café • almoço • jantar

Tim, the velcro

Tim, the velcro
segunda • terça • quarta • quinta •
sexta • sábado • domingo

smoothie verde [com matcha]

supergreenjuice

Não sou uma pessoa de fazer grandes sucos. Gosto de comer muitas frutas e de beber água e vinho. Mas de vez em quando algo assim liquido chama a minha atenção e geralmente é por causa de um ou de uma combinação interessante de ingredientes. Por isso me aventurei nessa bebida vitaminada, que é bem gostosa. Pode adoçar ou não. Eu fiz das duas maneiras. Também fiz sem e com o abacaxi. De todas as maneiras fica muito bom, pois o sabor predominante é o do matcha. E eu estou num momento de extrema simpatia com esse chá.

faz dois copos
1 banana congelada
1 xícara de pedaços de abacaxi congelados
1 xícara de folhas verdes [salsinha, espinafre, couve]
1 xícara de leite de amêndoas sem açúcar
2 colheres de sopa de manteiga de amêndoas
1 colher de chá de néctar de agave [opcional]
1 colher de chá de matcha—chá verde em pó
1/2 colher de chá de gengibre fresco ralado bem fino

No liquidificador coloque todos os ingrediente e bata bem até virar um creme nem muito denso, nem muito aguado. Sirva.

Roux

[estamos todos bem]

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Roux & Misty — circa 2008

Sempre foi difícil pegar uma pose assim dos dois gatos juntos, porque o Misty nunca conseguiu suportar o Roux, apesar do grande esforço que o pobre gatonildinho fazia para conquistar a amizade do gatonildão. Foi assim por quase dez anos de convivência.

Meu gato Misty era o meu companheiro de cozinha. Meus gatos nunca gostaram de ser carregados, nem de ficar em colo, mas o Misty gostava da proximidade. Assistia tevê com o Uriel e ficava comigo na cozinha. Era um gato educado nas melhores escolas inglesas, tinha maneiras aristocratas, estava sempre aprumado, sempre zen, sempre asseadíssimo e gostava de comer. Gostava não, ADORAVA! Comida era tudo pra ele. A vida dele girava em torno da comida. Talvez por isso ele curtisse tanto ficar na cozinha.

Com o passar dos anos ele foi ficando mais isolado e menos ativo. Passava mais horas dormindo e não participava mais dos rituais de esperar o rango da manhã na porta do meu quarto ou de esperar o snack da tarde no cantinho da cozinha. Ficou surdo, rabugento e foi gradualmente perdendo peso—estava ficando velhinho. Em junho deste ano ele desabou. Ficamos cuidando dele com todo o carinho, dando as medicações, comida extra pra ele ganhar peso, escovando e limpando o pelo que ele não conseguia mais cuidar, armando esquemas pra separar ele do Roux, que nunca deu trégua na perseguição. Não foram meses fáceis vendo o meu gato ficar cada vez mais frágil e limitado. Mas por outro lado aprendi uma lição de vida com um animal que não desistia, não jogava a toalha. Magrinho e sem muita força muscular ele caminhava zigzagueando atrás de mim na hora de ganhar comida e continuava me fazendo companhia na cozinha, sempre no tapete, às vezes dormindo em pé no meio do caminho.

A situação não estava perfeita, mas para um gato de dezoito anos o quadro estava razoavelmente estável. Foi muito de repente, em três dias ele já não estava mais andando, nem comendo ou reagindo. Eu sabia que quando o Misty perdesse o interesse pela comida e parasse de comer seria o fim. E assim foi. Ele partiu na manhã de segunda-feira, depois de ser muito abraçado e beijado, cercado pelos humanos que tanto o amaram e que tiveram o privilégio e a sorte de poder conviver com ele por quase treze anos. Me despedi agradecendo, pois ele foi o animalzinho mais companheiro que eu já tive. O gato Roux ainda está confuso, sem saber realmente o que aconteceu. Vamos sentir muito a falta do nosso Misty, mas apesar da grande tristeza estamos todos bem.

aah, que lindas tulipas!

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não é mesmo, Roux?

não tô mais podendo

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[ chuvendô? travêis? ]

Olha, eu sou apenas um gato e nem saio na rua, nem mesmo no quintal. Mas não tô mais aguentando nem ver nem ouvir através dos vidros das janelas esse pinga pinga, molha molha e encharca encharca. E a ventania? Outro dia deu uma tempestade de chuva enviezada e vi galhos de árvores galore voando pela rua, além daquela poça ameaçadora que se alargava perigosamente lá no quintal. E esse céu sempre cinza? Nem dando muitos pulinhos espinoteados pela casa pra elevar o astral. Cansei a beleza de ver tanta água jorrando. Eu nem deveria me preocupar, já que nem saio de casa. Mas quando vejo a Fezoca chegando toda molhada e esbaforida, empunhando um guarda-chuvão cafona, dá uma certa pena. Mesmo pra mim tá tudo muito chato. Não aguento mais essa choveção. Dá pra começar logo essa tal de primavera?

adoro as manhãs de domingo

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Tenho a impressão de que os coaches do masters onde eu nado me desprezam profundamente, porque eu não estou interessada nos treinos, nas competições, em quebrar recordes ou ganhar medalhas. Eles me ignoram solenemente, mas pra mim tá muito bom assim. Eu sempre nadei contra a corrente ou sozinha numa raia sem me enturmar. Sou assim desde sempre, não consigo fazer parte de grupos, partidos, andar em turma, fazer o que os outros fazem, me vestir na moda, seguir regras, participar de eventos coletivos, jogar joguinhos, passar correntes pra frente, fazer parte de um time, me integrar na onda do momento. Sou a que corre por fora, do meu jeito, com as minhas regras e etiquetas que me orientam e determinam o meu caminho.

