the antique fair/ Ten22

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Finalmente descobrimos uma feira de antiguidades que acontece mensalmente bem perto de nós. É a antique fair de Sacramento, montada num espaço enorme bem debaixo da freeway onde mais de trezentos vendedores expõem suas relíquias. Levamos bem umas três horas para ver quase tudo. Fomos na do mês de março [quando tirei essas fotos] e já voltamos na de abril. Vende-se muito cacareco, mas também tem bastante coisa divertida e interessante. Eu sempre consigo achar umas coisinhas legais. No domingo em março saimos da feira verdes de fome, depois de horas de camelança, e acabamos indo almoçar num restaurante instalado num ponto bem turístico da cidade—Old Sacramento. Lembro do fuzuê em torno desse Ten22 quando lá era apenas um nightclub, num investimento feito por um dos jogadores do time de basquete da cidade. Hoje ele virou um restaurante da linha farm-to-fork, usando ingredientes locais e sazonais. Eu gostei do ambiente e da comida, que muito caprichada e super gostosa. Ou seria o apenas efeito do horário e da fome? Pisc! Não, estava muito bom mesmo!

salada de laranja com tâmara

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Outra receita do livro Casa Moro que transforma uma simples salada de fruta numa obra de arte. Sem dizer que a combinação dos ingredientes é absolutamente auspiciosa.

4 laranjas grandes e bem suculentas
8 tâmaras, de preferência Medjool, sem caroço e cortadas em quatro
3 colheres de sopa de água de rosas
Um punhado de pequenas folhas de hortelã fresco
Açúcar de confeiteiro para polvilhar
1/2 colher de chá de canela em pó para polvilhar

Com uma faca afiada remova a casca das laranjas, removendo o máximo que conseguir da parte branca. Corte cada laranja em rodelas, remova as sementes e arrume-as em um prato ou travessa. Espalhe as tâmaras sobre as fatias de laranja e regue com a água de rosas. Espalhe as folhinhas de hortelã por cima, depois polvilhe com açúcar de confeiteiro e a canela. Sirva em seguida.

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Iria ser mais um final de semana com temperaturas acima dos 40ºC e decidimos sair de casa. A melhor pedida seria ir para o lado do litoral, mas ficamos um pouco apreensivos de pegar congestionamento na estrada. Afinal, não deveríamos ser os únicos querendo fugir do bafão. De manhã cedo nadei e depois fui ao Farmers Market, onde acontecia um festival do tomate. Como cheguei tarde e o calor já estava piorando, fiz rapidamente minhas compras da semana, adicionada do convercê que sempre tenho com alguns dos fazendeiros, dei um rolê pela festa tirando algumas fotos e casquei fora. Fiquei sabendo depois que o evento foi um sucesso, com muita gente prestigiando. Vi mesmo que estava animado, com música, dança, comida, até concurso de chef preparando pratos com tomates e tasting de um monte de variedades da frutinha verânica mais popular da região.

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Fomos para Sacramento almoçar por escolha do Uriel no Andy Nguyen, um restaurante vegano na Broadway que apesar de fazer aquelas tchonguices de carne, frango e até e peixe de soja, tem um cardápio super gostoso. Como nós sempre escolhemos tofu e cogumelos quando comemos em qualquer asiático, não mudamos nossa rotina. Esse restaurante tem um ambiente moderno, chão sem carpete [que eu abomino nos restaurantes asiáticos daqui] e serve uns sucos de frutas, legumes e gengibre simplesmente deliciosos. E a comida é delicada e gostosa, com alguns pratos bem criativos. Raramente pedimos sobremesas, mas eles oferecem umas opções interessantes, tipo a banana frita e o sorvete de coco.

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Já estava um bafão descomunal e saimos rumo à lugar nenhum—que é o passeio favorito do meu marido. Decidimos subir mais pro norte e a temperatura foi também subindo com os quilometros rodados. Saimos de Sacramento com 40ºC e quando chegamos ao nosso destino estava 43ºC—em Fahrenheit 104º e 109, que parece ainda pior. Aportamos na pequena cidadezinha de Auburn, que faz parte do circuito da corrida do ouro no norte da Califórnia. Eu adoro essa região que fica no pé da serra e tem toda uma atmosfera de velho oeste. Auburn tem uma downtown histórica bem bonitinha, como as outras cidades da região, mas tem também uma parte mais antiga chamada de Old Town. São basicamente duas ruas compridas com muitas lojinhas, galerias de arte, bares e restaurantes. Quando chegamos já estava quase tudo fechado porque o bafão não estava fácil. Só os bares e restaurantes estavam abertos e procurando por um lugar para tomarmos um sorvete entramos no Carpe Vino, um wine bar com um restaurante muito bacana. Sentamos para tomar uma taça de vinho branco gelado e pedimos para acompanhar um pan con chocolate temperado com flor de sal, raspas de laranja e azeite. Ficamos lá até criar coragem pra sair na rua novamente e dirigir de volta para Sacramento, onde decidimos parar novamente para jantarmos uma pizza margherita assada no forno a lenha, num lugar legal que conhecemos em downtown.

