland com a cabeça aberta, que tenho certeza que lá você vai encontrar a sua tranquilidade. E depois foi o meu marido que me disse—você vai fazer com Woodland o que fez com Davis, vai descobrir mil coisas legais e escrever sobre elas no blog, vai até deixar gente com vontade de vir conhecer a cidade. Não sei se Woodland entraria no badalado circuito turistico internacional, mas eu com certeza encontrei aqui muita coisa que nem estava procurando.

Essas fotos logo abaixo são de um passeio que fizemos em setembro de 2011 pela nossa vizinhança. É um evento já bem estabelecido e que acontece todos os anos, chamado de Stroll Through History. Durante um dia as pessoas fazem excursões pelo centro e vizinhanças históricas da cidade. Os visitantes andam pelas ruas acompanhados de arquitetos e historiadores, que vão contando histórias sobre a cidade e sobre as casas e as diferenças de estilo e de época. Temos muitas casas vitorianas aqui em Woodland e muitas são extremamente bem preservadas. E outras tantas casas de muitos outros estilos. Uma delas é a minha, construída em 1948 em estilo inglês colonial. Mas o mais legal desse evento é que muitas casas abrem para o público pagante e podemos entrar nelas e xeretar por dentro. Elas são super bem decoradas, algumas com mistura de coisas antigas e novas, outras bem tradicionais, com a proprietária velhinha te recebendo na sala e contando histórias de família. Em muitas das casas somos recepcionados pelos donos e voluntários do evento vestidos de acordo com a moda da época. No quintal tem bandas tocando música, você pode até dançar. Visitamos todas as casas do circuito, mais as que estavam abertas para venda e duas extras, que o guia arquiteto descolou para o nosso grupo conhecer. As pessoas realmente vivem nelas, e podemos ver a cozinha com os utensílios diários, a mesa de jantar arrumada, a sala com piano onde a família se reune. Todas as casas são realmente magnificas. Passamos o dia nesse trancetê e no final da empreitada olhamos um para o outro sorrindo e tivemos a mais absoluta certeza de que nos mudamos para o lugar certo.

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»tirei umas 98765 mil fotos com o meu iphone durantre o evento, que foi das 8 am às 5 pm e tive que escolher apenas alguns pares delas. mas consegui fazer um pequeno patchwork com as que mais gostei—casas vitorianas com coleção de xícaras clássicas, outra com a cozinha toda decorada com uma coleção infindável de alcachofras, a parede coberta de utensílios culinários antigos, uma varanda com rede, a salinha de estar da casinha da década de 20 que tinha uma adega com bar no basement, o fogão vintage recondicionado, o quarto minimalista da casinha moderna de 1912, e algumas fachadas das lindas casas dessa vizinhança super arborizada.

um banquete na era Tudor

Na sequência do documentário sobre a história da cozinha com a Lucy Worsley, assisti a essa outra realização de um grupo de arqueologistas e historiadores ingleses, que decidiram recriar um banquete da era Tudor. Eles fazem tudo numa cozinha da época, com ingredientes similares e usando as mesmas técnicas—desde trazer a água do corregfo, até acender o fogo usando pedras, moer o açúcar, pescar, caçar, eteceterá. Cozinhar naquela época não era tarefa para os fracos. Na cozinha dos aristocratas abundava mão-de-obra, queimava-se muita madeira e algumas das mais simples tarefas poderiam levar muitos dias para serem concluídas. No final servia-se um banquete inigualável. Assista os quatro segmentos de 15 minutos cada para participar dessa excursão virtual pela cozinha laboriosa do século XV.


parte 1


parte 2


parte 3


parte 4

liberty cabbage

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a foto original — by Shorpy
Durante a Primeira Guerra Mundial, dada a imensa impopularidade de tudo que fosse de origem alemã em território norte-americano, a famosa receita do repolho fermentado foi renomeada de sauerkraut para liberty cabbage. E todos continuaram a consumir sua porção de chucrute sem problema de consciência patriota.

e os esquilos...

EsquilosEsquilos
EsquilosEsquilos
EsquilosEsquilos
EsquilosEsquilos

No outono eles dão mais sossego, porque o campus fica todo salpicado de acorns, que é a comida natural deles. Mas no verão eles me atazanaram pra valer enquanto eu almoçava no páteo atrás do meu prédio. Era uma pedição de comida, uma ousadia, um atrevimento sem parâmetros. Nunca vi tanta audácia, pois eles chegavam pertíssimo, uns cheiravam o meu pé, um outro até tentou abocanhar meu dedão. Mas nunca dei nada pra eles, porque sou contra alimentar animais silvestres com comida de humanos. Embora tenha deixado algumas vezes nos bancos de madeira um treat mais apropriado para a dieta eles—os caroços dos damascos que eu comia de sobremesa.

é comida de esquilo

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acorn ou oak nut

fogões dos anos 40

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Estamos procurando um fogão novo, porque finalmente vamos fazer a conexão pro gás na cozinha e trocar aquele horrorever fogão elétrico. Mas procurar por fogões vintage não fazia parte do nosso plano de ação. Acabamos nesse lugar por puro acaso, procurando por lojas de antiguidades em Berkeley. O aplicativo do Yelp sugeriu a Reliance Appliance & Antiques e quando entramos lá tivemos uma baita surpresa. Fogões e mais fogões, todos dos anos 40, um mais lindo que o outro e todos funcionando tão perfeitamente quanto um fogão novinho. A dona da loja nos contou que fogões antigos são sua paixão e por isso ela garimpa essas preciosidades de mais de sessenta anos. Os fogões são totalmente restaurados por dentro e por fora. As peças internas são trocadas por similares novos e modernos. A loja era pequena e com muitas janelas, portanto foi um pouco difícil fotografar. Vimos fogões de todos os tamanhos, uns com até quatro fornos, outros com apenas quatro bocas, a maioria brancos, alguns azuis ou verdes bem clarinho. Um dos meus favoritos tinha um telescópio no painel superior, por onde você podia ver perfeitamente dentro do forno sem precisar abrir a porta. Uma inventividade genial que deve ter sido o máximo da bossa na época.

sun dried olives

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Na banquinha do Mike & Diane Madison no Farmers Market de Davis, comprei essas azeitonas orgânicas secas ao sol. Mike e Diane são respectivamente irmão e cunhada da chef californiana Deborah Madison. Eles moram num sítio na cidade vizinha de Winters. As azeitonas que eles produzem são bem interessantes, diferentes das azeitonas secas tradicionais que são bem oleosas. Essas são simplesmente desidratadas ao sol temperadas com sal marinho e não ficam rançosas como as outras. Comprei a caixinha em maio e ainda tenho parte dela guardada na geladeira.

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o rei das novidades

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A loja californiana Trader Joe's já nasceu com um desejo de oferecer produtos diferentes, inusitados e da melhor qualidade para seus clientes. Na história deles tem alguém que estudava e vivia com a grana curta, mas queria oferecer jantares para os amigos regados a um bom vinho com preço justo. Virou a filosofia da loja, que vende tudo à preços modicos, mas os produtos muitas vezes são de cair o queixo. Não dá pra fazer aquelas compras básicas e gerais da semana, porque o lance deles é mesmo oferecer coisas gostosas e diferentes. E saem pelo mundo buscando essas novidades. Daí que dei uma passadinha pra comprar uns queijnhos e umas crackers que só acho lá e vi a novidade do mês chegada da Africa do Sul. Tinha também um sal marinho defumado e um tempero africano, que eu dispensei. Mas não deixei passar essa pimenta do reino misturada com flores secas—rosas, calendula, lavanda. E a mistura de chocolate, açúcar e grãos de café. Os dois produtos vêm numa embalagem grinder, pra você girar e moer em cima dos pratos e da comida. Prático!

colhemos uns figos

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Estamos rodeados de fazendas e agora estou mais próxima de uma das maiores fazendas orgânicas da região—Capay Organic Farm. Já sabia que eles abrem para o público e escolas, que pode-se fazer tours e visitar. Desta vez eles abriram para a colheita, na parte onde ficam as figueiras para que o público pudesse colher as frutas. "Queremos que as pessoas conheçam e se acostumem com eles"—me disse uma das fazendeiras. Eu respondi que os figos já são meus velhos conhecidos e que eu espero o ano inteiro pela oportunidade de comer os figos californianos frescos. Acredito que a Califórnia seja o único estado do país que produz figos comercialmente. Quando chegamos, estacionamos ao lado das árvores de pistache, que estavam carregadíssimas. Mas eles ainda não estavam prontos para consumo. A colheita do pistache acontece somente pro final de setembro e começo de outubro, quando as casquinhas externas racham avisando que já é hora.

Ficamos pouco tempo na fazenda, porque não tínhamos almoçado e eu tinha nadado, estava bem faminta. E eles nao ofereciam nada, além de legumes e frutas numa feirinha e bebidas geladas. E estava calor, o Uriel esqueceu de levar chapéu e todas as sombras estavam ocupadas por famílias fazendo picnic enquando uma bandinha tocava um animado bluegrass. Fomos colher os figos, que estavam maduríssimos. Eles tinham muitas árvores do maravilhoso candy stripes figs, que infelizmente ainda não estavam no ponto. Saímos da Capay com as botas sujas de lama e paramos para um hamburguer tradicional com batatas fritas na cidade vizinha de Esparto e depois engatamos em toda velocidade em direção à cidade de Napa, onde passamos o resto da tarde.

coleção de copos

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A foto saiu da edição de agosto pra iPad da revista Martha Stewart Living. Esses são a versão americana dos copos de requeijão brasileiros. São chamados de sour cream glasses e vinham de brinde entre os anos 50 e 70. Eles foram evoluindo no design e hoje podem ser encontrados em abundância—em vários tamanhos, estampas e cores, em lojas como a eBay.

Joël Penkman

Joël é uma neozelandesa que vive na Inglaterra e vende suas pinturas de comida na loja da Etsy. Super delicadas. Adorei!

The Automat

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Um dos meus passatempos favoritos no iPad é ficar navegando pelo app da revista LIFE, que tem um arquivo imenso de imagens atuais e antigas. Numa dessas viagens achei essa galeria de fotos de automats. Adoro os automats, que só conheci em fotos e filmes. Esses restaurantes/cafeterias foram muito populares entre os anos 20 e 50 e alguns ficaram imortalizados em cenas de alguns filmes clássicos. Nos automats os comensais entravam e colocavam moedinhas nas janelinhas escolhidas, de onde tiravam sanduiches, sopas, fatias de torta e bolos, frutas e sorvetes, além das torneirinhas que serviam café, chá e leite dia e noite. Os automats desapareceram do mapa, mas ficaram registrados na cultura popular através de fotos e filmes. Eles também deixaram descendentes—as maquinetas de bebidas, comidas e até de gadgets, que hoje pipocam por todos os cantos do mundo. Tenho guardado no meu diretório de memória de filmes inúmeras cenas passadas dentro de um automat, mas a mais divertida pertecence ao fofíssimo filme Easy Living de 1937, protagonizado pela minha atriz favorita de todos os tempos, Jean Arthur e por um jovenzinho Ray Milland. Esse filme é absolutamente delightful e eu recomendo para qualquer um que goste de cinema e filmes clássicos. Mas a cena no automat é impagável, quando a Arthur entra lá faminta e desempregada [usando um casaco carésimo, que é o pivô de toda a trama] e só consegue comprar um café. Milland é um moço rico experimentando a vida de um trabalhador comum, fazendo serviço de busboy dentro do restaurante. Ele tenta ajudar a charmosa e engraçada Arthur, abrindo umas janelinhas pra ela poder comer sem pagar. O que acontece depois você só vai acreditar assistindo toda a cena. E depois de ver essa cena, vai com certeza querer ver o filme inteiro!

um fogão elétrico

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O fogão veio com a casa e, ao contrário da máquina de lavar louça, está em ótimo estado. Pelas condições do forno dá pra concluir que ele é quase novo. Mas é um fogão elétrico. Desde os meus anos canadenses que eu não colocava uma panela sobre o queimador de um fogão elétrico. E digo mais, nunca senti saudades de fazer isso. E digo mais ainda, detesto fazer isso. Quando vi o fogão elétrico na cozinha da casa nova já fui avisando—vamos trocar por um a gás! Infelizmente não vai ser tão simples assim, pois não há conexão pro gás atrás do espaço do fogão e vamos ter primeiro que chamar um encanador, furar parede, puxar cano, eteceterá-eteceterá. Já vi até o tipo de fogão que quero comprar, mas ainda não comprei.