Acordamos com o gato faminto espancando a porta do quarto. Eu levantei e desci para dar comida ao desesperado. A relação do Misty com os humanos é completamente baseada em comida. É uma coisa que me incomoda, pois parece não existir outro elo de ligação. Li outro dia que gatos são muito mais leais aos humanos do que os cachorros, só que eles fazem a conexão de uma maneira diferente e muito mais rigorosa. Eles se conectam com apenas um humano, à quem vão ser leais para sempre. Se acontecer dele ser abandonado, o gato nunca mais vai se conectar à humano algum e todos os relacionamentos dali em diante serão baseados em comida. E esse é exatamente o caso do meu gato velhinho, o Misty.

Domingo de manhã, quatro graus, névoa baixa e frio, vejo pela janela da cozinha muitos passantes indo caminhar pelo Arboretum. E daqui a pouco eu tô indo nadar.

✳✳✳

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—Dorothy, we're not in Kansas anymore?

the [real] meaning of life

Roux-numa preguiça danadaRoux-numa preguiça danada
Roux-numa preguiça danadaRoux-numa preguiça danada
Roux-numa preguiça danadaRoux-numa preguiça danada
Roux-numa preguiça danadaRoux-numa preguiça danada
Roux-numa preguiça danadaRoux-numa preguiça danada

o esporte favorito

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dar o bote no meu pé quando eu passo pelo tapetinho...

o gerânio rosa

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quem resiste a esse perfume?

olha, chegou a cesta!

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Toda semana é essa mesma cena, que tem se reproduzido por anos e anos. Quando chega a cesta—que na verdade não chega sozinha, pois eu tenho que ir buscar—os gatos fazem a inspeção geral, cheirando cada micro centímetro e o Roux, quem mais, mordisca o que estiver mais apetitoso. No verão ele ataca a palha do milho. Depois do cheira aqui, cheira acolá, morde aqui, morde acolá, eles seguem com o que estavam fazendo, o que geralmente envolve dormir, comer, usar o banheiro e para o Roux, quem mais, perseguir o Misty ou pinotear pela casa atrás de um rato de pano.

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Muito antes de iniciar o Chucrute com Salsicha eu já era adepta dos orgânicos e falava deles no meu outro jurássico blog. E muitos anos antes de aportar aqui na Califórnia, eu já tinha minhas idéias naturebas, que aqui pude por quase cem por cento em prática. Nasci com essa tendência, então nada mais natural do que divulgar o que eu acredito e pratico. Vivo citando essa minha cesta orgânica, pois é ela que me traz a materia prima para os meus almoços e jantares. O centro é a cesta e o resto é acréscimo, que eu faço questão de que seja também orgânico. E não só orgânico, mas sazonal, local e sustentável. E o que não for local que seja pelo menos fair trade. E o que for do reino animal que seja produzido sem antibióticos e principalmente que não envolva nenhum tipo de confinamento torturante e crueldade. Esse é o meu moto, meu mantra.

Nesta cesta chegaram muitos tomates de três variedades, abobrinhas de duas variedades, pimentões verdes de duas variedades, pimenta jalapeño, pepinos, espigas de milho, um maço gigante de manjericão, batatas, rainbow chard, cebola amarela e roxa, alho, um repolho roxo, tomatillos, dois melões e um pacote de damascos. Tava pesada pacas, viu?

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A minha cesta é uma CSA da fazenda dos estudantes da Universidade da Califórnia, campus Davis. Se você, como muitos outros visitantes do Chucrute com Salsicha, estiver pensando em adotar os alimentos orgânicos, sazonais, locais e sustentáveis e quiser saber se tem algo do gênero na sua cidade ou região, dá uma olhada nesta página de links que eu organizei um tempo atrás. Pode ser que você encontre o que está procurando. E se souber de algo legal que não esteja lá, me avisa que eu adiciono.

fourth of july

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Hoje comemoraremos a [minha] independência. Bem que eu vi ela chegando ontem com um monte de gostosuras. E cheirei um salmão, tenho certeza! Também vi tomates, vi figos e vi vinho. Os dias estão calorentos e modorrentos, mas eu realmente não sinto nenhuma diferença de temperatura, pois nunca saio lá fora. Mas eu vejo a lebre, o esquilo e os passarinhos. Eles me atormentam, pois estão lá fora no quintal e eu não. Tudo bem, pelo menos aqui dentro tem água fresca, comida a vontade e mil lugares confortáveis pra se dormir. Só não consigo ficar muito tempo naquele sofazão, pois ela chega e me tira de lá. Tudo bem, eu volto, pois não sou gato de desistir fácil. Agora ela comprou uma escova super poderosa pra nos escovar e eu me sinto muito mais leve, sem todos aqueles pelos extras. E facilita nas minhas pulações brincando com meus ratinhos de pano. A vida é bela, eu sei, pois vejo tudo pela janela. Hoje vai ser um dia de churrascos e picnics e ao anoitecer vai ter fogos de artificio pipocando no horizonte. Eu com certeza não vou participar de nada, pois vou estar desligado sonecando ou distraído brincando, como sempre faço, o dia todo, todos os dias.

meu animal exterior

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[os postes—misty & roux]

Durante uma caminhada cruzei com uma mulher pequena acompanhada do seu cachorro pequeno, para os quais eu sorri e depois abaixei a cabeça, imersa no pensamento de que é verdade que os animais se parecem com seus donos ou vice-versa. No meu caso, gosto sempre de supor orgulhosa que o animal perfeito para me retratar seria o cavalo. Me identifico fisicamente com esse animal grande que carrega seres humanos nas costas. Só que não posso ter um cavalo. Então me resigno e aceito o fato incontestável de que meus dois gatos malucos, dorminhocos e cheios de manias me representam muito bem.

o melhor lugar, aqui e agora!