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No domingo saimos rapidamente só para almoçar num restaurante mexicano que gostamos aqui em Woodland. Não teve aqua fresca de hibisco suficiente para me hidratar. Bebi água mineral resto do dia, enquanto descansei, assisti alguns filmes e li um tanto de revistas, trancada seguramente dentro da casa climatizada.

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Il Fornaio - Sacramento

Quando recebemos visitas, sempre acabamos deixando um passeio à Sacramento para o último dia, o que passa a impressão equivocada de que lá não tem nada de interessante—o que não é absolutamente verdade. Sacramento não é San Francisco, mas certamente tem o seu charme particular. Fizemos uma tour pela pitoresca Old Sac e depois demos um pulinho no imponente e nobre Capitol, já que Sacramento é a capital do estado e o escritório de trabalho do nosso mais intrigante governador, o senhor Arnold Schwarzenegger. Lá fizemos um passeio pela parte antiga do prédio, que é muito bonita, mostrando escritórios preservados do inicio do século vinte [1916], e depois demos de cara com uma comoção jornalistica na porta do escritório do nosso atual governador. Eram muitos reporteres de tevê, rádio e jornal, esperando para entrevistá-lo. Nós ficamos super animados com a perspectiva de poder ver o super astro-político assim cara-a-cara e nos prostramos lá também, câmeras em punho, animação evidente. Mas depois de meia hora começamos a sentir fome e o bafão da muvuca foi nos dando uma agonia. Eu sugeri irmos almoçar e a idéia foi acatada unanimamente.

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Eu adoro o restaurante Il Fornaio, um italiano que fica bem no centro financeiro de Sacramento. Ele é parte de um franchising, mas isso não importa. A comida é realmente boa, sem muitos tererês de restaurante modernê. O serviço é sempre bacana, com aqueles garçons vestidos à antiga, com blaser branco e gravata borboleta preta. O prédio onde fica o restaurante pertence ao Wells Fargo, o banco mais antigo da Califórnia, que chegou no oeste junto com a corrida do ouro. O espaço do restaurante é aberto, com pé direito altíssimo e muita claridade, o que deixa o lugar com uma atmosfera extremamente agradável. Eu me sinto feliz quando vou ao Il Fornaio e nem sei explicar muito bem por que.

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Lá matamos nossa fome, que estava descabelante, com os pãezinhos fresquinhos e maravilhosos que a famosa padaria do restaurante produz. Também pedimos bruschettas al pomodoro, que vieram com azeitonas extras. Meu irmão e minha cunhada beberam um zinfandel californiano. Eu bebi água com gas, já que estava dirigindo. A comida estava deliciosa e nós comemos até dizer chega. A Lívia pediu um macarrãozinho simples com um molho de tomate tão saboroso, que eu não resisti e molhei meu pão nele—com a permissão dela, é claro! Eu devorei um peito de frango num molho picante de peperoncino, servido com purê de batata e espinafre. Meu irmão comeu um scaloppine com marsala e funghi, servido com polenta e broccolini. E minha cunhada foi de ravioli recheado com linguiça italiana, ricota e erva-doce. Depois ainda tivemos coragem de dividir uma sobremesa, que foi uma daquelas muitas sobremesas italianas que eles trazem pra gente escolher num carrinho. Saimos do Il Fornaio com a pança cheia e tão felizes que até esquecemos da frustração de não ter conseguido falar um oi para o governator!

Não foi desta vez, outra vez

Meu marido pode ser considerado um obstinado Sir Lancelot em busca do Santo Graal quando se trata de encontrar a pizza perfeita, ou a melhor pizza de Sacramento. Há anos ele busca por esse tesouro escondido em alguma esquina de algum bairro da capital do estado da Califórnia. Já fomos à muitas pizzarias na cidade, sempre na esperança de que ali iremos comer a melhor pizza, mas nunca realizamos tal façanha. De qualquer maneira, meu darling Lancelot não desiste nunca e no potluck dos blogueiros de Sacramento ele não perdeu a chance de fazer o seu invariável questionamento: onde comer a melhor pizza? Uma das garotas do Sac Foodies indicou uma pizzaria chamada Luigi's.

No domingo, fui fazer um exame em Sacramento na hora do almoço e quando saimos da clinica, resolvemos ir checar a tal pizzaria. Eu sabia que ele não iria sossegar enquanto não fosse até lá verificar se a pizza estava à altura da recomedação de uma foodie.