Enquanto isso, vou ter que ir me virando com esse fogão mesmo. E estou fazendo com muito cuidado, porque fogões elétricos são o instrumento perfeito para se queimar comida e encrustar panelas. Como tive muitas esperiências deprimentes no passado, estou praticamente pisando em ovos. No primeiro dia na casa tostei umas fatias de pão de azeitona numa frigideira vintage que tenho e que foi a única que achei no meio das 9854 caixas fechadas. Preciso dizer que tive que usar a esponja de aço pra limpá-la. E imediatamente acendeu a luz vermelha de alerta! Depois assei cenouras, fiz uma quinoa com camarão frito, preparei risoto e sopa de lentilhas, assei frango com gengibre e cebola e até cozinhei macarrão. Com o cuidado que estou tomando foi tudo bem até agora, só ainda não assei nenhum bolo e confesso que ainda estou um pouco receosa de fazê-lo. Espero que a conexão do gás seja uma das próximas da lista dos serviços por fazer na casa, porque neste quesito eu sou bastante conservadora—gosto de cozinhar com fogo. De outro jeito simplesmente não me parece natural.

chá de lima seca do deserto

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very interesting

[happy goat]

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baunilha & chocolate

a irmã do meio

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Sempre paro pra olhar as prateleiras dos vinhos em todo lugar que vou. Gosto de ver quais variedades são oferecidas, comparar os preços que podem variar muito e presto atenção também nas novidades e nos rótulos. E foi por causa dos rótulos que parei na seção dos vinhos da Target, porque esses da irmã do meio conquistaram o meu coração. Pudera, com esses rótulos fofíssimos, um para cada variedade e cada um engrandecendo uma caracteristica da referida moçoila. Parei pra fotografar enquanto dava muita risada sozinha no corredor da loja—acho que ninguém viu, abafa! Não comprei nem bebi nenhum desses vinhos, mas gostei da proposta divertida. Eu sou a irmã mais velha, mas tanto faz se somos a irmã do meio, a mais velha ou a mais nova, todas nós nos achamos criaturas especiais e queremos ser tratadas com tal distinção. A única dúvida que ficou no ar pra mim foi—será que a dona da vinícola é a própria [e exibida] irmã do meio ou são as irmãs [modestas] da irmã do meio?

leite de hemp

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Comprei porque estava curiosa e queria experimentar o leite de hemp, que se alinha com outros tantos leites vegan [non-dairy] nas prateleiras do meu Co-op. Comprei o original [tinha o adoçado, o de baunilha e chocolate] e achei o sabor bem sem graça. Desses leites alternativos há alguns muito gostosos, como o de avelã ou amêndoa e outros assim borocoxôs, como o de soja, o de arroz e este de hemp. Mas batido no liquidificador com um punhado de tâmaras ou adoçado com maple syrup ficou bem mais gostoso.

com menta e chocolate

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Com as amêndoas eu não tenho o mesmo sentimento de ultraje, que tenho com a corrupção dos pistachos. Porque as amêndoas já sofreram essa depravação da adição dos sabores há muitos anos e não mais surpreende encontrá-las cobertas por camadas crocantes de queijo parmesão, curry, ervas provençal, picantes tex-mex, salpicadas de gergelim ou crostas açucaradas. Tem de tudo, desde as lâminadas para incrementar saladas, até as inteiras para servir de snack mais rebuscado. Ninguém liga para essa alteração toda, porque amêndoas abundam aqui no estado da Califórnia [que abastece 80% do mercado mundial] e podem ser desperdiçadas com invencionices desta magnitude. Meu marido trouxe essas novidades da maior feira de agricultura dos EUA, a World Ag Expo, que acontece uma vez por ano na cidade de Tulare. As amêndoas com mel não me causaram nenhum espanto. Mas as cobertas com menta e chocolate me fizeram soltar uma longa bufada. What else? Provamos as amêndoas e meu marido fez o comentário perfeito, que define exatamente o que concluímos sobre o sabor menta e chocolate—não é ruim, mas também não é bom. Caso encerrado!

fatias de abacaxi com açúcar

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Pra um abacaxi havaiano que não estava lá um primor de doçura, este pequeno make-up transformou a fruta ácida numa sobremesa instigante. E a transformação se fez em questão de segundos. Eu simplesmente adoro idéias assim, rápidas e fáceis. O pó de pirlimpimpim foi o açúcar feito de seiva da palmeira de coco, mais uma opçao ecológica e sustentável nas prateleiras de açúcar no meu Co-op. Escolhi comprar para experimentar essa versão com um toque de flor de sal de Bali. O sabor desse açúcar é muito agradável e o toque do sal só adiciona pontos na gostosura. Mas apesar de toda a propaganda, o açúcar de seiva de palmeira de coco continua sendo um açúcar e convém controlar o entusiasmo exagerado e não abusar.

sodas [galore!]

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Me deu uma vontade de beber um líquido borbulhante com sabor ácido. Entramos num supermercado e eu parei em frente às prateleiras de refrigerantes. Coca, Pepsi, Fanta, Sprite ou Guaraná? Quem dera fosse fácil assim. A oferta de refrigerantes chega ao limite do absurdo. Além de todas as marcas conhecidas e relativamente obscuras, nacionais ou importadas, em variaçãoes de sabores naturais, artificiais e graus de insalubridade, tem também as sodas americanas artesanais, as vintage, as alternativas, as históricas, as que brilham no escuro, as moderninhas, as inovadoras. Pra mim—nome do meio, indecisa, a tarefa de escolher apenas UMA é a mais difícil e penosa. Olhei, olhei, olhei e no meio tempo aproveitei para fotografar alguns exemplares, enquanto um moço me pediu licença rispidamente, tipo sai da frente sua iPhone picture taking junkie! No final decidi por uma soda moderna e que brilha no escuro, sabor maçã verde da marca Jones. E afoguei a lombriga.

soda russa [chernobyl]

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O Richmond district em San Francisco é uma região que concentra uma grande população russa, então quando o Uriel foi comprar algo para poder trocar moedas para colocar no parquimetro, as chances dele entrar num estabelecimento comercial dos camaradas eram bem grandes. E ele entrou. Pra trocar o dinheiro comprou isso—uma garrafona com um líquido verde fluorescente dentro. Ele achou que era água, perguntou e a mulher da loja disse que sim. Depois que fomos ver que era um refrigerante com sabor de estragão. Cheio de corantes e tals. Uma coisa simplesmente horrorosa. Refrigerante de fim de mundo, pós acidente nuclear, pós bomba atômica. Rimos muito, pois nem o Gabriel conseguiu beber, o treco é pior que xarope de tosse. Pois então, quando entrarem numa loja russa fiquem bem atentos e façam o favor de ignorar a garrafa verde.

they're NUTS!

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Meu marido acabou de voltar dos testes que ele faz anualmente com uma maquinaria durante a colheita dos pistachos. Ele faz esses testes na maior fazenda produtora do estado. A indústria está crescendo e outro dia acompanhei pelo Twitter o governador Schwarzenegger vendendo o pistacho californiano para o Japão e Coréia. Tudo o que eles inventam de produzir por aqui, fazem com um exato primor. É dessa fazenda que saem também as maravilhosas romãs que viram o suco mundialmente conhecido como Pom Wonderful. Então, no final de novembro é a melhor hora pra comprar qualquer tipo de noz produzida na Califórnia—nozes, amêndoas, avelãs, pistachos. Logo depois da colheita, elas estão fresquinhas e deliciosas. E os pistachos são da melhor qualidade, grandões, verdinhos, crocantes, docinhos.

Vai daí que o Uriel chegou com pacotes de pistacho fresquinho, que ele sempre traz diretamente da fazenda. Um com pistachos apenas torrados e três com essa INCRÍVEL novidade com a adição de sabores. Cacildinha! Não pude conter a minha indignação. Por que diabos americano gosta tanto de colocar sabor nas coisas? Imagine só, o pistacho que já é ultra delicioso por si, ganhar um sabor artificial de churrasco? Fiz essa piada pro meu pai e rimos até doer o maxilar. Mas a dor no maxilar poderia ter vindo de um soco de realidade. Pistachos com sabores SOUTH OF THE BORDER, SALT & PEPPER e EUROPEAN ROAST [seja lá o que for]. Chocante, pra dizer o mínimo. Os pistachos são lindos, carnudos, crocantes, deliciosos, tirando o pequeno detalhe BLEARG de terem sido adulterados por essa mania ridícula que existe por aqui de se colocar sabor nas coisas que não precisam.

rubis & catchup

Na edição de fevereiro de 1981 da revista Food & Wine, uma enquete perguntava à alguns famosos da época qual tinha sido a sua refeição romântica mais memorável. A melhor resposta, na minha opinião foi a do Andy Warholcomendo um hamburguer com fritas num MacDonald's com a Paulette Goddard, porque ela estava usando seus rubis e eles combinavam com o catchup. Ha ha ha ha! Genial!

cooking with Zelda

Quando a editora Harper & Brothers pediu para a escritora Zelda Fitzgerald contribuir com uma receita para o Favorite Recipes of Famous Women, ela escreveu—"Veja se há bacon e se houver, pergunte à cozinheira qual a melhor panela para fritá-lo. Então pergunte se há alguns ovos, e se houver tente persuadi-la a cozinhar dois deles poché. É melhor não tentar fazer torradas, pois elas queimam facilmente. Também, no caso do bacon, não coloque o fogo muito alto, ou você terá que sair da casa por uma semana. Sirva, preferivelmente, em pratos de porcelana, embora pratos de ouro ou madeira possam ser usados, se estiverem à mão."

America in color

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Este link de um blog de fotos do jornal Denver Post está sendo repassado alucinadamente pelo twitter desde a semana passada. Quando cliquei nele pela primeira vez, fiquei de boca aberta com o que vi—uma seleção de fotos coloridas tiradas por fotografos contratados pelo governo norte-americano para registrar as áreas rurais e pequenas cidades do país durante a depressão, entre 1939 e 1943. Num país da dimensão dos EUA e numa época em que a comunicação não era tão fácil, a população em muitas áreas de pobreza lutava e definhava sem o menor conhecimento do governo. O trabalho desses fotógrafos foi mostrar um pouco desse imenso interior isolado do país. As fotos são maravilhosas, expondo com uma clareza e honestidade cruel a pobreza e o cotidiano de uma grande parcela dos norte-americanos. O blog do jornal fez uma compilação muito bonita com um punhado dessas fotos, que hoje fazem parte do acervo da Biblioteca do Congresso.

a cozinha da Astor House

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Astor House - Golden, CO
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A cozinha da Astor House foi um caso à parte. Ficamos mais tempo lá dentro do que em qualquer outro cômodo da casa. Fiquei absolutamente encantada com a riqueza de detalhes, todos os armários devidamente estocados, utilitários, gadgets, lavadora de roupa, telefone, panelas, formas, até dois cortadores de dedo, ops, mandolines gigantes, que nos fizeram gargalhar—imagine eu usando um desses! O mais legal dessa cozinha, além de poder fotografar, é que pudemos mexer em tudo, abrir gavetas, folherar livros, xeretar em todos os cantinhos, até cheirar as especiarias numa lata grande de metal pintada a mão que acomodava várias latinhas com temperos. Fiquei rodopiando pela cozinha por um tempão, como uma galinha bêbada e depois que visitei o restante da casa, voltei para mais uma rodada de olhadas e bisbilhotadas. Não sei se eu gostaria de cozinhar numa cozinha dessas—bem moderna para a época, mas inviável para os nossos hábitos práticos de século 21. Cozinhar dava muito trabalho! Mas o empenho de preservação da história é algo fascinante. Imagino que a maioria das pessoas que visita esse tipo de museu se concentra mais em outras partes da casa, como as salas, os quartos, a biblioteca. Mas eu, se não vejo a cozinha e a despensa, fico realmente frustrada. Nesse passeio que fiz ao Colorado, pude visitar duas cozinhas de duas casas do século 19—a chiquérrima da ricaça Molly Brown em Denver e essa pensão simples, porém incrívelmente equipada, em Golden.

The Astor House
[Golden, Colorado]

Astor House - Golden, CO
Astor House - Golden, COAstor House - Golden, CO
Astor House - Golden, COAstor House - Golden, CO
Astor House - Golden, COAstor House - Golden, CO
Astor House - Golden, CO
Astor House - Golden, CO
Astor House - Golden, COAstor House - Golden, CO
Astor House - Golden, CO
Astor House - Golden, CO

Foi o nosso último dia no Colorado e apesar do Uriel estar chumbado pela gripe chinesa e eu no limite de um ataque de nervos por causa de uma dor de cabeça monumental, provavelmente o prólogo da gripe que também iria me atacar, saimos de carro em direção às montanhas. Uma das partes do percurso, entre as cidades de Golden e Idaho Springs, foi uma verdadeira visão do paraiso. A estrada sinuosa entre penhascos de pedra salpicados de pinheiros com um rio acompanhando, ora no lado esquerdo, ora no direito, me deixou abismada. Paisagem linda de doer os olhos e de embasbacar. Pena que a dor de cabeça naquela altura me deixou catatônica e simplesmente não consegui fotografar nada. As imagens ficaram apenas na memória.

Voltamos para Golden com o intuíto de almoçar e eu resolvi que iríamios ficar por ali mesmo, sem pegar mais estrada e sem se aventurar muito, pois ainda tínhamos que achar o caminho do aeroporto antes do final da tarde. Foi a melhor coisa que fiz. Tinha visto umas placas—Museu dos Pioneiros. Depois do almoço fomos investigar.

Golden é a cidade do legendário Buffalo Bill. Ele está enterrado lá e pode-se visitar o túmulo. Mas esse não é o meu tipo de passeio. Pelo nome da cidade já dá pra inferir que ali teve muita mineração. E ainda tem. Há tours para as minas também. E lá também está instalada uma fábrica gigantesca da cerveja Coors. Agora imaginem uma pequena cidade no interior do oeste, com um punhado de museus, tudo muito bem organizado e catalogado, a história completamente preservada e registrada, com a ajuda da população local com muito orgulho do seu passado. Fiquei muito impressionada com o trabalho de preservação, com a qualidade dos museus, embora todos fossem bem pequenos.

Escolhemos visitar primeiro a Astor House, uma pequena pensão no centro da cidade que serviu aos mineradores, estudantes e famílias. Quando pisei na casa, despiroquei! Está tudo preservado como era no século 19, com móveis, objetos, dá até pra sentir o clima da época, como a vida era naqueles tempos. Visitamos a casa inteira, dois andares—em baixo sala de estar e jantar e a cozinha [que terá um post à parte] e no andar de cima, os quartos e a varanda. Havia painéis com audios espalhados pelos cômodos pra se apertar os botões e ouvir as histórias sobre a casa, as pessoas que viveram lá, os hábitos da época e da cidade. Além de todos os mil micro detalhes, ainda podia tocar em tudo e fotografar dentro da casa e eu me esbaldei. Muitas fotos ficaram escuras, mas com essas já dá pra ter uma idéia. Curti tanto esse passeio, que até melhorou minha dor de cabeça!

food trucks [in Denver]

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No dia que fui ao Museu de Arte de Denver, resolvi deixar minha câmera no hotel pra não ficar carregando peso inútil. Quando cheguei numa praça com cara de anfiteatro romano, que era caminho do museu, dei de cara com uma feira de comida. E a maioria dos vendedores usavam os food trucks, que eu acho o maior charme. Eles tinham todo tipo de comida, dos hamburgures e hot-dogs, até crepe franceses, comida chinesa, mexicana, tailandesa, barbecue tradicional do sul, sanduiches leves, bolinhos, eteceterá, eteceterá. Caminhei pela feira e não comi nada, porque ainda era cedo e meu objetivo era chegar logo ao museu. Mas não pude deixar de fotografar, com o iPhone mesmo, alguns dos caminhões. Trés charmant, oui?

the pig truck

maximus or minimum
maximus or minimummaximus or minimum
maximus or minimum
maximus or minimum

Estávamos rumando em direção à área do mercado para tomar nosso brunch de domingo e esperando o semáforo abrir para atravessar a rua, quando um porco metálico gigante passou por nós. Ficamos com aquelas caras de patzos, um olhando pro outro—você viu o que eu vi? era isso mesmo? um caminhão porco metálico? Rimos bastante, atravessamos a rua, fomos comer e esquecemos da lúdica visão.