Gatos são animais fofinhos, que ficam lindos deitados sobre uma almofada no sofá ou enrolados no tapete em frente à lareira, dormindo aos pés da cama, rolando e desenrolando novelos de lã. Gatos não têm absolutamente nada o que fazer na cozinha. Mas é na cozinha que meus dois gatos passam um bocado de tempo, muito mais tempo do que deveriam.

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O gato mais novo é um espevitado que chamamos de Roux—embora estejamos inclinados a acreditar que ele não sabe que se chama Roux, pois nunca responde quando solicitado pelo nome. Esse faz da cozinha o seu lugar de gastar tempo de bicho entediado. Quando ele não está dormindo e fica naquele trancetê sem ter o que fazer, a cozinha vira um parque de diversão. Ele corre para lá e para cá aos pinotes, dando botes em qualquer coisa que se movimente, real ou imaginária. Ele come as flores e as ervas nos vasos, tenta abrir as portas dos armários para ver o que tem dentro e se eu abrir gaveta ou porta e ele estiver pelos arredores, vai vir correndo para bizoiar curiosamente. Não sabemos exatamente o que ele faz na cozinha quando não estamos em casa ou quando as luzes se apagam e nós vamos dormir, mas temos suspeitas que ele dorme em cima da mesa e desfila pelas as bancadas da pia, xeretando em absolutamente tudo.

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O outro gato é um senhor austero e obcecado por comida chamado Misty Gray. Esse nunca sai da cozinha. Se eu estou lá, ele está lá. Se eu não estou, ele continua lá. Ele dorme nos tapetes da cozinha, especialmente nos tapetes por onde eu circulo. Tenho que ter um cuidado enorme para não pisar no rabo e não tropeçar no animal. Criamos o hábito de dar uma comidinha especial para ele num canto da cozinha. Então toda noite temos o que chamamos de “o ritual do snack”. O gato fica esperando, fica pedindo, se coloca em posição estratégica de frente para a parede e enquanto você não abre o pacote e ele não vê os biscoitinhos ali no chão, não há condições de se fazer muito na cozinha, porque ele não dá sossego. Se eu pego o abridor de latas, abro um saquinho de algo ou destampo qualquer coisa, ele olha para cima com aquele carão de pidão, na esperança de que vá sobrar algo para ele. É de comer—é pra mim? Pelo menos este não dorme na mesa, nem deixa marcas de patas na bancada da pia. Ou assim acreditamos.

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Meus gatos ficam à vontade na cozinha, como se ali fosse o ambiente natural deles. Assistem a vida passar pelas janelas e fazem a festa quando estão sozinhos. Mas pensando bem, não poderia ser diferente, pois é na cozinha que se concentra toda a ação da casa. Eu que o diga, pois apesar de não ser um gato, também não saio de lá.

são rosas

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O legal de viajar durante mudança de estação, é que quando você volta encontra muitas diferenças na paisagem. Eu cheguei para encontrar as rosas já pipocando, no jardim da frente e no quintal da casa. Minhas rosas não são muito bonitas, daquela beleza clássica que as rosas costumam ter. Elas abrem de uma maneira deselegante, se despetalam fácil, são espinhudas, sempre infestadas com pulgões, mas são rosas de fato. E já estão enchendo os vasos e trazendo alegria pra vida do gato Roux.

estou onde não deveria estar

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[mas continuo fingindo que não sei de nada...]

hmpft!

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Era só o que faltava—um cachorro exibido e aparecido aqui no MEU blog!

olha...

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—mas isto aqui está um té-éé-di-oo, hein?

S.O.S Kitchen

Uma caixa de primeiros socorros fica permanentemente numa das gavetas da cozinha. Não estou querendo me fazer de vitima aqui, mas eu me machuco TODO SANTO DIA e garanto—juro, que muitos desses pequenos acidentes não são minha culpa. Eu me corto na folha do livro de receitas que estou olhando, na borda da forma de metal que estou lavando, ou quando vou pegar uma louça no escorredor fatio o dedo no mandoline que está ali proximo, e queimo os pêlos do braço nem sei como, e quando estou refogando algo no azeite quente uma lasca de comida dá um salto de trapezista e aterrisa dentro do meu olho, me corto na borda da lata vazia de comida dos gatos quando vou colocar outra coisa na lata de lixo, prendo o dedo fechando a gaveta ou tampando a panela de ferro. Manchas roxas, cortes sangrentos ou cascudos, bolhas, esfolamentos e cicatrizes abundam. E pra completar essa minha rotina de cumprimento da pena cármica, ainda tem o animal. Sim, o animal, aquele que sempre me espera passar pelo tapetinho entre a sala de jantar e a cozinha pra dar o bote. Sim, o bote que é de brincadeira, mas às vezes machuca. Ele não tem intencão de machucar, mas quando eu passo ele dá um pulinho e lasca uma patada. O alvo da patada é a minha perna. E as patas têm garras afiadas. Então nesta semana eu já colecionei uma bolha, um corte do mindinho, um dedo roxo esmigalhado e três arranhões gigantes na parte de cima do meu pé esquerdo, perpetrados pelo animal, o ANIMAL!

felicidade é um ramo de flores

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Quando eu chego do Farmers Market nas manhãs de sábado trazendo as flores embrulhadas em folhas de jornal na minha cestinha, é a hora mais feliz para o meu gato Roux. Ele adora as flores—cheirar, morder, comer. Tenho um grande receio de que ele vai se intoxicar um dia, porque não sou entendida em plantas e não sei o que pode ser perigoso. Mas a florista sabe que meu gato come as flores que eu compro dela e nunca me alertou contra nenhuma. Mas já aconteceu dele não dar bola pra algumas, acho que o tal instinto funciona, mesmo num gatonildinho meio pancada como o Roux. Essas ele já cheirou. Estou tentando mantê-lo afastado, para as flores durarem pelo menos um dia, mas logo eu perco o controle e ele ataca. Felicidade para ele se resume à um lindo ramalhete de flores!