O Luigi's Pizza Parlor fica numa esquina num bairro bem desprivilegiado da cidade. É um lugar pequeno, que serve pizza sem muita frescura desde a década de cinquenta. Pedimos uma meio queijo, meio linguiça portuguesa e sentamos numa das mesas simples do lugar, ansiosos pela experiência. As opções de bebida eram refrigerante ou cerveja. Algumas pessoas estavam lá só bebendo cerveja. O menu incluia também alguns tipos de pasta e sanduiches. O Uriel ficou um pouco decepcionado logo que viu que o forno não era a lenha. Mas eu me animei quando vi dois senhores abrindo a massa e preparando as pizzas com esmero. Eu estava sem poder comer desde manhã e já tinha visões de bolinhas flutuantes quando a pizza finalmente chegou na nossa mesa. Veredito: não é a melhor pizza de Sacramento! A massa estava ótima, fininha, bem seca e crocante. O molho não era dos piores, mas também não se sobressaiu. O problema maior foi a escolha de adicionar linguiça portuguesa, que realmente foi uma mancada nossa—ou melhor, minha, pois fui a autora da idéia, talvez neblinada pela fome. Comemos, mas não tivemos uma epifania na primeira mordida. Foi uma experiência mais uma vez ordinária.

Notamos uma clientela bem eclética na pizzaria. Na mesa ao lado da nossa sentaram-se três meninas negras, vestidas iguais e falando sem parar no celular. Não pude deixar de notar uma delas, que era extremamente bonita e poderia ser uma modelo, se tivesse a chance. Elas riam muito e falavam o tempo todo. Mas o lugar tinha muito barulho, produzido por uma tevê gigantesca onde passava notícias de esportes e por uma jukebox onde tocava sucessos da Motown. Não estava dando pra ouvir o que as meninas falavam, mas uma delas se virava toda hora e dizia pra nós—I apologize! [eu peço desculpas] Eu estava boiando total, fiquei pensando será que estou encarando muito, porque às vezes eu encaro sem perceber, ainda mais que fiquei realmente encantada com a beleza de uma delas. Mas não tinha nada a ver comigo, pois no final uma delas disse—I apologize! Is too much cursing for you? [é muito palavrão pra vocês?] Eu respondi sorrindo que não era problema algum, pois nem estávamos prestando atenção. Embora eu não tenha realmente notado nenhuma linguagem chula que elas provavelmente estavam usando na conversa, não pude deixar de notar uma coisa chocante que uma delas fez. Além de salpicar a fatia de pizza com aquele queijo ralado vagaba que é muito comum nas pizzarias daqui, esbugalhei meus olhos abismada quando vi ela espremer um tantão de maionese no prato e depois molhar a pizza ali e nhack! Foi a minha vez de &%$#@*@$%!!

só falamos de comida

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Dois anos depois daquele primeiro potluck dos food blogs de Sacramento organizado pelo querido Garrett, quando nos encontramos pela primeira vez, tivemos outro evento similar. Nesses dois anos, fizemos muita coisa bacana juntos, como a aula de egg whites em Berkeley, jantar no hidden kitchen, visitas à vinícolas orgânicas e uma experiência com chocolate tasting. Eu adoro fazer parte desse grupo de pessoas tão diferentes, com uma paixão em comum.

Desta vez o potluck foi organizado conjuntamente pela Elise e Garrett. Num domingo com um clima perfeito, nem quente nem frio, muitos blogueiros de Sacramento e região baixaram na casa da Elise para um almoço com bastante bate-papo. Cheguei lá com um panelão de bacalhoada e reencontrei conhecidos e amigos e conheci pessoas novas. Quando eu cheguei, os blogueiros já estavam fazendo o que todo blogueiro de culinária faz, fotografando as comidas. Eu fui correndo fazer o mesmo, afinal, não podia perder a oportunidade de registrar o evento. Mesmo assim não fotografei tudo, pois começamos a comer e alguns convivas chegaram mais tarde e naquela altura eu já tinha esquecido da câmera e me concentrado só na comilança.