Depois do brunch nos encontramos com a Bridget, irmã da Victoria, que mora em Seattle e que se ofereceu para nos levar para passear pela cidade. Ela nos levou ao Fremont market, uma feira de rua bem divertida e interessante, com muitas antiguidades, alguns artesanatos e alguma comida. Quando chegamos no final do mercado—SURPRISE! Reconhecemos o porcão de armadura estacionado e já servindo ao seu propósito. Ali vendia-se sanduiches de carne de porco e vegetarianos [irônico?] com um molho especial, que poderia vir nas opções maximus ou minimus. Não tive a idéia de perguntar se essa designação era para quantidade ou para apimentamento do molho. Não provamos os sandubas, pois tínhamos acabado de comer. Mas achamos a idéia toda muitíssimo divertida.

a primeira loja da Starbucks

First StarbucksFirst Starbucks
First Starbucks
First Starbucks
First StarbucksFirst Starbucks

A primeira loja da Starbucks, fundada em 1971, está no centro do buxixo do Pike Place Market. Impossível ignorá-la e não dar uma entradinha pra ver o que é que há por lá. Na verdade não tem absolutamente nada de especial, é só mesmo um marco. Claro que você divaga no fato de uma micro lojinha que vendia café ter se tornado uma super mega marca e ter se espalhado pelo mundo, causando tanta histeria cafeinada. A loja original está instalada num prédio de 1911, que por fora tem cara de ter sido uma mercearia. Por dentro é aquela cara massificada de qualquer outro Starbucks, só que num espaço bem restrito, sem lugar pra mesas, cadeiras, sofás, lareiras. E uma fila ridículamente longa para comprar um café. Só passamos os olhos por tudo, eu fotografei como pude, na muvuca de outros turistas também dando seus cliques, e fomos embora. Uma coisa interessante que notamos é que no logo original da loja, a sereia está de torso nu, mostrando os seios. No logo atual ela ficou estilizada, com o cabelo cobrindo as partes nuas. Meio melancólico.

farofa americanizada

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Um tempo atrás alguém me perguntou se eu tinha um pouco de farinha de mandioca para virar uma farofinha que acompanharia uma feijoada que seria servida à um grupo de americanos e estrangeiros. Lembrei que tinha sim, um último pacote, que foi gentilmente doado. Meses depois descobri que eu tinha muito mais farinha brasileira do que pensava. Encontrei lá no fundo de um dos meus armários um pacote de farofa temperada pronta, outro de farinha de mandioca e outro de farinha de milho. Todos com data expirada. Tipo, expirado em 2005! Não lembro, nem sei de onde vieram esses pacotes—presente de alguém que veio ou de alguém que foi e não quis levar, sabe-se lá. Infelizmente tive que jogar tudo no lixo. Cinco anos é muito tempo.

Ainda lidando com a enxurrada de folhas verdes chegando semanalmente na cesta orgânica, encasquetei de fazer uma farofa, daquelas com verdura, ovo cozido e alguma farinha. Farinha brasileira de mandioca ou milho não há, mas não vou deixar este pequeno detalhe atravancar o meu caminho, não é? O negócio é que eu conheço os truques. Saber os truques é elementar, em alguns casos, meu caro Watson.

E o inestimável truque da farinha eu aprendi com uma querida pernambucana que conheci nos meus anos morando no Canadá, quando não havia ainda lojas online e tudo era muito mais difícil para quem morava no estrangeiro. Ficamos muito amigas e ela me passava muitas receitas e me ensinou que o Cream Of Wheat—um produto muito comum aqui na América do Norte e que é geralmente usado para fazer mingau, substitui razoavelmente bem a farinha de mandioca em receitas de farofa. Depois de um tempo, descobri por mim mesma que os famosos Grits, muito usados na culinária do Sul dos EUA, também funcionam muito bem em farofas. Não é, de maneira alguma, a mesma coisa que farinha de mandioca, mas engana muito bem. Eu não tenho receio de substituir ingredientes, desde que faça um certo sentido. E neste caso faz.

1 maço de folhas verdes picadinhas em fatias finas [* usei uma mistura de verduras chamada de mixed raab]
2 ovos cozidos e picados em cubinhos
1/2 cebola cortada em fatias
Sal e pimenta do reino moída a gosto
1 xícara de Grits

Numa frigideira robusta coloque o azeite e refogue a cebola. Junte as folhas verdes e refogue até elas murcharem e ficarem com uma cor verde bem escuro. Tempere com sal e pimenta a gosto. Junte os ovos cozidos picado, mexa bem e junte os grits, mexendo sempre até os grãos ficarem tostadinhos e tudo virar uma farofa bem seca. Sirva imediatamente.

a primavera chegou
[nos pomares de amêndoas]

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Uma semana depois da nossa primeira tentativa de ver as árvores floridas, dirigimos um pouco mais pro norte e encontramos muitos pomares assim, empipocados de flores. Ficamos meio na dúvida se essas eram amendoeiras, mas tivemos a confirmação achando muitas cascas ressecadas e apodrecidas das frutas espalhadas ao redor. Logo elas ficarão cheias de folhas verdes e depois de frutinhos. A colheita é no final do verão. Ainda temos uma longa espera pela frente.

ainda era inverno
[nos pomares de amêndoas]

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pomar de amendoas
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Saímos para dar um rolê pelas fazendas de amêndoas da minha região, porque eu achava que à esta altura as árvores já estariam floridas. Durante o inverno todos os pomares de amêndoas, nozes, castanhas e pistachos ficam com essa cara de desolação acinzentada. Mas quando as árvores começam a florir, é um espetáculo. Infelizmente fizemos esse passeio com uma semana de antecedência e foi só isso que encontramos—corredores e mais corredores quase infinitos de galhos cinzas. Bem diferente dos mesmos pomares no final do verão, próximo da colheita, quando as árvores ficam abarrotadas de frutos.

Levei minha câmera, mas quando vi que não havia nenhuma florzinha no horizonte, desanimei e fiz esses cliques com o celular mesmo. Tenho que admitir que ando usando pouquissimo a câmera, encantada que estou com as inúmeras possibilidades de interatividade que o celular me proporciona. Virei uma iPhone Photo Junkie e nem vou mentir.

365

Só porque eu quase não tenho o que fazer, né? Três blogs, uma casa, um marido, dois gatos, um emprego período integral. Mas eu já tava de olho em algumas pessoas que praticavam o projeto chamado 365—isto é, publicar uma foto por dia, nos 365 dias do ano. Estava praticamente fazendo isso diáriamente no meu Twitter, usando o Twitpic, um dos inúmeros álbuns disponíveis por lá. Mas o problema desse espaço é que fica tudo engolido na falação e se você não acessa o Twitter, não acompanha nada e fica meio sem um caminho de acesso.

Daí que então, inspirada e incentivada pela Mariana Newlands, que é uma das pessoas mais criativas e talentosas que eu conheço e que tem um 365 dias lindo, resolvi fazer o meu. E combinei de iniciar os meus dias em fotos, junto com outra talentosa querida que também decidiu fazer o dela—a Dadivosa e os seus (quase) 365 dias.

Estou adorando esse meu novo projeto, publicando uma foto de celular por dia, nos meus 365.

nas compras da semana

Há mais ou menos três anos resolvi centralizar a maioria das minhas compras num só lugar. Costumava ficar pulando de galho em galho, até que percebi que o melhor estava bem ali na minha frente, ou melhor, à poucos blocos da minha casa. Escolhi fazer a maioria das minhas compras co-op1S.jpgno Co-op de Davis por inúmeras outras razões, além da proximidade. Primeiro, porque este supermercado é uma coperativa. Isto é, posso pagar uma anuidade e ter algum poder de decisão no que acontece por lá. Eu posso votar para eleger a administração, tenho uma pequena parte nas ações e recebo um desconto de 5% em todas as compras. Mas ainda não é só por isso, mas sim porque também no Co-op eu encontro tudo o que quero e preciso. Por exemplo, o leite orgânico de uma fazenda local, a Straus Family, que vem em vidros retornáveis e não em plástico ou caixa de papel. E os pães da melhor padaria de Davis, ou do Napa ou as delicias da Acme Bread de Berkeley. O Co-op se esmera para oferecer produtos locais e orgânicos, sustentáveis, fair trade e únicos. O seu açougue é o único em que eu confio para adquirir carnes de animais criados num sistema humanitário. E só lá posso comprar banana fair trade, sem falar que eles têm a melhor e mais variada seção de produltos a granel [bulk] e uma imensa oferta de produtos de banheiro e beleza alternativos. Alías, prefiro o Co-op porque muitos produtos eu só consigo achar por lá.

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Faço uma visita ao Co-op uma vez por semana. Costumava ir mais vezes, mas felizmente consegui me organizar. Combino minhas compras no Farmers Market e Co-op, com pulinhos aqui em outros poucos lugares. Estou contente com a minha decisão de centralizar minhas compras num supermercado onde me sinto completamente satisfeita e confortável.

O Co-op é pequeno e passou por umas reformas sem fechar, quando tivemos que ter muita paciência com a confusão. O chão continua desfeito, mas ninguém parece se importar muito com esse detalhe. O ambiente lá é tão acolhedor, que quando entro em outros supermercados maiores, me sinto perdida e intimidada. Se bem que qualquer supermercado aqui vai te proporcionar uma experiência magnifica de compras, com prateleiras cheias de produtos variados e maravilhosos, ambiente super lindo e muito bem iluminado, funcionários bem humorados e gentis, eteceteráeteceterá. Mas pra mim, lugar nenhum tem a atmosfera do Co-op. Somente talvez, outro Co-op.

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Vou chover no molhado escrevendo novamente tudo o que já escrevi anos atrás sobre o tal supermercado do tomatão. Mas é sempre assim, se você parar qualquer funcionário pra fazer qualquer pergunta, vai receber uma atenção tripla, talvez até uma aula ou com certeza uma tour. Na hora de pagar, os caixas sempre conversam com você [e entre eles] e, no meu caso fazem comentários elogiosos sobre a minha roupa e sobre a minha cesta e sacolas ecológicas, além de sempre comentarem ou fazerem perguntas sobre as suas compras. Nem sempre tem alguém para colocar os produtos nas suas sacolas, mas tem sempre gente interessante te dando dicas, puxando papo e comentando que aquele pão de canela que você comprou deve ser absolutamente delicioso, mas também super saudável, pois você sabia que a canela está sendo considerada o novo tempero super-poderoso do momento?

flores de hibiscus [secas]

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Apesar do aspecto deveras estranho, essas flores de hibiscus são bem gostosas—um pouquinho doce, outro pouquinho azeda. E são molinhas, como as frutas secas.

bolo que rola não cria musgo

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Lendo algumas revistas que trouxe da Inglaterra, percebi um nome que pipocava aqui e ali, constantemente. Fui checar quem era aquela tal de Delia Smith e descobri que há outras celebridades culinárias inglesas além de Elizabeth David, Nigella Lawson e o onipresente Jamie Oliver. Delia ficou famosa nos anos 60, especialmente depois de fazer aquele bolo pitoresco, que virou capa do disco Let it Bleed dos Rolling Stones. Pra mim, falou rock 'n ' roll já piscou mil luzinhas e conseguiu a minha atenção. Delia conta que numa manhã recebeu o telefonema de um fotografo perguntando se ela poderia fazer um bolo bem extravagante e feio. Ela aceitou o desafio, fez o bolo e só descobriu que ele iria fazer parte da capa do novo disco dos Stones quando chegou no estúdio do fotografo. Por ela ter feito o bolo da capa de um dos meus discos favoritos, deixei do lado o fato dela ser envolvida com religião e espiritualiasmo, de ter uma carinha e uma vozinha de moça boazinha, que cozinha toda organizadinha em panelas com cores combinantes. Li na wikipedia que ela ficou famosa por ensinar conceitos básicos de culinária. Também vi alguns videos de programas antigos dela no youtube e achei tudo super vintage. Não gostei das receitas dela que vi publicada numa das revistas, mas isso realmente não importa, pois como sabiamente diz o senhor Jagger—you can't always get what you want.

as pequenas arbequinas

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Outro dia o Uriel me trouxe da fazenda um ramo das azeitonas arbequinas, que são as que produzem o nosso azeite favorito. Foi uma grande surpresa ver como elas são pequenas—muito pequenas! Mas que sabor. Ele me fez esmagar uma na mão, esfregar o liquido e sentir o cheiro de fruta fresca, que é o mesmo do azeite. Ele também me disse que o azeite é feito exatamente assim: as azeitonas são prensadas e nada mais.

uma jarra antiga?

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Acho muito legal quando estou assistindo um filme e reconheço um objeto em alguma cena. No encantador Eternal Sunshine of the Spotless Mind, reconheci a pulseira de metal no pulso da atriz Kirsten Dunst, pois eu tenho uma igualzinha. Também já reconheci um abajour que tenho na sala de tevê num outro filme, que infelizmente não lembro qual. E outro dia reconheci num filme uma jarra que comprei no ano passado na lojinha de segunda mão do SPCA. Uso muito essa jarra, que acho linda, para colocar flores. Ela é enorme e deve servir pelo menos uns quatro litros de liquido. Nunca usei para servir, pois raramente preciso de uma jarra desse tamanho. Mas ela está sempre em uso com as flores da semana.

O filme é Sounder de 1972. Uma linda história de um família de lavradores negros vivendo na Louisiana em 1933. Eles plantam cana e fazem melado num pequeno sítio e enfrentam as durezas da depressão e as injustiças da discriminação racial. Um dia, o pai rouba um frango pra alimentar a família e é preso, condenado e enviado para um campo de trabalho. A mãe e os três filhos ficam sozinhos e ainda precisam descobrir pra que campo de trabalho o pai foi enviado. O menino mais velho e o cachorro [Sounder] saem juntos numa viagem pra descobrir o paradeiro do pai. E a viagem transforma o menino. O filme é lindo, emocionante, delicado e foi indicado para quatro Oscars—melhor filme, melhor ator, melhor atriz coadjuvante e melhor roteiro adaptado. Assistam!