este é o Tim

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O primo "sangue azul" do Roux e do Misty. Ele é um gato magérrimo, sofisticado e elegante, e não se relaciona com a plebe, que incluí eu o resto do mundo. Ele é lindo e esta é a primeira vez que cuido dele, quando meu filho viaja, e que ele vem conversar comigo. Eu ter conseguido tirar fotos dele foi uma façanha.

meu querido velhinho

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Misty

não se perca de mim

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oi, estou por aqui!

potage parmentier

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Realmente, as batatas eram gigantes—gigantes! Não conseguimos comer tudo e eu guardei as sobras para pensar no que fazer com elas no dia seguinte. Era quase certeza que seria uma sopa. Foi só olhar pra geladeira e ver outro gigante, desta vez um imenso alho-poró, pra decidir que eu faria uma potage parmentier, ou em bom francês uma sopa de batata com alho-poró. Fiz tudo muito simples, porque tem dias que simplesmente não dá pra ficar inventando trelelês e rococós.

Refoguei o alho-poró gigante cortado em pedacinhos em três colheres de manteiga. Acrescentei a batata que já tinha sido assada no dia anterior, também picada em pedacinhos. Deu mais ou menos 1 1/2 xícara de alho-poró e 1 xícara de batata. Acrescentei um litro de caldo de legumes, mais uma xícara de água, salguei a gosto e deixei a mistura ferver. Bati tudo muito bem com o mixer de mão para formar um creme. Deixei encorpar e desliguei o fogo. Na hora de servir, polvilhei com salsinha fresca picada.

Adeus batata! Adeus alho-poró! Adeus fome! Até o Roux ficou animado com essa sopa e quando o Uriel levantou da cadeira pra ir pegar uma fatia de pão, questão de segundos, o bichonildo danado deu um super salto de felino ninja e enfiou o nariz na sopa que estava dando sopa. Jogamos aquela porção fora e o Uriel se serviu de outra, sem contaminação de nariz de gato enxerido.

o fiscal faz

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o controle de qualidade
das flores

O guardião da farinha

Desde domingo à noite que o gato Roux estava de plantão na cozinha. Ele se posicionava em modo caçador ora no canto da máquina de lavar louça, ora no canto da geladeira. Alertei o Uriel que o gato certamente tinha visto algum bicho. Eu já estava na cama quando o Uriel veio me contar que tinha pegado a lanterna e viu o que estava intrigando o gato. Era um ratinho, disse ele, me fazendo reagir com um berro de pânico, só pra um segundo depois completar, um ratinho de pano! Rimos da piadinha engraçadinha aliviados—era apenas um ratinho de pano, daqueles que eu compro de meia dúzia, ha ha ha!

Mas o Roux continuou de plantão na cozinha. Foi segunda e foi terça. Na terça ele estava particularmente insistente, sempre naquela pose de caçador, no canto da máquina. Eu olhei, olhei, não vi nada e não tive tempo mais de pensar no assunto. Na terça à noite ainda estava lá o Roux. Ele passou o dia na cozinha. Quando eu abri uma das portas da parte de baixo do armário da pia, entendi por que. Onde tenho guardado açúcares e farinhas, alguns itens em latas, outros soltos, vi um rastro de papel mastigado e logo em seguida um dos pacotes de farinha com um buraquinho.

TEM UMMM RAAAAAAATOOOOOOOOO NA COZINHAAAAAAAAAAAA!!!!

Foi somente então que o Roux finalmente saiu da cozinha e se aconchegou exausto numa das poltronas onde ele dorme, no andar de cima. O gato passou o dia inteiro na vigilância, nem dormir, o pobre coitado. Tudo porque um rato teve a audácia de adentrar uma casa onde vivem dois gatos. Um que deve estar perdendo os instintos e outro muito consciente das suas obrigações, felizmente! O rato entrou, de fato, mas mal conseguiu mastigar um buraquinho no saco de farinha, pois o gato não deu sossego. O estrago foi bem pequeno, graças ao Roux! Telefonei para o serviço de controle de pestes que temos e o Uriel inspecionou todas as possíveis entradas do rato. Fechamos algumas possibilidades com panos e pela manhã inspecionei tudo novamente. Parece que o rato não voltou, mas também pudera, a coisa mais difícil do mundo é driblar o guardião da farinha, o eficientíssimo gato Roux!

isso não é justo!

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Vim aqui reclamar, viu? Pensam que eu não li os vários parágrafos que essa Fezoca escreveu sobre aquele Misty? Rãn.... E eu? E eu?? Como fico?
Assinado, em protesto, Roux.

um dia na vida de...