Vi uma réplica da minha jarra comprada de segunda mão numa cena na cozinha da casa humilde da família numa tarde de domingo. Um casal de amigos está tocando violão e dançando, todos batendo palmas e se divertindo. Até que o pastor da igreja chega com a notícia de que o pai foi enviado para um campo de trabalho e ninguém sabe exatamente onde. A alegria acaba e a mãe serve um copo de limonada para o pastor. Na jarra linda, exatamente igual a minha!

arroz, feijão, banana frita

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No dia em que fui visitar o Old Town em San Diego, peguei o trolley e marquei de encontrar a Brisa por lá. O lugar é super bonitinho, cheio de museus, lojinhas e restaurantes. É uma réplica túristica de uma cidadezinha do tempo das missões, muito no estilo da nossa Old Sacramento, que reproduz uma cidade da corrida do ouro. Em Old Town abundam restaurantes mexicanos—dos que clamam serem tradicionais, com os atendentes vestidos em trajes tipicos dos pueblos mexicanos, até os super modernês, que transformam o ambiente e o cardápio numa fiesta hip-hop para atrair a turma jovem e pop. Estava um calorão, eu já estava com uma fome daquelas e não gastamos muito tempo escolhendo um lugar pra comer. Avistamos uma pequena casinha com um cardápio de comida latinoamericana. Resolvemos testar. Era uma opção diferente. O restaurante estava vazio e a atendente nos paparicou, conversando bastante. Ela, mexicana, nos contou que a cozinheira dedicadíssima era chilena. No cardápio tinha pelo menos um prato de cada país, desde Chile até Peru e Venezuela. O Brasil figurava com um vatapá. Era tanta opção diferente, que minha librianice emergiu me prevenindo de fazer qualquer escolha. Como a Brisa é vegetariana, resolvemos ir de feijão com arroz e banana frita. Pedimos também uma salada de laranja com azeitonas espanholas, que estava uma delícia, apesar de um pouco alhuda demais pro meu gosto. O prato principal veio com arroz, feijão, salada de repolho raladinho, banana frita e salsa. De quebra ganhamos tortillas com salsa verde. Comemos muito. Eu devorei as bananas de uma maneira beirando a falta de modos. Foi uma refeição muito boa, que nem sobrou espaço pra sobremesa. O restaurante, que leva o nome da cozinheira, se chama Berta's.

coconut bliss

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Sou daquelas que não pode ver nada diferente ou inusitado, que já me dá os siricoticos de provar. No meu Co-op, o freezer de sorvetes abunda com idéias interessantes. Sempre vejo sorvetes feitos com todo tipo de ingrediente alternativo, como este feito com leite de arroz. Desta vez parei nesses feitos com leite de coco, oferecido em vários sabores. Comprei o de cereja com amaretto. Na primeira colherada já se percebe o sabor do leite de coco, que é muito forte para ficar apenas como ingrediente de base. Infelizmente pra mim, o gosto do coco se destacou mais do que os outros sabores. Não achei o melhor sorvete do mundo, mas o meu marido não teve a mesma opinião e devorou tudo sozinho.

vou ali e já volto

Vou tomar a liberdade de enviá-los, sem guia, para as catacumbas do Chucrute. Podem explorar, sem medo, pois lá só tem coisa boa. Enquanto isso eu vou sair numa micro-férias. Divirtam-se e até breve!

ler.jpgMy many colored days

ler.jpg educando fezoca

ler.jpg o prato ambulante

ler.jpg thank you, miss carousel

ler.jpgquatro musas

ler.jpgo pudim & o Oscar

ler.jpgsomos nozes, castanhas & amêndoas

ler.jpgninguém engana o lobo

[presente de grego]

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ou melhor—presente de uma norueguesa engraçadinha...

Fomos jantar com a Reidun, o Idar e a Marianne e a Reidun me trouxe presentes, como ela sempre faz. Desta vez foram mudas de gerânio e de suculentas e este magnifico livro. Todo mundo deu risada porque me dar um livro desses é realmente uma galhofagem. A Marianne sugeriu que eu preparasse um jantar completo usando as receitas do livro e depois colocasse aqui, só para ser do contra. Sabendo da minha relação controversa com o tal do microondas, vocês podem imaginar a minha cara.

O Livro é de 1987, quando os microondas eram o triunfo da modernidade na cozinha, e tem mais de seissentas receitas. Barbara Kafka explica tudinho nos micro detalhes, os truques, os utensílios, as estratégias para abandonar o fogão comum definitivamente. A onda dos microondas deve ter sido poderosa por aqui, pois a autora tinha uma coluna sobre como cozinhar com microondas no jornal New York Times e nas revistas Vogue e Family Circle.

Microwave Gourmet deve ter sido um must. Esse exemplar tem de lambuja anotações feitas a lápis com uma letra de mão primorosa em várias receitas e alguns recortes de jornais da época, completamente amarelados, cheios de receitas e idéias revolucionárias. Microondas economiza energia e tempo! Felizmente mudamos nossa maneira de pensar e de cozinhar e hoje tudo isso só serve para nos fazer rir e nos espantar.

The Natural

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Esse assunto já é recorrente por aqui, mas eu não poderia deixar passar mais essa bufonice sem comentar. Vimos pra vender a nova Pepsi-Cola chamada de Pepsi Natural. Ela vem na garrafinhas de vidro, como era feito nos tempos longínguos e é adoçada com uma mistura de açúcar de cana e de beterraba.

Sim, vocês leram corretamente: essa Pepsi ganhou o adjetivo de NATURAL porque não é adoçada com o vilão da hora—o high fructose corn syrup [HFCS], mas sim com o ex-vilão regenerado, o nosso velho conhecido AÇÚCAR. É claro que a Pepsi Natural custa mais caro, pois afinal ela lhe dá aquela sensação de tranquilidade, que só os produtos naturais podem oferecer.

Ufa, não tem HFCS! Que alivio, hein? Voltamos para o ponto em que estavamos trinta anos atrás, só que agora com um atestado de confiança, pois essa Pepsi é Natural.

»o Uriel não aguentou a curiosidade e provou a nova bebida, que ele disse ter gosto de—Pepsi. eu passei, porque na minha cabeça essa troca de ingredientes simplesmente não faz diferença.

A evangelização segundo MP

Enquanto procurava por um itém da minha lista de compras pelas prateleiras de um dos corredores do Co-op, vi uma menina analisando uma dessas caixas tetrapak de leite de aveia ou arroz com grande concentração. Passei por ela e ainda na busca do que queria comprar, ouvi ela perguntar para um cara mais velho, que eu assumi ser o pai dela:

[garota]: o que você acha deste aqui?
[pai]: você não sabe que não devemos comprar nada que tenha componentes que você não entende o que é e nem consegue pronunciar na lista de ingredientes de um produto?
[garota]: mas eu conheço esses ingredientes e consigo pronunciar todos!
[pai]: bom, compre então só pra você, que eu não vou consumir isso.
[garota]: não parece nada mal.
[pai]: você não sabe que não deve comprar produtos que a sua avó não reconheceria como comida?
[garota]: mas minha avó com certeza reconheceria isso!
[pai]: você que sabe...

Não pude prolongar mais a minha parada ali com o ouvido esticadão. Segui em frente a contragosto e não vi o final da história—se a menina levou ou não o leite de caixinha que o pai criticava. Reconheci o discurso do pai, que não citou nenhuma fonte, mas que certamente saiu da leitura dos livros do Michael Pollan.

acontece...

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o alho brotou.

from California

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Finalmente terminei as classes online de traffic school, que transformaram minhas noites numa chatice absurda. Levei uma multa por excesso de velocidade em janeiro, quando voltava do Costco de Woodland. Tinha ido comprar um presunto especial para a minha cunhada e comida para os gatos. Eu tenho um pé pesado no acelerador, porque detesto dirigir e não tenho muita paciência com estradas. Essa, onde tomei a multa, é uma linha reta e está sempre vazia. A tendência é correr. Mas aprendi minha lição, alright! Desde o dia fatídico que tenho mantido forçadamente minha velocidade entre 65 e 70 milhas por hora. A multa foi salgada, mas o mais doloroso foi ter que fazer esse curso.

»Achei essas plaquinhas nos arquivos ancestrais do The Chatterbox. Não lembro mais o endereço do website onde fiz , mas elas são o fino da bossa—da década de 30 até hoje.

e agora, as azeitonas

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O campus da Universidade da Califórnia aqui em Davis é sapecado de oliveiras, assim como a cidade. Ao lado da minha casa tem uma fileira enorme das lindas árvores, que nos fornecem uma sombra agradável nos dias quentes. O problema das oliveiras na cidade e no campus são as azeitonas, que caem no chão e deixam o pavimento oleoso e escorregadio, especialmente para as bicicletas. Anos atrás alguém teve a idéia fabulosa de colher as azeitonas do campus e transformá-las em azeite. O negócio prosperou e o azeite da produzido pela UC Davis virou coqueluche nas cozinhas da cidade e região. Agora alguém teve outra idéia—por que não produzir também azeitonas de mesa? Voilá! Na semana passada fui comprar os primeiros vidros lançados pela universidade. As azeitonas são oferecidas em três sabores—siciliano, alho e limão. Comprei a de limão e me surpreendi bastante com o sabor das azeitonas. Elas não são muito carnudas, nem super tenras, mas são bem saborosas. Para a primeira leva está excelente.

uma horta conceitual

Minha vizinhança é quase homogênea em termos de status profissional dos proprietários das trinta casas coloridas que formam o círculo batizado de Aggie Village. A maioria dos meus vizinhos são professores da UC Davis. A real ocupação de um deles—o da casa do nosso lado da calçada, na esquina que desemboca para o Arboretum—foi no inicio uma incógnita. Nós víamos a mulher sair pela manhã, provavelmente para ir trabalhar, mas o marido ficava por lá, cavando uns buracos, arrancando uns matos e carregando umas pedras que ele amontoava aqui e ali. Concluímos pela aparência da coisa que a mulher devia ser professora e que o cara devia estar desempregado e por isso fazia penitência da vida ociosa trabalhando em reformas necessárias na casa. A varanda desses vizinhos estava sempre cheia de cacarecos, cadeiras, vasos, pedras, bicicletas e até uns quadrados de feno. A cerca tinha sido derrubada, deixando à mostra uma paisagem desolada, sem grama, sem flores, só um imenso terreno desnudo.

Não demorou muito para descobrirmos que o nosso vizinho carregador de pedras e fazedor de buracos não estava desempregado, muito pelo contrário. Estava muito bem empregado como professor do departamento de artes da Universidade da Califórnia.

Descobrimos também que a casa dele não estava passando por nenhuma reforma. Ela é na verdade o palco para uma constante e dinâmica instalação de arte conceitual, que eu ainda não pesquei o significado, apesar de ter certeza absoluta de que há um, ou vários.

Com o passar dos anos pude perceber claramente que meu vizinho é obcecado por pedras. Há centenas delas, empilhadas ou espalhadas, ao redor da casa. No último verão ele fez uma pilha em formato triangular debaixo de uma árvore, que me fazia pensar naqueles altares que se vê em estradas, para relembrar as pessoas que foram atropeladas. Mas as instalações com pedras não permanecem, pois logo as pedras somem, são relocadas e reaparecem em outra forma, num outro canto.

Embora tudo na casa do meu vizinho seja interessante, o mais peculiar é realmente o seu trabalho de jardinagem. O quintal não tem cerca, então quando caminho pela calçada ao lado posso ver claramente o imenso poeirão, com estradinhas desenhadas com pedras [claro!] e às vezes uns panos brancos imensos pendurados em arames estendidos e cruzados pelo espaço do terrão. Uma vez vi cadeiras num arranjo íntimo, para logo em seguida presenciar o vizinho com a esposa e um amigo bebendo chá, sentados no meio do jardim árido de terra e pedras. No quintal não tem nenhuma planta. Mas ao redor da casa, numa espécie de barranco, o vizinho planta uma horta. E espande a plantação para uma área comum, que separa a nossa vila do caminho das bicicletas do Arboretum. Ali, num espaço de uns 10 X 200 metros, o vizinho planta flores—california poppies e girassóis—e legumes e verduras—milho, abóbora, pimentões, berinjelas, tomates.

Todo ano o jardim que ele planta, no barranco que circunda a casa e no canteiro separatório, vira um horrível matagal. As plantas crescem alucinadamente e se espalham pela calçada. Muitas vezes no final do verão, já não é possível caminhar por ali e temos que dar uma volta para evitar ter que desbravar a selva. Nunca entendi muito bem o propósito daquilo, até que o Uriel ficou sabendo pelo próprio vizinho, que a horta que ele planta anualmente é comunitária, para qualquer um pegar o que quiser. Pelo jeito ele não divulgou muito bem a mensagem, pois nunca vi ninguém pegando nada. O que acontece todo ano é um grande e escandaloso exercício de desperdício.

Noutro dia emergi no morro, vinda de uma caminhada pelo Arboretum, para uma visão do vizinho numa reinterpretação californiana do guru indiano dos Beatles. Vestido numa túnica longa e calças cor-de-rosa, ostentando óculos escuros, com o cabelo desgrenhado e grisalho preso num rabo de cavalo e a barba branca longuíssima apontando em direção ao sol poente, ele regava caprichosamente o vasto canteiro, que já tinha sido limpo, redecorado com pedras [claro!] e a terra preparada para o plantio. O caso é que só vamos saber o que o vizinho decidiu plantar daqui a alguns meses. Se bem que ele avisou, no dia que contou que a horta era self-service, que também aceita pedidos e plantaria o que você quisesse colher: pepinos, batatas, melancias, beterraba, morangos? Arriscaríamos, pois então, pedindo, quem sabe, se fosse possível ele plantar umas mandiocas, uns chuchus e um pé de maracujá?