Eu acordo e ele já está de plantão na porta do quarto, deitado ou sentado, dormindo ou acordado, ele está lá sempre, infalível, inevitável, exato. Eu desço as escadas e ele desce junto, correndo pra passar na minha frente, porque ele sempre faz isso e eu nunca entendi muito bem o motivo. Em alguns minutos eu vou estar enchendo o prato dele com comida e então terei um tempo sozinha, bebericando o meu café, lendo, pensando na vida e na morte da bezerra. Mas quando eu me levantar pra ir tomar o meu banho matinal, ele já vai estar novamente ao meu lado, correndo na minha frente, pra chegar primeiro, enquanto eu subo as escadas em direção ao quarto e depois ao banheiro. Quando eu chego no banheiro ele já está lá, no plantão número dois do dia, sempre em cima da pia, porque agora a obsessão dele é beber água ali. A bacia da pia do Uriel fica cheia de água pra ele, mas só deixar a água lá não basta, ele quer que você participe, interaja, atue. Eu abro a torneira e ele olha pra água. Entro no chuveiro e começa ali o processo de encaração. Ele fica como uma estátua gorda a altiva, às vezes olhando para o infinito—Marlon Brando tem muitos discípulos, ou simplesmente me encarando. E ele encara com firmeza, mesmo quando o vidro do chuveiro embaça e respinga e eu viro apenas uma confusa silhueta. Eu limpo o vidro com as mãos e me deparo com o carão. Saio do chuveiro e o carão continua ali, me olhando de uma forma desconfortavelmente fixa e blasé, como se estivesse tentando dizer—está precisando se depilar, hein querida?

E assim continuamos o nosso dia, eu desco, ele desce, eu subo, ele sobe. Na hora do almoço, quando eu chego esbaforida com a bicicleta, ele é a primeira visão que eu tenho, quando abro a porta. Ele vai primeiro bater um ranguinho rápido, depois vem se posicionar para o plantão número três do dia, que consiste em apenas ficar dando sopa por ali, olhando o movimento do meu almocinho improvisado ou requentado, sempre na esperança que algo aconteça. Acontecimento seria ele ganhar comida—fato que resume absolutamente TODO o sentido da vida. Eu subo para escovar os dentes e ele sobe também, correndo para passar na minha frente, quando eu chego lá no banheiro, ele já está à postos para o plantão número quatro do dia. Enquanto eu escovo os dentes, ele olha pra água que contínua na bacia da pia, olha pra mim, deita entre as bacias, onde estão algumas coisas que eu uso, então eu preciso mover um rabo peludo do lugar pra pegar algo e praticamente me dobrar em cima do ser balofo pra alcançar outra coisa. Eu faço xixi e ele me encara, eu desço e ele desce, correndo na minha frente, chegando primeiro. Quando eu fecho a porta da casa, a última cena que vejo é ele na beira da escada, ou na cozinha, pois a esperança é sempre a última que morre.

Chegando em casa à noite, abro a porta esbaforida e carregada de coisas—lancheira, cartas, pacotes, e a primeira coisa que vejo é ele no pé da escada. Ele vai bater um ranguinho preventivo e daí começa o plantão número cinco do dia, o mais importante. Enquanto eu faço as coisas na cozinha, guardo louça, preparo o jantar, ele não sai do perímetro que contém a largura dos meus passos. Ele fica como uma estátua, no tapete de cá, no tapete de lá, ou no meio dos tapetes, sentado ou deitado, sempre com um olhar pidão de morto de fome, a não ser que ele fique muito frustrado, daí ele vai pro canto da parede, onde normalmente colocamos os snacks pra ele comer e encara a parede, assim como quem está de castigo, resignado. Marlon Brando tem mesmo muitos discípulos. Assim ficamos, ele ali impassível e eu quase tropeçando no tapete e nele, me irritando com a insistência e com a inconveniência. Ele só dá sossego quando eu finalmente coloco os snacks no cantinho da cozinha. Mesmo assim ele ainda volta, desta vez só pra curtir a companhia, a música, o calorzinho do forno. Depois que jantamos, eu subo pro quarto e ele sobe na frente, fica em cima da pia enquanto eu tomo banho, o plantão que número mesmo?

Essa é a minha rotina com o meu gato Misty Gray, um soturno senhor de treze anos, cheio das manias, quase todas relacionadas à comida e bebida. Eu não passo um minuto sozinha. Não sei se isso é bom ou ruim, ainda não decidi. Sem falar que tem o outro gato. Ah, o outro gato vocês nem queiram saber. O outro gato fica pra outra hora.

um ano bem relécsz pra todos!

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I say hello, hela, heba helloa

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Dear friends,

Faz tempo que não dou minhas caras neste blog, mas é que está frio aqui no norte da Califórnia e eu ando dormindo muito, sempre nos lugares quentinhos, na minha caminha ou nas cadeiras forradas com cobertas de lã, às vezes até me enfio em baixo da cama pra tentar dar uma indireta pros humanos desumanos que habitam essa casa e não ligam o aquecedor. Mas está tudo bem, a comidinha está boa, eu bebo água na pia, corro pela casa toda manhã, continuo tentando ser amigo do gato Misty, que pelo jeito [será?] não gosta muito de mim. Anyway, life is good! Mas está frio e eu não ando muito ativo. Ah, a novidade é que ontem a fezoca ganhou um vaso de lindas poinsettias vermelhas—estou adorando! Espero que todos estejam bem, regards, cheers, meawww, tudo de bom,

do amigo Roux.

I'm thankful for ...

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Meus ursos arcanjos — que me amam incondicionalmente e aturam meu mau humor;

Minha família — que me acha uma estrela;

Meus amigos — que não me deixam derrubar a peteca;

Meus gatos — que me fazem rir sempre;

Computador — meu contato com o mundo;

Telefone — que me traz o som de tantas vozes familiares e amigas;

Água quente — que me ajuda a meditar;

Minha casa — com muita luz e espaço para meus livros, filmes, discos e nada mais......

bom dia!

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Roux e as dálias

stuck outside of mobile with the memphis blues again

Meus gatos são indoors, isto é, eles não saem na rua. Nem mesmo no quintal. Os motivos são basicamente segurança e saúde. Gatos indoors são mais limpos e mais saudáveis, vivem mais anos. O Misty não pode sair também porque ele é um gato indefeso—ele foi "declawed", teve suas garras removidas cirurgicamente pelo seu primeiro dono. Essa prática, considerada cruel na maior parte do mundo, ainda é feita aqui com a maior naturalidade. O Roux não pode sair porque ele é uma criatura esbaforida e não é muito inteligente. Ele é imaturo e meio bobo, um amoreco total, mas tem suas limitações. Quando eu o adotei, tive que prometer que não iria deixá-lo sair. Estou cumprindo como posso. Mas ele é um gato e é curioso. Se der mole, ele casca fora.

Sexta-feira é dia de faxina na minha casa. O pessoal da limpeza já foi avisado desde o primeiro dia, que os gatos não podem sair. Mas ontem algo aconteceu. Cheguei em casa às 5 pm e fui primeiro checar a limpeza, pois eu sou bem chatonilda e olho tudo nos micro-detalhes. Liguei a máquina de lavar roupa, falei olá pro Misty, que sempre vem me recepcionar e só depois de uns quinze minutos que parei em frente a porta de vidro que dá para o quintal e vi um gato familiar trancado do lado de fora, todo assustado, encolhido, com os pelos sujos de folhagem. Era o Roux!

Alguém deixou ele sair. Com certeza foram varrer o quintal e deixaram a porta aberta e ele, enxerido que só, escapuliu. Foi muita sorte ele não ter saído pra rua, pois atrás da minha casa tem um shopping center super movimentado. E também foi sorte ele não ter pulado a cerca, pois meus dois vizinhos têm cachorros. Baita susto! Esse Roux....

quem tem gatos...

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...está arriscado a entrar na cozinha e dar de cara com uma cena como essa. haja toalhinhas e sprays desinfetantes, hein? aarfe! quem é a criatura atrevida? o único capaz dessas petulâncias—o Roux, é claro!

pão, leite, ovos, banana...

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hmm, será que ela comprou tudo o que estava na lista?

na hora do almoço

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Direto do seu tapetinho favorito
Roux manda um "hi" para todos!

a culpa foi do Misty

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o desastre

A ironia disso tudo é que eu tenho publicada uma excelente receita de pão de queijo, uma das receitas mais requisitadas aqui neste blog. É verdade que eu nunca fiz o pão de queijo Pat, nem pão de queijo algum. Sou uma brasileira que nunca fez pão de queijo! Bem, eu fiz daqueles horrorríveis de liquidificador que foi moda total nos anos oitenta, mas esses nem contam como pão de queijo. Outro dia me deparei com uma receita de um pão de queijo colombiano numa edição antiga da revista Gourmet. Me meti a fazer, porque eu tenho mesmo esse espírito de porco que incarna vez ou outra.

A receita é super simples, como quase toda receita de pão de queijo. Mas eu resolvi fazer com metade das medidas, pois não tinha polvilho suficiente pra receita inteira. Quando a gente vai mudar alguma coisa numa receita—principalmente medida, tem que se colocar num modo de concentração extremo. Essa parte já não é o meu forte, especialmente porque eu tenho inúmeras distrações na cozinha. E a pior delas é o meu gato Misty. Só quem tem animal de estimação em casa vai entender o que é fazer tudo com uma criatura peluda aos seus pés. No caso do meu gato Misty, ele está constantemente ao meu lado. Se eu não fechar a porta do banheiro na cara dele, ele me acompanha e fica na minha frente, me encarando, enquanto eu estou sentada na privada. Na cozinha ele é uma presença constante. E fica nos lugares estratégicos—em frente da pia e do fogão, ou no meio entre a pia e o fogão, que é o território por onde me movimento quando estou cozinhando. Pois enquanto eu fazia a receita do pão de queijo da revista, o gato gordo se postou insistentemente aos meus pés, com o rabão esticado, me deixando nervosa, me atrapalhando e me distraindo. O resultado é que eu errei as medidas de açúcar, sal e fermento. Os pãezinhos cresceram na largura e achataram. Ficaram massudos, adocicados e borrachudos. Tenho uma penca deles agora e não acredito que eu possa fazer um reaproveitamento, como torrar ou grelhar. Com certeza vão todos pro lixo, que tristreza. Meus primeiros pão de queijo, um fracasso total!

* a receita, pra quem quiser tentar. retire antes os gatos e cachorros da cozinha!

Pan de Bono
receita dos chefs Jose Luis Flores e Douglas Rodriguez.
revista Gourmet novembro de 2004

3 xícaras de polvilho - tapioca flour
2 xícaras de farinha de trigo
2 colheres de sopa de açúcar
1 1/2 colher de chá de sal
1 colher de chá de fermento em pó
3/4 lb - 3 xícaras de mussarella fresca ralada grosseiramente
1 xícara de leite integral
2 ovos
1/2 tablete [1/4 xic] de manteiga derretida e esfriada
2 colheres de sopa de óleo

Aqueça o forno em 375ºF/200ºC. Forre duas formas com parchment paper. Misture os ingredientes secos numa vasilha e bata com o batedor de arame. Junte o queijo. Incorpore bem. Numa outra vasilha bata os ingredientes liquidos. Misture o liquido ao seco, misture bem com uma colher de pau, faça bolinhas, coloque na forma com espaço entra cada uma e asse por 30 minutos. Deixe esfriar numa grade.