El Jamón Ibérico

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Orgulho da cultura gastronômica espanhola.

sabonete de banana

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Pra quem é louca por essa fruta, como eu. O presente perfeito.
Adorei, Mariana!

bolinho de feijão & castanha

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Massinha fofinha recheada com feijão azuki e castanha portuguesa. Mais uma delicia made in Japan que devorei durante a semana.

[pecados]

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sour jelly beans

amêndoas de pobre

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Eu já tinha visto as sementes de damasco sendo vendidas no Trader Joe's e tinha deixado passar, sei lá por que. Mas outro dia comprei para experimentar. As sementes do damasco são também conhecidas por "amêndoas de pobre" ou "amêndoas amargas". Elas são realmente amarguinhas. Quando você mastiga, sente a doçura que pode mesmo ser comparada com a da amêndoa, mas logo em seguida vem a amargura. Nada monstruoso, mas não é tão prazeiroso quanto comer as amêndoas, que são doces do inicio ao fim. Fui ler sobre as sementes de damasco e encontrei dois tipos de informação—uma, que o consumo dessas sementes previne certos tipos de câncer; outra, que as sementes contém amidalina e se consumidas em excesso podem provocar sintomas de intoxicação por cianido. Well, não sei como alguém poderia comer tantas dessas sementes a ponto de se intoxicar, já que elas não são nem tão saborosas assim. No meu caso, eu passo!

tem de tudo

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As inúmeras visitas que eu faço ao Co-op durante a semana sempre acabam me mostrando o caminho para algumas novidades. Normalmente eu compro os mesmos produtos de sempre, os que já aprovei e gosto. Mas mantenho minha mente aberta para coisas diferentes. Eu adoro massa integral, apesar que nem todas são muito saborosas. Achei interessante a de multi-grãos—arroz, quinoa e amaranth. E a feita com farinha de jerusalem artichoke foi realmente uma surpresa!

loja de doces [em Old Sac]

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Entramos nessa loja em Old Sacramento porque o cheiro que saia de lá era inebriante. A Livia comprou logo um algodão doce—que ainda estava quentinho recém-saído da máquina. Nós ficamos olhando a manufatura artesanal dos brittles e toffees, gostosuras com caramelo, chocolate e todos os tipos de nozes. Esse das fotos é um brittle de coco. Provamos um pedaço e estava muito bom.

o cão pidão

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No tasting room da vinícola Imagery no Sonoma Valley, um casal estava numa provação de vinho tão dedicada que o cachorro deles perdeu a paciência e resolveu ir à luta. Foi até o outro lado do balcão, onde colocou as patas e com o olhar mais pidão do mundo implorou por algo—um copo d'agua? uma taça de vinho? uma xícara de café? alguém para levá-lo peloamordedeus para casa? socorro, please, onde é o dábliucê? Todo mundo riu, mas ninguém sacou o que o cão queria. No fim ele ganhou um grissini, que comeu resignado, até que os donos se tocaram e vieram pegá-lo. Au-au!

a casa de gengibre da Livia

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Ela montou e decorou sozinha, depois nós serramos as paredes e tentamos comer os pedaços, mas estava muito doce. Bleargh. Foi legal apenas fazer, né Lili?

vejo a foto vendo a foto

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Adorei essa foto que meu cunhado fez da minha irmã vendo as fotos do nosso Natal. Quis fazer igual, então o Uriel tirou outra foto, eu olhando ela olhando as nossas fotos.

final feliz

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Aquela tragédia inenarrável terminou em final feliz. Na vépera do Natal chegou a caixinha da Le Creuset, com a panelinha substituta. Eles me ofereceram 75% de desconto numa nova, pois afinal de contas eu DERRUBEI a outra no chão. Até que eles foram bem generosos. E de agora em diante, cuidados redobrados!

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correndo atrás do próprio rabo

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Somos uma civilização de bufões irresolutos e equivocados. Primeiro proclamou-se pelos quatro cantos do mundo que o açúcar feito da cana ou da beterraba era um VE-NE-NO. Veneno, ouviram? Foi um desembestar de criaturas desesperadas buscando uma solucão mais saudável, vinda de adoçantes naturais ou artificiais. O lado negro da força foi rápido no gatilho e desenvolveu e implementou um adoçante barato e poderoso feito de milho, batizado de high fructose corn syrup, que depois de estar sendo usado num número infinito de produtos foi proclamado também um VE-NE-NO, causador até de obesidade em crianças. Correria pra lá, gritaria pra cá, histeria geral que causou uma verdadeira explosão no consumo dos adoçantes artificiais, elevando os produtos diets à categoria de salva-vidas—um must mesmo custando o triplo. No final, num espasmo de espanto coletivo, descobre-se que os pózinhos doces seriam causadores do mal de Alzheimer e de câncer. Choque! Comoção! Rodamos feito baratas tontas e voltamos ao ponto em que estávamos quando começou toda essa história. E a maior ironia de tudo isso é ver que a opção saudável do momento são os refrigerantes naturebas adoçados com AÇÚCAR!

poesia portátil

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Encontrei uma caixa com palavras magnéticas no fundo de uma gaveta...

my moleskine

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Acho que todo mundo que gosta de escrever carrega na bolsa ou bolso um moleskine. Eu tenho o meu. Nem sempre foi um moleskine. Nos tempos do onça eram pequenos caderninhos de espiral ou brochura, que amassavam e rasgavam dentro da bolsa. Com o moleskine não acontece dessas desgraças, pois apesar de ser maleável, ele tem uma capa dura e um elastico segurando, que previne que ele se abra. Eu carrego meu moleskine pra onde for, no dia-a-dia e em viagens longas ou curtas. Uso ele para anotar detalhes importantes do que eu comi, o nome do vinho, endereços de lugares, informações pertinentes, e-mails de pessoas que eu por ventura encontre e algumas idéias. Usei meu moleskine quando fui ouvir o Michael Pollan em Berkeley, porque é óbvio que nem pensei em levar um bloco de anotação. O moleskine sempre me salva, porque minha memória é péssima. Esses caderninhos são objetos de desejo de quem gosta de escrever e de desenhar [há moleskines com páginas brancas, sem linha] também pelas histórias que eles carregam. É sabido que Ernest Hemingway escrevia suas idéias num moleskine, assim como Picasso, Matisse e van Gogh rabiscavam seus desenhos num deles.

Free Food

O ano letivo na UC Davis começa nesta quinta-feira. A movimentação já está intensa, com estudantes chegando e se instalando em apartamentos, fraternidades, sororidades, condominios e dormitórios. Já percebi um fluxo maior de bicicletas pelo campus e toda hora vejo um barata tonta com aquela cara de quem não sabe onde está, girando um mapa, pra esquerda, pra direita e escaneando a área ao redor com movimentos oscilantes da cabeça. Pobres e perdidos freshmen. Outra coisa que reparei foi a quantidade de cartazes aflixados pelos caminhos principais do campus. A maioria está tentando convocar os novos estudantes para se afiliarem em associações e organizações. E todos oferecem alguma coisa, geralmente as mais chamativas: pizzas, sorvetes, sanduiches. Uma das placas vai direto ao ponto e anuncia selvagemmente—FREE FOOD! Que estudante recém-iniciado numa vida longe da família e com pouco dinheiro vai conseguir resistir a um atrativo como esse?

café do Brasil

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Quando estivemos no Oxbow Public Market em Napa no mês passado, o Uriel bebeu o café da fazenda São João vendido no Ritual Coffee Roasters e não gostou. Veredito—onde já se viu um café brasileiro vir num canecão desses?

how to make moqueca

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Mais uma vez fui lá eu ensinar a malta a fazer moqueca. No ano passado tivemos um evento chamado Dia do Brasil, quando dei a aulinha, num dia cheio de mil atividades que culminou com eu perdendo inexplicavelmente todas as fotos.

Desta vez o evento foi o Festival Latinoamericano que ocorre uma vez por ano e a nossa associação brasileira Brazil in Davis participa. É um evento beneficiente, onde arrecadamos dinheiro para fazer doções para entidades assistenciais que trabalhem com crianças carentes em cada país respectivo. Sempre participam o Brasil, o Chile, a Argentina, a Colômbia, a Venezuela, o Peru e neste ano Cuba também juntou-se ao grupo. O evento deste ano copiou o esquema que fizemos no Dia do Brasil e então a venue foi um pouco diferente, mas teve comidas típicas, além de palestras, shows de música e dança, exposição de arte, atividades para as criancas, open mic, aulas de dança e aula de culinária, onde eu participei com a infalível receita de moqueca da minha amiga Paula.

Eu uso a receita que a Elise adaptou para o inglês, com medidas mais exatas. Sempre, sempre, essa receita dá certo e faz um sucesso danado. Desta vez não foi diferente. O único problema nisso tudo sou eu mesma, com minha timidez horrorosa e meu temor de falar em público. Apesar do meu descabelamento, ensuvacamento e mal ajambramento pessoal, deu tudo certo. Levei tudo organizadíssimo, pois já tinha a experiência anterior pra me basear. As outras aulas que vi—de uma venezuelana e de uma colombiana, estavam extremamente desorganizadas. Elas não levaram nada e ficavam procurando os utensílios e ingredientes nos armários da pequena cozinha da International House durante a aula. Bocejo! A venezuelana entrou no meu horário e eu comecei minha aula com quinze minutos de atraso por causa dela. Mas eu estava o fino da organização, levei tudo que precisava e não me atrapalhei. Ofereci a receita impressa, com um pouco da história da moqueca baiana e capixaba também. Os atendentes curtiram. A cozinha da IHouse é pequena, então cabem lá umas quinze pessoas. Mas na hora de servir uma amostra da moqueca pronta, que eu levei montada e ficou cozinhando enquanto eu fazia outra na frente das pessoas, não parava de chegar gente para pegar um potinho. Servi a panela inteira. Teve gente que veio pedir mais um pouco e quando acabou o peixe, me pediram o caldinho! O panelão de sete litros que preparei durante a aula foi vendido em porções na nossa barraquinha de comida brasileira. Não sobrou uma lasca. Sucesso absoluto!

a cozinha da nossa casa

É notório o desdém que Julia Child tinha pela cozinha italiana, que ela considerava desinteressante. Mesmo assim, ela e Marcella Hazan sempre mantiveram um relacionamento amigável. Hazan é considerada uma autoridade em culinária italiana e a responsável por introduzir as técnicas tradicionais dessa cozinha nos Estados Unidos e Grã Bretanha. Hazan é para a culinária italiana, o que Julia Child é para a francesa. Com o pequeno—porém notável—detalhe que Julia não era francesa, mas Marcella é uma italiana, nascida em 1924 na vila de Cesenatico, na região da Emilia-Romagna.

Por mais que eu adore a Julia Child, tenho que discordar da opinião dela com relação à comida italiana e ficar totalmente ao lado da Marcella Hazan. Em The Classic Italian Cook Book, seu primeiro livro de culinária publicado em 1973, Hazan bota os pingos nos is com relação à mal interpretada comida italiana, que não consiste apenas do batido espaguete com porpetas ou da inevitável polenta. Ela afirma que o termo "comida italiana" é totalmente equivocado, pois a Itália é um país dividido em muitas regiões, cada qual com suas caracteristicas e sua cozinha especifica. Ela diz que a única cozinha que pode ser considerada a verdadeira cozinha italiana é la cucina di casa, ou seja, a comida que se prepara rotineiramente nas casas italianas. Nós, brasileiros, sabemos muito bem como funciona essa história de culinária regional, e eu que cresci numa casa brasileira totalmente influenciada pelos meus antepassados italianos da região da Basilicata do meu lado materno, percebi bem cedo a predominância dessa culinária regional italiana na minha família. Nas festas sempre apareciam muitos pratos tradicionais, adaptados aos ingredientes brasileiros.

Os ingredientes que sempre predominaram na cozinha e na despensa na casa dos meus pais e dos meus tios e tias, são os mesmos que Marcella Hazan explica em detalhes no seu livro. Estou encantada. Vou comentar sobre o que já li até agora, na sequência.

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O Uriel já vem desenvolvendo há alguns anos umas colheitadeiras para alguns produtores daqui da Califórnia. As máquinas foram projetadas para colher com precisão pêssegos, pistachos e azeitonas. Por isso, de vez em quando aparece por aqui um monte de azeitonas verdes, ou de pistachos crus, ou sacos cheios de pêssegos. De vez em quando também os produtores mandam um agradecimento, porque aqui é muito comum esse hábito de dizer thank you pra tudo. Desta vez um deles preparou uma caixa, que eu achei bem legal. Ela veio cheia de produtos da Califórnia, alguns deles envolvidos no trabalho que o Uriel faz, como as azeitonas e os pistachos. Nada ali foi novidade. Tudo eu já conheço, porque eu sou uma ávida consumidora dos produtos locais. Mas gostei da idéia de agradecer mostrando como o trabalho dele vai contribuir para melhorar a qualidade do produto final.

Na caixinha de agradecimento vieram uns cookies gourmet gigantes, com amêndoas, pistachos e frutas secas, que não estavam lá muito fotografáveis. Veio também mel, azeitonas recheadas com alho, chocolates recheados com pistachos [nós cortamos pedacinhos para experimentar], ameixas secas cobertas com chocolate, e manteiga de amêndoa que é a minha favorita. Adoro essa delicia local. Aliás, outro dia eu li que a Califórnia é responsável por quase oitenta por cento da produção mundial de amêndoas. Impressive!

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Não consigo lembrar o nome da cidade, mas quando entramos na rua principal e eu vi a placa indicando as direções para chegar no Food for Humans, fiquei entusiasmada, querendo saber se era um restaurante. Precisei ir conhecer esse lugar com um nome tão criativo. Seguimos as placas e estacionamos numa ruazinha, onde ficava uma linda casinha onde funcionava um mini-co-op. Fiquei encantada. Enquanto o Uriel ficou no carro analisando o mapa, eu subi as escadinhas e entrei no improvisado supermercado, que logo na entrada vendia cerâmicas lindas. Caminhei pelos corredores cheirando a especiarias e saí de lá feliz, mesmo não tendo comprado nada, somente pela experiência de ter estado num lugar batizado de Food for Humans.