Zen and the Art of Cats Maintenance

Enquanto limpo o banheiro dos gatos reflito sobre a importância de uma areia de boa qualidade para cristalizar bem os xixis, encroquetar bem os cocôs, manter o cheiro suportável e deixar o meu trabalho mais fácil. Com a pá que também é peneira, vou cavocando a areia cheia de granulados azuis e colocando as bolotas fedorentas dentro de vários sacos de supermercado, um dentro do outro. Limpo o que é preciso limpar concentrada e relaxo dando risada com o fulano xereta que vem colocar a cara na caixa aberta e checar curiosamente o que estou fazendo. É um trabalho detestável, mas que eu faço com cuidado e dedicação. E acaba virando um momento de meditação, quando eu posso refletir sobre alguns fatos da vida. Como por exemplo, quando pensamos que estamos sendo espertos economizando dinheiro comprando uma coisa de qualidade inferior, achando que ninguém vai notar, que não vai fazer diferença, que é tudo a mesma coisa - mas não é! Areia pro banheiro dos gatos tem que ter qualidade, senão forma poeira, espalha pela casa toda, intoxica o ar numa fedentina insuportável, o bloco de xixi esfarela e a limpeza fica muito mais difícil e chata. Pode-se também usar o momento da limpeza do banheiro dos gatos para refletir sobre a impermanência de tudo, de como fazemos uma coisa hoje e temos que refazê-la amanhã, ou de como sempre alguém acaba limpando a sujeira do outro, mesmo que o outro seja um animal. O cristal azul quebra a frieza da areia cinza, o cheiro inebria, a textura hipnotiza, a pá que também é peneira faz desenhos circulares, os pedregulhos fecais são escuros e inertes, como, exatamente como, num pequeno e zen jardim japonês.

um gato

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Para alegrar esta cozinha, neste dia chuvarento. Misty, num fevereiro de outro ano.

over my dead body

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Acho que tenho uma mentalidade infantil para algumas coisas, pois achei super engraçado e tive que comprar essa almofada de rato morto para o Roux. Fiquei rindo que nem boba na loja. Trouxe pra casa toda entusiasmada com o feito, pensando que iria ser hilário ver o Roux aconchegado nela. Mas quem disse que o gato tem a mesma opinião que a minha? Ele simplesmente se recusou a sentar-se na almofada e tem ignorado completamente a presença do rato morto numa de suas cadeiras prediletas. Joguei até um pouco de catnip em cima do rato, que é o que eu faço quando compro um scratching post novo pra ele, mas mesmo assim nada! Estou desapontada, esse gatonildinho não tem senso de humor!

um dia de inverno

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Roux no melhor lugar da casa

Depois de dias de chuva gelada, abriu o sol, fez um dia azul de inverno que eu adoro. Frioooo, um ventooooo. Meu irmão, minha cunhada e minhas sobrinhas foram esquiar em Lake Tahoe. Eu fiquei pra organizar mil coisas na casa, ir ao correio, fazer umas compras [mais! afe!]. O Uriel está trabalhando, preparando o material pra classe que ele vai ensinar neste quarter de inverno, que começa dia três. Eu estou de folga do trabalho, iaruuu! Está sendo bom pra fazer coisas com minha família e também pra fazer outras coisas que normalmente não faço. Tenho cozinhado uma vez por dia. Hoje estou fazendo um minestrone. Ando usando muito o meu panelão de ferro que comprei em novembro, porque ele dá conta de quantidade para mais de seis pessoas. Essa é a primeira vez em anos que eu curto o break de final de ano. Já estou pensando no rango da virada do ano!

todo dia eles fazem tudo sempre igual

Meus dias se iniciam às seis e meia da manhã, que nem consigo dizer 'manhã', pois ainda está escuro. Vou para a cozinha com dois gatos pulando entre as minhas pernas. Ponho uma xícara com água no microondas pra fazer meu café com leite e um waffle na tostadeira. Vou até a laundry e pego os potinhos e a lata de rango felino. É um excitamento, uma coisa tão dramática que dá a impressão que os bichos ficaram uma semana sem ver comida. Eles correm pra laundry quando me vem caminhando pela cozinha com os potes e se arranjam no tapetinho, sempre na mesma posição: Roux pra direita, Misty pra esquerda. Volto pra cozinha, termino de preparar meu café, que é minguado, pois todos já sabem que não tenho apetite logo que acordo. Sento e bebo o café com leite enquanto leio e-mails, bloglines. Enquanto isso os mortos de fome devoram o rango, o Roux tudo de uma vez só, o Misty fazendo pausas de lord pra lavar as patas, como quem usa um guardanapo de linho. Eu ainda estou na cozinha lendo quando começa a função do banheiro. Todo dia é a mesma coisa e todo dia eu fico rindo alto, considerando o meu permanente mau humor matinal. Primeiro vai o Roux, que faz tudo escandalosamente. Esse gato não faz nada discretamente - come fazendo barulho, caga e mija fazendo barulho, até para andar pela casa ele faz barulho. No banheiro dá a impressão que ele vai virar a caixa de cabeça para baixo. Finalizado a aliviação geral da fome e dos intestinos, ficam os dois caminhando pela casa, como que procurando coisas pra fazer. Se encaram, o Roux dá pulinhos, tenta dar um bote no Misty, que sai correndo injuriado. Um tédio de vida.... Nessa altura já são sete e alguma coisa e eu subo pra tomar banho, me arrumar. Rotina de gato é divertida de se observar, mesmo com um humor azedo, às seis da madrugada.

esse rango sai ou não sai?

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Eu amo os animais. Passei isso pro meu filho, que tem uma compaixão incrível e um jeito com os bichos que é de cair o queixo. Ele e a Marianne também têm dois gatos, o Tim e o Sequel. Aqui em casa eu dou risada da hora em que acordo até a hora em que vou dormir por causa dos meus gatos, Misty e Roux. Bicho é o melhor desestressante que existe. Se você está de mau humor, preocupada, chateada, com aquela cara de bunda, eles te desarmam com um pulinho, uma cara engraçada, uma estrepolia qualquer. Aqui o gato que me tranforma numa perfeita boba é o Roux, que é super carinhoso e anda atrás de mim o tempo todo. Se eu estou por perto ele nem dorme, pois precisa estar presente e atento à todos os meus passos, embora ele finja muito bem que não está nem aí. Meus gatos não gostam de colo, nem de ser agarrados, mas têm cada qual as suas particularidades simpáticas de personalidade. Hoje o Roux sentou-se à mesa, como que esperando o rango, e ficou lá com essa cara caruda e me fez rir por mais de meia hora. Eu nunca vou precisar tomar Prozac na vida!