No minuto em que vi as placas, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi de como é importante ser criativo e diferente quando colocamos nomes nas coisas. Onde você escolheria almoçar ou fazer compras—no Cindy's Place ou Susy's Market ou no Food for Humans? A minha escolha vocês já sabem.

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Pronto. A casinha de hóspedes foi alugada para o casalzinho singelo com bochechas rosadas de Chico. Eles pagaram um depósito para segurar a casa, assinaram o contrato e mudam-se dia primeiro de junho. Enquanto isso, o Uriel aproveita pra fazer algumas coisinhas por lá, como trocar lâmpadas e remover a escada de subir em pé de jaboticaba e instalar uma escada caracol, com degraus seguros e corrimão. Aproveitei e tirei umas fotos da frente, fundos e interior da guest house. As fotos mostram a minusculice do lugar. O quarto fica no loft. Nessa foto só estou dando uma de tonta alegre, pois nunca subi lá devido ao meu pavor de alturas.

A cozinha do Mosteiro de Mafra

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No Mosteiro de Mafra, fiquem encantada com a cozinha dos frades, toda equipada com tachos de cobre medievais. Fotografei alguns detalhes até que fui alertada que "não pode tirar fotografias". Então fechei a câmera, desconsolada....

twinkies 'R' forever

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Twinkies—os bolinhos do Michael Pollan.
Data de validade—fim do mundo.
Modo de usar—para matar a fome, em caso de uma hecatombe nuclear.
Os twinkies e as baratas—os insetos com certeza não vão querer comê-los.

a lancheira da Wilma F.

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Dois dias participando de um seminário em Sacramento mudou a minha rotina. Me fez finalmente tirar a poeira e usar pela primeira vez a lancheira grande, que comprei um tempo atrás junto com a pequena, naquela incrível loja online.

Como eu não sabia como iria ser o esquema de comida do evento, fui para o seminário carregando minha lancheira da Wilma Flintstone. Essa lancheira é uma coisa impressionante de espaçosa. Estou acostumada com a pequiena, que uso diáriamente pra levar meus snacks pro trabalho, mas a grande me surpreendeu. No primeiro dia levei até uma caneca, pois não podia ficar sem o meu chá. Ela arrancou comentários elogiosos de boa parte dos participantes do evento. Muita gente perguntou onde eu tinha comprado a lancheira fofa. Sucesso! Acabei almoçando com minhas colegas na área de alimentação de um shopping que eu detesto em Sacramento, com predominância absoluta de junk food. Elas comendo uma gororoba chinesa acomodada numa embalagem de isopor [yacks!] e eu com minhas saladinhas de edamame e de batata-doce, sandubinha de cenoura com azeitonas, banana, laranja em cubinhos, iogurte, lahdihdah...

tô-fraco-tô-fraco-tô-fraco

Cheguei no trabalho pela manhã, tive apenas tempo de ligar meu computador e ainda estava de casaco e boina quando meu chefe veio falar comigo:

[C]—você viu as aves lá fora? elas estão naquela parte de grama da esquerda e são muitas.
[F]—não vi, elas estão vivas ou mortas?
[C]—vivas! estão ciscando todas juntas no gramado!
[F]—nossa, não vi nada! onde?

Ele me acompanhou até a porta e quando abriu eu pude ver, como se estivesse sonhando, um bando de galinhas d'angola gorduchudas e felizes atravessando a rua apressadamente. Uma que ficou um pouco para trás, deu até uma voada rasante para conseguir alcançar as outras. Fiquei pasma! Ficamos confabulando que tipo de aves eram aquelas, embora eu já soubesse que eram com certeza as famosas d'angolas. Mas de onde elas sairam? Será que elas pertencem à algum departamento da faculdade de veterinária? Que eu saiba na UC Davis não tem zoológico.

celebridades

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Na semana passada o Bill Clinton esteve aqui na UC Davis, fazendo campanha para a sua querida cara-metade que é candidata a candidata à presidência do país. O Uriel pensou em ir lá ouvir o que ele tinha pra dizer, eu descartei na hora, porque sinceramente abomino muvucas. Não fomos. Nesta semana recebemos o jornalzinho da universidade e quando vimos a foto ilustrando a matéria da visita do ex-presidente, quase caimos da cadeira. Quem é que está abraçada com o Bill, sorrindo com aquele sorrisão de ferrinhos prateado? Quem? Quem? Quem??

Ninguém menos que a nossa inquilina!

A inquilina da nossa guest house é uma figuraça extraordinária. Os assíduos deste blog já puderam ler histórias com ela, como esta aqui ou esta aqui. Agora estão tendo a oportunidade de ler mais uma, desta vez com ela arrasando Arkansas em chamas, abraçada ao Billy The Kid. Bom, pelo menos agora já sei quais são as inclinações políticas dela. Muito bem, garota!

A cozinha da Alice

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Alice Waters vive na mesma casa há 23 anos. É uma casa pequena e estreita, construída em 1908. O coração da casa é com certeza a cozinha—um espaço que reflete o compromisso de Alice com a simplicidade. Ali não há forno de microondas, nem mesmo um processador elétrico de alimentos. O utensílio mais moderno presente na cozinha de Alice é um pequeno forninho elétrico, que ela pintou de verde escuro, para combinar com a cor das paredes.

Os dois fornos à lenha e o forno aberto tipo lareira, instalados na parede de um dos lados da cozinha no espírito de Lulu Peyraud, são os itens favoritos de Alice. Ela também gosta dos batedores de arame, das facas de qualidade, das caçarolas de terracota, das panelas não aderentes, especialmente as de cobre e ferro. Mas a peça que Alice mais adora é o pilão. Alice não vive sem seu pilão.

No lado mais ensolarado da cozinha fica uma mesa grande e oval, com tampo de mármore, rodeada de cadeiras de madeira descombinadas. Num canto, um armário alto abriga uma coleção de pratos grossos de cerâmica e cumbucas francesas para café com leite, em diferentes estilos, mas combinando harmoniosamente. Uma janela tripla oferece uma visão do quintal e da horta de Alice. Livros antigos de culinária, livros de arte, cestas e garrafas de vidro ajeitam-se numa prateleira logo abaixo das janelas. Nas paredes há pinturas e fotografias—uma delas do elenco original da trilogia de Marcel Pagnol.

No meio da cozinha fica uma bancada pequena, estreita e ergométrica, com uma pia funda de cobre e prateleiras cheias de vasilhas, pratos e panelas. Ao lado do enorme forno profissional, uma grande superfície de trabalho com espaço para os convidados de Alice, que sempre acabam ajudando a preparar a comida. A cozinha também tem um piso de carvalho tingido de verde oliva, que é a cor favorita de Alice.

*Fotos do livro Great Kitchens – At home with America’s top chefs.

California rock 'n' roll

O primeiro restaurante de sushi nos Estados Unidos abriu na região de Little Tokyo, centro de Los Angeles, sul da Califórnia, em 1960. Era um pequeno bar com seis banquinhos chamado Kawafuka. Logo em seguida surgiram outros dois outros restaurantes, o Eikiku e Tokyo Kaikan. Os sushi chefs do Tokio Kaikan, Ichiro Mashita e Teruo Imaizumi receberam os créditos pela criação do primeiro sushi cross cultural, adaptado ao paladar ociental—o California roll. Na época o atum fresco em Los Angeles era sazonal, disponível somente durante o verão. Os chefs começaram a pensar no que mais poderiam usar pra fazer os sushis. E encontraram uma abundância de abacates produzidos localmente. Fresquinhos e cortados em cubos, a polpa dos abacates têm uma oleosidade natural que se aproxima muito da textura do peixe gordo. Combinado com king crab, pepino e gengibre, o sushi California era servido para ser comido com as mãos. O novo sushi se tornou bem popular e serviu de estímulo para os clientes ocidentais do restaurante, enquanto iam desenvolvendo coragem para provar os sushis autênticos, com peixe cru. Durante os anos 70, o sushi ainda era considerado uma iguaria exótica. A popularidade veio somente nos anos 80, com o estrondoso sucesso da mini-série Shogun, que colocou o país numa mania coletiva por coisas japonesas. Hoje, o sushi já entrou no cardápio oficial norte-americano e Califórnia virou sinônimo de sushi vegetariano. Não poderia ser mais apropriado!

the pizza revolution

Quando o chef austríaco Wolfgang Puck abriu o Spago, seu restaurante na Sunset Boulevard de Hollywood em 1982, ninguém esperava que o centro do menu fosse a pizza. Com um poderoso forno à lenha italiano instalado em frente ao bar, o restaurante foi um sucesso instântaneo. Puck inovou o cardápio de pizza da América, colocando sobre os discos de massa ingredientes como camarões frescos de Santa Barbara, prosciutto, scallops, queijo de cabra de Somoma, alcacrofras, berinjelas, flores de abobrinha, ou qualquer tipo de produto fresco que por ventura o chef achasse no mercado do dia. A pizza mais famosa do Spago era a recheada com salmão defumado, caviar, cebola roxa e creme fraische aromatizado com dill.

O restaurante Spago atraia foodies e celebridades. Frequentadores assíduos eram Billy Wilder, Warren Beatty, David Bowie e Jack Nicholson, que sentavam-se às mesas cobertas por toalhas impecavelmente brancas onde talheres de prata da Christofle e pratos imensos da Villeroy & Boch eram arranjados com classe e harmonia.

Gourmet - 1971

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Depois de um ano, voltei na biblioteca para pegar mais uns volumes da revista Gourmet. Desta vez quis folhear os anos de 1971 e 1972. Foi uma diferença brutal com as singelas edições de 1941, cheias de ilustrações e textos. Inaugurando a década de 70, a Gourmet estava totalmente funkadelic—muitas fotos, a maioria muito feia, escuras e não muito apetitosas, algumas propagandas de carro, outras poucas diversificadas e uma imensidão de anuncios de bebida alcoólica. Não apenas bebida alcoólica, mas destilados. Fiquei realmente impressionada. Noventa por cento das propagandas das edições de 1971 e 1972 era de bebida destilada. E algumas com teor incrívelmente machista. Eram outros tempos. Fiquei tão impressionada que mostrei as revistas para a jornalista que trabalha comigo no IPM. Nós duas comentamos o quanto essa situação das drogas legais mudou aqui nos EUA. Além de outras coisas, como a etnicidade das propagandas. Hoje não se vê esse tipo de pose machista com um casal branco, tudo tem que ser multicultural e indiscriminado, o que eu acho maravilhoso. Fui folheando a revista pra jornalista ver e era UM anúncio de bebida POR página. Eu folheava e ela exclamava—holy shit! Realmente, a revista mudou, o país mudou, o mundo mudou.

*alguns shots mequetrefes das páginas da Gourmet 71 estão AQUI.

até tu, trufus!

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Um vidrinho de trufas negras à venda por dez patacas? Barbas de molho, minhas senhoras e meus senhores. Essas trufas baratotais, que geralmente o rótulo diz serem francesas, mas umas letrinhas miúdas denunciam—tuber indicum, são na verdade as trufas chinesas, cultivadas massivamente na China. E onde mais? Nem o Paraguai conseguiu essa façanha. Há muitos tipos de trufas. As chinesas se parecem muito com as francesas, mas não têm nem de perto o mesmo sabor. E a trufa francesa custa dez vezes mais. Essas trufas servem pra enganar trouxas, como o azeite trufado que se compra em qualquer supermercado e que não tem nem um pingo de trufa nele. As trufas chinesas são trufas, sem dúvida, mas não são o Real McCoy.

*comprei o vidrinho, provei o gosto borrachudo das ditas cujas chinesas e agora, o que faço com elas? um stir fry?

you can get everything you want

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at Alice's restaurant

Eu tirei essa foto na Portobello Road em Londres porque eu adorei o lugar e também porque me lembrei imediatamente do Alice's Restaurant do Arlo Guthrie. O Arlo era um jovem hippiezinho no Festival de Woodstock e continua um hippie até hoje, já não tão jovem. Mas quando ele ainda era um piázinho desengonçado, compôs uma música chamada Alice's Restaurant, que é literalmente uma viagem, pois dura quase meia hora. Depois o Arthur Penn dirigiu o Arlo num filme, também chamado Alice's Restaurant, com a Alice e seu restaurante. O filme é outra viagem, hiponga.

Não sei explicar exatamente como, onde e por que, mas eu e o Uriel temos até essa private joke, quando dizemos um pro outro—you can get everything you want [at Alice's restaurant]. Também não sei por que eu gosto tanto do Arlo e tiro foto do restaurante—ou pelo menos parecia um restaurante, em Londres, só por causa da música dele. Talvez não seja somente pelo fato do Arlo ser fofo, engajado e cantar músicas de protesto, mas também porque ele é o filho caçula do Woody Guthrie. Quem é Woody Guthrie, você me perguntará? E eu responderei prontamente, Woody Guthrie foi um grande folk singer norte-americano e um dos caras que influenciou Bob Dylan.

no high fructose corn syrup

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Esse Paul Newman é mesmo um batuta!

indian corn [take II]

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Quis fazer outra foto com os mini-milhos, pois a lindeza deles merece muitos takes, retakes e remakes! Pois não?

gingerbread man cookie cutter

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Quando minha cunhada me pediu os cookie cutters no formato do gingerbread man, eu assobiei satisfeita—tranquilex, tá no papo, facinho de resolver essa parada. Quando comecei a entrar e sair de lojas de mãos vazias, um sentimento imenso de frustração me invadiu, em modo incompreensão total perguntei como podia eu estar achando cortador em formato de absolutamente TUDO, menos o do homenzinho de gengibre? Minha nora que vou te contar sabe tudo, me respondeu, informando daquela maneira blasé que ela tem de informar coisas trágicas, que achar os gingerbread man cutters iria ser uma missão. Sei lá por que motivo eles parecem ter virado raridade. Ela me sugeriu olhar no e-bay e em lojas de segunda mão. Eu não fui, mas fiquei com o pedido da Patrícia ali na gavetinha das coisas por fazer. Toda vez, toda vez mesmo que eu entrava em qualquer loja, procurava pelos cortadores, assim como quem não espera nada.

Um ano depois numa hardware store em Placerville, lá estavam os gingerbread man cookie cutters! Comprei dois pra ela, dois pra mim. Tenho certeza que a Patricia vai fazer bonecos de gengibre lindos para pendurar na árvore de Natal ou para dar de presente. Eu prometo tentar usar os meus. Depois dessa peregrinação, prometo mesmo!

rabanete psicodélico

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Nunca se sabe o que se vai encontrar quando se corta um rabanete ao meio. Os desenhos são muitas vezes incríveis! Esse foi uma viagem psicodélica. E o gosto não compromete, apesar desse rabanete ser um pouco mais doce que a maioria.

delicias do mundo

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panforte

cozinhas - Zaida Siqueira

As fotos de cozinhas da fotógrafa Zaida Siqueira são literalmente uma viagem. O website tem uma navegação não muito amigável—clique em fotos e depois na primeira foto cortada da esquerda. Clique então nos quadradinhos para ver as fotos grandes. Clique na foto grande para voltar ao menu de quadradinhos. Veja todas as fotos, porque elas são maravilhosas. Eu fiquei hipnotizada pela beleza e familiaridade de muitas daquelas cenas.

at the greenmarket

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Descobri abismada que tenho muita coisa em comum com a Alice Waters. Fazemos nossas compras no farmers market da mesma maneira metódica. Eu chego e caminho olhando todas as bancas, esquerda e direita, vou até o final do mercado, analisando o que está na estação, traçando uma estratégia, escolhendo mentalmente o que vou comprar, o que me agrada mais, o que me chama atenção, tentando pensar no que fazer com os ingredientes. Também como a Alice, eu sempre converso com os fazendeiros, comento e pergunto o nome das coisas, e sempre encontro amigos pelo mercado. No caso dela são fãs. Vamos comprando os ingredientes mais frescos da estação ou aquele um que está dando o seu último ar da graça, o último suspiro. Hoje fiz a minha caminhada pelo mercado, observando a chegada das inúmeras variedades de pêras e das romãs, pensando feliz que tenho esse hábito em comum com o mito da culinária californiana. Eu e Alice Waters, quem poderia imaginar uma coisa dessas?

fatos históricos que adoramos aprender

O restaurante Chez Panisse em Berkeley, Califórnia, serviu o seu primeiro jantar inaugural em 28 de agosto de 1971. O menu único teve pâté en croûte como entrada, canard aux olives e uma salada como prato principal, uma torta de ameixas de sobremesa e café. O preço, também fixo, era de $3.95. Alice Waters ainda estava martelando um tapete na escada quando os primeiros comensais começaram a chegar. Eram na maioria amigos e ela os recepcionou naquele dia usando um vestido antigo de renda beige. Um enorme vaso com flores decorava a entrada. Cinco garçons passaram a noite trombando entre si, enquanto tentavam servir os clientes jantando no pequeno salão, com poucas mesas arranjadas com toalhas xadrez de vermelho e branco, louça e talheres de segunda-mão descombinados. Os vinhos servidos naquela noite foram Mondavi Fumé Blanc, Mondavi Gamay e um Sauternes, Château Suduiraut, vendido por copo. A caótica cozinha foi comandada pela chef Victoria Kroyer. Antes de ser contratada por Alice, Victoria fazia pós-graduação em filosofia na UC Berkeley e nunca tinha trabalhado num restaurante. Sua única experiencia com culinária era os jantares que ela preparava na sua própria cozinha. No final da noite, 120 refeições foram servidas, nem todas foram pagas. Clientes aguardavam na calçada, quando Alice avisou—desculpem, mas não temos mais comida, voltem amanhã. Faltou talheres e no dia seguinte Alice percorreu todos os flea markets da cidade, buscando por mais talheres antigos e o número de garçons baixou para três, o que tornou o serviço mais eficiente. O nome Chez Panisse foi uma homenagem ao personagem Honoré Panisse da trilogia Marius, Fanny, and César do diretor francês Marcel Pagnol, de quem Alice era fanzoca.

Got Guts?

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Toda vez que eu ia ao Co-op ou ao Nugget comprar meu leitinho orgânico, via na prateleira as garrafinhas do raw milk–leite cru. O Gabriel já tinha me contado que um casal amigo dele só comprava esse leite, mas eu não fiquei muito interessada, pois estava bem claro que se eu comprasse esse leite, teria que fervê-lo. Mas quando eu li a reportagem do New York Times [Should This Milk Be Legal? infelizmente já fechada], comentando o frenesi do leite cru aqui nos EUA, fiquei com as minhocas de experimentá-lo. A reportagem do jornal explica que esse leite, não pausterizado, é proibido de ser vendido em quase todos os estados do país. A Califórnia é uma das exceções. Mas o pessoal dos estados onde a venda desse leite é proíbida, fazem das tripas coraçào para conseguir o leite clandestinamente, direto de alguma fazenda, sem comprar, mas fazendo trocas, para não infringir as leis. O debate é até onde vale a pena o risco de contrair salmonela, e.coli ou listeria, ficar doente e morrer ou ficar com gravíssimas sequelas, só pelo prazer de beber um leite mais saboroso, que contém umas enzimas a mais que o leite pausterizado.

Quando eu cheguei do supermercado com a garrafa de raw milk na cesta, o Uriel despirocou. Entrou correndo na internet e achou um pdf do USDA [Departamento de Agrícultura dos EUA] e me mandou ler o artigo com título em letras garrafais: The Dangers of Raw Milk. Eu até que tinha pensado em dar um golinho no leite, só pra ver se era assim tão mais saboroso. Mas com todo aquele escândalo perpetrado pelo meu marido, amarelei e FERVI o leite.

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O leite que eu fervi, com uma nata grossona boiando na superfície, me lembrou a minha infância, quando o leiteiro entregava o leite em casa, vindo numa carroça e colocando o leite do galão de metal na jarra. Todo santo dia se fervia o leite e guardava-se as natas para depois fazer biscoitinho com ela. Eu não guardei a nata, pois não sei se vou me tornar freguesa desse leite que precisa ferver.

já viu um pé de alcachofra?

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clique & amplie

Eu nunca tinha visto um, apesar de comer alcachofra desde que criança. Minha mãe fazia em ocasiões especiais, recheadas com pão e imersas no molho de tomate e eu amava raspar a "carninha" das folhinhas com os dentes. Quando vi o pé de alcachofra na horta da Alison, com algumas não-colhidas transformadas em lindas flores roxas, fiquei abismada. Que lindas, não? Nunca imaginei que elas pudessem florir.

Domo Arigato!!

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Toda vez que eu vou ao mercadinho asiático da minha cidade eu volto pra casa carregada de belezuras e gostozuras. O tipo de biscoitinho de polvilho que eu amava no Brasil, encontro lá. Desta vez dei de cara com essa pipocona, que confesso sem nenhuma vergonha ser uma das grandes delicias da vida pra mim. No Brasil eu comprava aquelas de pacote cor-de-rosão. Fiz o Moa comprar um pacote no semáforo, quando estávamos voltando pra casa de taxi no Rio de Janeiro. Minha mãe uma vez fez um estoque delas, porque o Gabriel também é fanzoco dessas pipoconas. Quando ele ficar sabendo que essa japonesa é idêntica à brasileira, vai ter um treco!

Comprei uma bento box de laca linda de presente de aniversário para a Marianne. Essa comprei pra mim. É uma mini-bento box—the cutest little thing! Ainda não sei o que vou fazer com ela. Talvez carregar meus sushis até o parque? Ah, não, vou guardar meus saquinhos de chá no meu escritório. Tantas possibilidades para essa linda coisinha vermelha cravada de borboletinhas!

completando...

Depois que abri minha geladeira para o público, fiquei pensando na dinâmica dessa nossa função de guardar/preservar alimentos. Olhei as fotos que tirei da minha ice box naquela particular segunda-feira e concluí que ela nunca teve exatamente esse conteúdo, nessa determinada combinação e composição, e nunca terá novamente. Porque o que eu coloco na minha geladeira depende de fatores variados, sendo o mais importante a estação do ano. São as estações que definem basicamente o cardápio e consequentemente os ingredientes. Uma geladeira no inverno é bem diferente da geladeira de verão, com exceção daqueles produtos que nunca saem de lá—porque são sempre úteis ou porque são esquecidos mesmo.

Outro exemplo é a marca dos produtos, que nem sempre são as mesmas. Nessa específica segunda-feira, a minha geladeira não continha algumas coisas que ela sempre contém, como o meu iogurte favorito "european style", a caixinha de buttermilk, a lata de ameixas secas do Uriel, entre outras pequenas coisinhas. Os sucos variam, os containers com restinhos variam, até o tamanho das embalagens de leite variam, pois às vezes eu compro leite de galão.

Três coisas pra se notar nessas fotos: Um: não há frutas na geladeira, pois eu nunca coloco nenhuma fruta lá, incluindo também os tomates, que não devem ser refrigerados de maneira alguma, a não ser que você não se importe de comer tomate com sabor de nada. Dois: nós consumimos latícinios a beça. queijos e mais queijos, cremes, etc. Três: eu quase não congelo produtos como carnes, peixe e frango. compro geralmente o que vou usar na semana. por isso sobra tanto espaço no congelador magrelo pra tanto sorvete—outra coisa que consumimos muito no verão.

Uma coisa que não mostrei, portanto ninguém viu, é que essa geladeira não é filha única! Tenho outra geladeira na garagem, onde guardo bebidas—vinhos que precisam gelar, cerveja, algum refrigerante pra minha nora. Uso muito essa geladeira extra quando tem festa aqui, ou recebo convidados e visitas.

a verdade, nua, crua e fria

Olhei com curiosidade o conteúdo de algumas geladeiras de blogs bacanas e apesar de ter achado a idéia legal, ponderei um bocado até decidir se iria abrir a minha também. Sou bem relutante com questões de seguir trends, mas esse eu achei tão divertido, então — what the heck — resolvi aderir! Minha geladeira é bem abarrotada, não deu pra condensar tudo numa foto. Fiz um set com todas as prateleiras e micro-detalhes. O que será que a minha geladeira revela sobre a minha personalidade? Boa oportunidade também pros guris observarem as marcas dos produtos.

café da manhã portátil

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Por causa do meu mau humor e falta de apetite matinal, levo uma lancheira pro trabalho com snacks nutritivos para me sustentarem pela manhã. Não consigo comer em casa às 6:30 am, então faço quando chego no trabalho. Começo às 8 am com um chá e alguma coisa mastigável. Levo sempre coisas saudáveis, iogurte, frutas, purê de maçã, boachinhas integrais, barras de granolas. Outro dia olhei pra minha lunch box térmica, daquelas de plástico e pensei—CHEGA! Putsz, me deu um enjôo, achei ela tão feia, tão propensa a ficar suja, difícil de limpar. Decidi que precisava de lancheiras de metal, mas não queria aquelas estilo malinha - tenho algumas que uso para guardar fotografias. Queria algo diferente. E achei! Comprei essas duas na lunchbox.com. Vou usar a menor por enquanto. O Uriel adorou a redonda, que segundo ele é a lancheira do Fred Flintstone!

natural foods cookbook

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Comprei esse livro há muitos anos, numa book sale em Sacramento. Uma pequena pérola da culinária natureba, publicado em 1972 por uma editora que não existe mais, a Nitty Gritty de Concord, em papel rústico, com receitas simples. Foi amor a primeira vista! O que mais gosto nos livros usados é tentar recriar a sua história. Esse particularmente me fascina, por causa da dedicatória.

“Happy ‘16th’, Susan! From Mom, 1975”

Fico então viajando: a Susan teria hoje 48 anos, será que ela não gostou do livro, por isso ele acabou na booksale? Será que contrária à mãe, que devia ser uma natureba pra dar um livro desses no aniversário de 16 anos da filha - uma data memorável por aqui, a Susan gostava de comida congelada e nunca nem abriu o livro? Será que a Susan fez alguma receita? O que será que ela sentiu quando abriu o presente e viu o livro de receitas naturais? Será que a Susan deu o livro pra amiga hiponga? Ou deixou na casa da mãe quando foi pra universidade e nunca mais se lembrou dele? Tenho certeza absoluta que a mãe da Susan era natureba, mas ela não era! Quantas pessoas tiveram esse livro antes de mim? Quantas receitas foram feitas? Por onde andará Susan e sua adorável mãe?

it's girls scout cookies time!

Elas estão por todos os cantos, nas portas das lojas, nas feiras ou batendo de casa em casa, sempre acompanhadas dos pais. São as escoteiras, que nessa época do ano têm que cumprir uma meta de vendas dos famosos cookies. Então aguentemos as investidas - e elas são tão lindocas e fofas que fica difícil dizer não. Meu marido já comprou seis caixas de filhas de colegas e da nossa pequena vizinha da frente. Eu compro os cookies da escoteira filha do meu colega programador. Os cookies de chocolate e menta são bem populares. Eu já comprei os samoas e os lemonades. Não sou chegada em cookies, então fico naquela situação, só comprando mesmo porque é cookie time!

fondue para um

Saí do trabalho na sexta-feira passada, peguei o carro e voei até a Target em Woodland para comprar um apetrecho que eu tinha visto no flyer e PRECISAVA comprar. Por vinte e quatro patacas, adquiri uma fonduzeira elétrica! Achei a idéia genial, primeiro porque o Gabriel emprestou minha fonduzeira e nunca mais devolveu. Segundo que o Uriel detesta fondue, então é muita trabalheira acender o foguinho - que precisa do tal óleo especial azul, e fazer toda aquele ritual para derreter um queijinho só pra mim. Com a panela elétrica tudo fica facílimo, como com a churrasqueira à gás, e ainda evito acidentes, como aquele business de por fogo em toalhas.

Ontem estreei minha fonduzeira elétrica, já que o Uriel não veio jantar, e ela funcionou muito bem. Derreti um fondue suiço de caixinha mesmo e comi com um pão bem rústico, mais figos secos, salada de grão de bico e brócolis intergalacticos cozidos levemente no vapor com um molhinho de mostarda, iogurte e dill.