êta vida boa!

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Roux só no ronco..

a cozinha também está dominada

Vocês já sabem que a cozinha sempre foi um lugar perigoso pra mim. Foi em cozinhas que ganhei minhas maiores cicatrizes, em terríveis cortes e queimaduras. Tenho sempre uma atitude prevenida quando estou fazendo comida ou qualquer outra coisa numa cozinha. Eu me vejo em situações gravíssimas, sangue jorrando, morte eminente. Vou tentar traçar o mapa do local minado: um tapete entre a cozinha e a sala de jantar, outro tapete largo em frente da pia e máquina de lavar louças, um forno e um fogão sempre ativos, uma geladeira com duas portas que se abrem opostas uma a outra, muitos armários com portas pontudas na altura da minha cabeça, e dois gatos. Se todo o resto não bastasse para provocar situações de acidentes mortais, ainda temos os gatos na cena. Eles são a cereja no topo do bolo do meu infortúnio destino.

E eles são onipresentes no local. Estão sempre deitados nas cadeiras onde você vai sentar, correndo pra lá e pra cá ou ou escarrapichados nos tapetes. Quando eu estou fazendo o rango e andando de um lado para o outro na cozinha, nada mais apropriado do que ter um gato gordão, sentado, deitado ou em pé feito uma estátua, bem no meio do seu caminho. Ou ter um gatinho maluco dando pinotes e corridas alucinadas pelo meio da cozinha, chispando como um furacão pelo meio das minhas pernas ou passando frenéticamente aos pulos enquanto joga um ratinho de pano pra lá e prá cá pelos ares e ocasionalmente dando botes nas minhas pernas e pés.

Este é o cenário realista e perturbador. Por isso não se assustem se eu contar histórias de como tropecei num gato com um facão numa das mãos e só deus sabe como consegui recuperar o equilibrio sem me auto-degolar ou me auto-estripar. Ou de como tropecei no outro gato [ou seria o mesmo?] e quase caí de cara na sopa borbulhante na panela e periguei virar coadjuvante de um réplica caseira de uma cena de Angel Heart. Eu piso em ovos para não pisar em gatos e se for vitima de mais um freak acidente na cozinha, vocês já estão avisados, para não haver nenhuma sombra de dúvida sobre a identidade dos futuros supostos culpados!

plantinhas - até quando?

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Como eu tenho um gato comedor de plantas - o doidão Roux - tenho o maior cuidado com as plantas que coloco dentro de casa. Morro de medo que o tontão coma algo não comível e fique doente. Eu tinha uma plantinha na janela da cozinha, que foi presente da minha nora. Até que a planta durou, quando comecei a notar as folhas desaparecendo gradualmente. Foi então que peguei o gatonildo no flagra! Essas plantinhas aí, a de cor verde-cinzentado já está com um aspecto estranho. Será? Será?

Misty na janela

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Essa foto foi feita durante os nossos primeiros dias morando nesta casa. Quando mudamos pra cá, nós só tinhamos o Misty. A vida ainda era pacata para esse pobre gato, que hoje vive sendo perseguido pelo enlouquecido Roux. Bom, não tínhamos cortinas na cozinha, e as roseiras que hoje cobrem praticamente toda a parte de baixo das janelas - nos dando um bocado de privacidade, tinham sido podadas pelos jardineiros que cuidam da vila. Então essa bay window foi a televisão do Misty por alguns meses. Eu sempre enroladora, não sabia como iria cobrir essas janelas. Quando compramos a casa ficamos extremamente durangos por um bom tempo. Um dia, quando minha mãe estava aqui me visitando, ela me disse que uma amiga dela foi lhe contar - ah, passei pelo Aggie Village ontem à noitezinha e vi você, sua filha e seu genro jantando! Quando eu ouvi isso, falei - agora chega, vou pôr qualquer cortina nessas janelas. E assim fiz! Comprei três cortinas azuis, que estão até hoje penduradas ali. Agora chegou a hora de trocá-las. Muita coisa mudou, as roseiras cresceram, as cortinas desbotaram de sol, e o Misty perdeu o seu sossego e a sua televisão.

toda segunda é dia das verduras

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Toda segunda eu saio do trabalho e vou pegar minha cesta de produtos orgânicos na fazenda da UC Davis. Os legumes e verduras foram colhidos pela manhã, são locais, de temporada, não dá pra ser mais ecológico e mais saboroso. Dentro da cesta sempre vem um bilhetinho comentando do tempo, dos acontecimentos da semana, listando o que vem na cesta, quem foi que colheu e dando uma receita legal, sempre vegetariana, para o uso de um dos ingredientes. Nesta semana por exemplo veio dois tipos de melão - amarelo e laranja super perfumado, batatas, couve suiça, cebola, alho, basilicão, abobrinha verde e amarela, vagens chinesas [lem longas], berinjela roxa e branca, tomatillo, tomates, tomates cereja, pimentões verde, vermelho e amarelo, pepinos e quiabo.

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A receita dessa semana foi de summer vegetable ratatoille. E sempre que a cesta chega é essa xeretação dos gatonildos desta casa. Não sei o que é, mas eles ficam cheirando por um tempão e o Roux, o doidão, come algumas folhas, principalmente quando vem milho, que ele adora aquela folhagem áspera... ai!




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