A salada de grão de bico é simples e deliciosa:
Tempere os grãos cozidos com casca ralada e suco de um limão, azeite, sal, pimenta e um pouquinho de algum queijo ralado. Eu usei o asiago.

coisas guardadas nos livros

Eu tenho essa mania de guardar coisas no meio dos livros de receitas. Quando abro um, sempre acho coisas inusitadas. Normalmente tem sempre um recorte de jornal ou um cartão com coisas anotadas na minha letra de mão garranchuda. Foi uma emoção quando abri um deles e achei essa fotografia fofa. Sempre me surpreendo. Outro dia, estava procurando uma receita e achei um 3x4 da década de 80 - eu com um MULLET horrorrripilozo! Tive até um ataque de riso, porque não pude acreditar que eu tive um corte mullet. O que eu estava pensando da vida? Ah, a imaturidade... Agora como e por que essa foto foi parar lá no meio do livro de receitas, só deus sabe...

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vegetable scraps broth

Não sei como que nunca pensei nisso, sendo a pessoal frugal que sou. Mas foi a Claire e a Alison que tocaram no assunto: vegetable scraps broth. Fazer caldo de legumes com aqueles pedaços que cortamos dos legumes e verduras e normalmente jogamos fora, caules, folhas, casca, pontas. Vai jogando tudo num saco plástico com fecho e coloca na geladeira, ou mesmo no congelador. Quando tiver uma quantidade razoável, coloca na panela com água e deixa cozinhar. Eu faço o meu broth na panela elétrica - e eu tenho uma enooorme. Assim posso deixar cozinhando e ir dormir ou ir trabalhar, sem preocupações de pôr fogo na casa. Conselho da Alison: use tudo menos o brócolis, pois ele não cozinha bem nessa situação e acaba dominando e acrescentando um sabor ruim ao caldo.

Outra dica que aprendi anos atrás com uma argentina e que achei fenomenal. No inverno temos a temporada dos citrus. É também a época de acender lareira, porque ajuda muito a esquentar a casa. Pois guarde todas as cascas dos citrus e jogue no fogo, quando lareira estiver acesa. O aroma que se espalha pela casa é delicioso!

o objeto da reportagem

Eu estava um pouco nervosa. Por duas razões: primeiro por não entender por que o meu - um blog escrito em outra língua, indecifrável para a maioria da população de Davis, foi convidado para ser objeto de uma reportagem; segundo porque tenho esse constrangimento que toma conta de mim, quando viro o centro das atenções, por qualquer motivo que seja. Quando Claire, a reporter do jornal local, The Davis Enterprise, me contactou para uma entrevista, eu disse sim, claro. Mas quando ela marcou o nosso encontro e disse que o fotógrafo iria também, eu desmontei. Tudo bem, catei os pedaços com o orgulho que me mantém em pé e disse - vamos lá! Que mal pode haver em ser fotografada para uma matéria sobre food blogs para o único jornal da sua cidade. Nenhum..... ahn.

Marcamos de nos encontrar no Farmers Market às onze da manhã. Logo na entrada do mercado encontrei o Brendon, que me contou do encontro com a repórter e de como ele cozinhou simples e falou pelos cotovelos. Nossa, me senti aliviada, pois li toda aquela descrição da comida do jantar que ele fez e fiquei nervosa pensando o que eu iria cozinhar. Também tem o problema de eu ser uma matraca incorrigível e falar mais que a boca mesmo e apesar do meu maravilhoso sotaque. Eu e Brendon encontramos o fotógrafo, um cara muito simpático e depois chegou a Claire, super charmosa, também extremamente simpática e fui ficando mais à vontade.

Já comecei a falação - com a repórter e com o coitado do fotógrafo, que foi me seguindo pelo mercado, tirando fotos enquanto eu comprava verduras, legumes e frutas. Tentei muito ficar o mais natural possível, mas o contrangimento de saber que tinha um fotógrafo tirando fotos minhas enquanto eu pagava pela rúcula foi um estresse terrível.

Depois da sessão pública de fotos - vergonha, vergonha - seguimos eu e a Claire para a minha casa, onde conversaríamos e eu faria a minha comfort food predileta para ela provar - macarrão alho & óleo! Falei o tempo todo, enquanto cozinhei o macarrão e descasquei os alhos. Ela anotava tudo num caderninho. Confio que ela faça bom uso de toda essa informação top secret.

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O macarrão ficou pronto, um pouco oleoso demais pro meu gosto - foi a distração do convercê. E eu não tinha queijo parmesão pra ralar fresquinho, então usei uma mistura de parmesão, pecorino pré-ralado, que eu tinha na geladeira. Mas o vinho estava simplesmente delicioso - um vinho verde português que estava guardado desde o final do ano, esperando uma ocasião especial pra ser aberto.

A conversa rolou fácil. Eu só preciso de um ouvinte dedicado para falar até a língua secar e a Claire estava ali pra isso. Gostei muito dela, do nosso papo, encontro, entrevista, e agora vou esperar na maior ansiedade pela matéria, que vai sair na próxima edição de domingo do jornal sobre os Food Bloggers da Davis - Brendon, Garrett e Sher e eu, a gringa entrona.

The American Diner

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» a exposição do mês de setembro no Copia - Counter Culture - The American Diner.

manja, xuxu?

Estou escrevendo para encher linguiça, pois tenho uma batata quente nas mãos. Mas que belo abacaxi esse aparelho, hein? Não tem jeito, vou ter que descascar esse pepino...Mas é porque aquele fulano só fala abobrinha, embora seja um doce de coco. Mas tudo bem, isso vai ser sopa no mel, pois o Zé Mané é político café pequeno, o que já virou carne de vaca, não é mesmo? O cara se vende a a preço de banana. E o pior é que isso dá como xuxu em cerca. E ele se acha o rei da cocada preta, enquanto que ela pensa que é a rainha da carne seca. Mas é tudo farinha do mesmo saco e um osso duro de roer. Me deram um bolo, por isso ando pisando em ovos. Sei que nesse angú tem caroço... Eu estava com a faca e o queijo na mão, mas pisaram no tomate comigo! Não tem problema, sou café com leite e estou ralando o coco pelo pão de cada dia. Falei isso e ele ficou vermelho como um pimentão. Só não quero ficar enrugada como um maracujá de gaveta ou uva passa. Por isso que eu digo que enquanto você vem com o fubá, eu já estou voltando com o bolo. Embora eu seja sempre a primeira a chegar, o arroz de festa!

as panelas da Julia

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Um pedacinho da cozinha de Julia Child está na exposição permanente do Copia. É um painel, onde ela pendurava algumas de suas panelas e formas. Seu marido, Paul, projetou a cozinha na casa de Cambridge, Massachusetts em 1961. Ele teve que adaptar a pia e bancada à altura de Julia, que tinha meros 6'2" - 1,89m. Nesse painel que está hoje no Copia, Paul delineou o formato de cada panela com caneta, assim Julia poderia achar mais fácil o lugar de cada uma.

A cozinha de Julia Child foi doada para o Smithsonian National Museum of American History em Washington, D.C., e pode ser explorada online no website do Julia Child's Kitchen at the Smithsonian. Vejam nas fotos da cozinha completa, tirada ainda na casa de Julia e Paul, o painel com as panelas que hoje pode ser visto no Copia.

Full of baloney

Baloney poderia ser comparado com uma mortadela muito da vagaba. É cortado em fatias grossas, tem uma cor estranha, uma textura estranha, um cheiro e um gosto, hmm, estranhos. Mas é um frio muito popular, especialmente entre os membros da classe trabalhadora. E as crianças também gostam. Eu comi uma vez de curiosa que sou. Eca, bleargh! Deve ter tanto corante, anabolizante, preservativos... nem quero saber!

Mas a palavra Baloney é também parte de uma expressão que eu ouvia muito mais no Canadá, do que ouço aqui. "Full of Baloney", quer dizer cheio de porcaria, cheio de coisa que não presta, ou não vale nada, não acrescenta nada, que não diz nada, como deve ser o valor nutritivo desse frio usado como recheio de sanduíche.

sun mad

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a artista californiana Ester Hernandez http://en.wikipedia.org/wiki/Ester_Hernandez

comida assustadora

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em Chinatown, San Francisco

potluck

Eu gosto dessa palavra—potluck—cada um leva um prato e todos dividem. Às vezes a divisão não traz muita sorte pra uns ou outros, pois nunca se sabe que tipo de comida vai aparecer na mesa. Ainda mais quando o potluck envolve uma turma internacional. Eu já fui num potluck onde não consegui comer quase nada, pois tudo era estranho demais pra mim. Era uma confraternização entre os estudantes chineses do meu professor de inglês canadense. Eu sempre metida em tudo, me danei. Não lembro o que levei, mas tenho certeza que não fez o menor sucesso. Nosso gosto ocidental nem sempre agrada aos orientais. Mas eu lembro vivamente de um peixe com molho de feijão preto que me assustou pacas. E os ovos de pato esverdeados. Eu não como ovo nem normal, quem dera um que ficou "estragando" envolto em ervas e folhas. Bom, eu também já tive minha comida rejeitada em potlucks, como nos banquetes internacionais da U of S, no Canadá, quando eu preparava a minha maravilhosa feijoada brasileira e muita gente torcia o nariz e dizia no thanks! enquanto eu oferecia sorridente os brazilian black beans. Uma vez eu levei refresco de guaraná num potluck, desses de pacotinho da TANG, que misturei com água gasosa e acrescentei gelo e rodelas de limão. Quando eu falei que era guaraná, alguém me perguntou se a bebida era apropriada pra crianças. Nem todo mundo tem a obrigação de saber desses detalhes culturais, né? Mas essas situações são ótimas pra gente contar no blog e dar bastante risada. Pode ser que a minha cara de nojo e susto olhando pro peixe no molho de feijão tenha virado uma história divertidíssima, contada em cantonês ou em mandarin, entre gargalhadas de desprezo pelas babaconas ocidentais cheias de nojinho.

pinga de Thanksgiving

» eu escrevi este post em dezembro de 2002, quase véspera de Natal. Mas como eu falo de uma receita de peru, vou republicá-la nesta véspera de Thanksgiving, quando estou exausta, com o dedo queimado e pensando como vou levar uma torta de chocolate - que ficou horrível visualmente - balançando no carro até San Francisco sem transformá-la num monte de farelo melequento....

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Hoje eu planejei ir comprar o peru, mas quem disse que eu consegui? O fogão da guest house não estava acendendo e ficamos a tarde toda esperando o cara que viria arrumar. O conserto do fogão ficou metade do preço de um novo. Aqui é o país do descartável mesmo….

Resolvi inovar na ceia de Natal, fazendo umas receitas diferentes. Vou preparar uns ‘tapas’ [aperitivos] de um livro de receitas mediterrâneas que a Patricia me deu. E uma torta de ameixas também de lá. O peru será o mesmo, com receita tradicional da minha mãe – ao vinha d’ alho. Mas eu peguei o livro Comer Bem da Dona Benta pra ler a receita. Eu acho essa receita o máximo:

1 peru
1 copo de pinga

Pouco antes de matar o peru, dê-lhe, às colheradas, um bom copo de pinga e, quando ele ficar bêbado, caído, mate-o, cortando-lhe o pescoço mais ou menos no meio, separando-lhe, assim, a cabeça do corpo.

Coitado do peru!!!!! Vai ser embriagado e assassinado…. Que maldade, matar o bicho bêbado!!!!

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Depois a receita ensina a depenar, limpar, temperar e finalmente assar. Ufa, pusta trabalheira! Melhor ir ao Safeway e comprar a coisa congelada e limpa.

Essa receita da Dona Benta é para quem quer fazer tudo do jeito antigo e tradicional. Só para ensinar a rechear o peru com a farofa são dez passos….. Coisa sofisticada!!

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Eu quis ter esse livro porque não tinha nenhum livro de receitas em português. Lembrei desse, que acho que minha mãe tinha uma edição da década de 60. A Leila me deu esse na 73ª edição. E eu fiquei pensando quem será essa tal de Dona Benta? Será que ela realmente existe, como a Ofélia? Questão intricadíssima, como a receita do peru!!

O famoso sanduba do Elvis

Apesar de não ser uma consumidora frequente do produto, tenho que ter sempre um vidro de peanut butter na despensa, para a eventualidade de dar uma vontade de comer o sanduiche favorito do Elvis Presley!

As receitas:

Peanut Butter and Banana Sandwich
do The Presley Family Cookbook

3 colheres de sopa de peanut butter
2 fatias de pão branco
1 banana -- amassada
2 colheres de sopa de margarina -- derretida
Misture a peanut butter com a banana amassada. Toste o pão levemente. Espalhe a peanut butter com a banana amassada na torrada. Frite na margarina derretida, virando dos dois latos até ficar dourado.

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Elvis's Favorite Peanut Butter Sandwich

2 fatias de pão branco
2 colheres de sopa de peanut butter cremosa
1/2 banana - bem madura
2 colheres de sopa de manteiga ou margarina

-Espalhe a peanut butter sobre uma das fatias de pão
-Coloque fatias da banana sobre a peanut butter
-Cubra com a outra fatia de pão
-Derreta a margarina numa frigideira sobre fogo médio.
-Frite o sanduiche até ficar dourado dos dois lados

NOTA : Elvis comia esse sanduíche com garfo e faca. Não é a toa que ele ficou bem gordutchinho nos seus últimos anos de vida!

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Minha versão do Sanduiche Favorito do Elvis

Espalhar peanut butter em duas fatias de pão branco de forma. Cortar uma banana em rodelas e colocar entre as fatias. Tostar o sanduiche fechado, numa frigideira ou aparelho de fazer sanduiche.

Devorar com direito a lamber os dedos!!

mais gadgets inúteis

No maravilhoso Ferry Building Market Place no Porto de San Francisco, eu e uma amiga entramos na Sur La Table e enlouquecemos no paraíso das gadgets inúteis [e caras!]. Eu não resisti e comprei uma espátula para rechear e cobrir bolo e um ralador profissional de casca de limão e laranja, que eu já vi os chefs do Food Netwoork usando.

Já tenho trabalho pra espátula nesta semana, pois vou fazer um bolo de aniversário para uma amiga. Mas vou ter que arrumar receitas que vá lime zest pra poder estrear o meu maravilhoso ralador. Tô achando que essas novas gadgets vão pra mesma gaveta do medidor de macarrão e o cortador de ovo em fatias...

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