Não vou poder listar todos que estavam lá, porque eu não consegui conversar com alguns. Mas adorei conhecer a Debby e sua filha Megan, que fazem o blog Everything on a Waffle. Elas trouxeram as batatinhas recheadas, uns palitos de chocolate ajeitados lindamente em latinhas e a Megan, que só tem doze anos, preparou uma sobremesa de cereja deliciosa! Também gostei de conhecer o Nick, que bloga daqui de Davis e escreve sobre peanut butter no Peanut Butter Boy. Ele trouxe uns bolinhos de carne que foram servidos com um molhinho de peanut butter, of course! Também adorei rever o Hank e conhecer a sua companheira Holly. Eles trouxeram três tipos de patos selvagens, umas linguiças de porco selvagem e carne defumada de antílope, tudo caçado por eles e preparado na churrasqueira pelo Hank. Eu só provei a linguiça, pois acho essas carnes um pouco fortes pro meu gosto. Mas quem comeu o pato e o antílope só elogiou. A Elise serviu uma strawberry rhubarb terrine que me fez pirar na batatinha. Acho que devorei uns cinco pratos, sem brincadeira! O Garrett arrasou Paris em chamas com o seu chipotle flourless chocolate cake. A Andrea trouxe uns aspargos com prosciutto que também fizeram sucesso. Adorei rever os amigos, conhecer gente nova e passar a tarde num convercê divertido. O quintal da Elise, deixa eu contar, é enorme e praticamente um pomar. Fizemos uma tour pelas árvores—maças, limão, laranjas, mexirica, grapefruit, kiwi, romã, figo, ameixas, amora, nozes, damasco, pêssego, nectarina— é uma coisa impressionante, tudo muito bem cuidado.

Todo mundo perguntou sobre o meu prato e eu expliquei detalhes e tals. Usei bacalhau canadense, mas as batatas e as cebolas eram orgânicas, os ovos da Felizberta, azeitonas gregas maravilhosas e foi tudo regado com muito azeite português. Uma das meninas do Sac Foodies deu uma garfada na bacalhoada e exclamou—essa era a comida que minha avó fazia! A avó dela é uma portuguesa da Ilha de Madeira emigrada na Califórnia. Estávamos em casa.

Ginger Elizabeth Chocolates

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O querido Garrett do blog Vanilla Garlic organizou um evento bem bacana para os food bloggers de Sacramento. Fomos fazer um chocolate tasting na chocolateria Ginger Elizabeth Chocolates em midtown Sac. Como eu não sou louca por chocolate, fui sem nenhuma expectativa. Tive uma surpresa incrivelmente agradável com a qualidade e a delicadeza dos bonbons que nos foram servidos pela chocolatier e proprietária da lojinha encantada. Ginger Elizabeth tem apenas 26 anos e confessou ter se iniciado no fascinante mundo do chocolate aos 16. Ela primeiro nos deu uma explicação minuciosa sobre as plantações, colheita e processamento do cacau. Até nos mostrou fotos dela em fazendas na América do sul e central. Depois contou detalhes da manufatura da matéria básica e finalmente a parte que é a sua paixão—transformar o chocolate em pequenas delicias que dissolvem na boca. Provamos desde o puro chocolate em micro pedacinhos, até a manteiga, que pura tem um gosto repugnante, mas é o que faz o chocolate ser tão gostoso e viciante. Depois fizemos o tasting de vários tipos de chocolate amargo, seguido dos mais delicados bonbons, feitos de uma massa sedosa de ganache e cobertos com uma crosta quase imperceptível de chocolate. Dois bonbons me encantaram—o de chocolate amargo com ganache de meyer lemon e o de chocolate ao leite com ganache de maracujá. Ginger diz que usa os melhores chocolates e somente suco ou polpa de frutas, nada de essências. O sabor é um nocaute! Depoiis ela ainda nos serviu um bolo de várias camadas com gianduia, que eu tive que partir ao meio para conseguir comer e um tipo de semifreddo, cremoso e gelado. Visitamos também a cozinha da pequena chocolateria, onde Ginger pratica sua arte. Alguém aí pensou no filme Chocolat? Eu estou pensando nele agora. Acho que temos a nossa versão da Madame Rocher, aqui no vale central da Califórnia.

55º - Sacramento

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Ficamos sabendo desse evento que acontece em cidades como San Francisco, New York e também em Sacramento—Dine Downtown, quando os restaurantes finos da cidade fazem uma semana de prix fixe menu. Com trinta dólares por cabeça, pode-se jantar um menu de três courses num dos restaurantes high-end de downtown Sacramento. Combinamos com um casal de amigos de irmos juntos e ela escolheu o 55º.

O restaurante fica na Capitol Mall, uma avenidona que desemboca no Capitol, a imponente sede do governo da Califórnia, onde o simpático Arnaldão trabalha. É o cartão postal da cidade. O 55º é pequeno e tem um estilo moderno. Pedimos nossas opçõoes do cardápio de preço fixo—dungeness crab cake, saffron mussel soup, steak of certified angus beef with lemon parsley butter and frites, wild mushroom risotto with mascarpone, parmesan reggiano e black truffles oil, créme brulée e sorbet de frutas.

A nota que demos para a comida foi sete. Isso porque nosso amigo realmente gostou da carne, para a qual eu torci o nariz. Achei que o angus beef estava com um sabor um pouco forte pro meu paladar não muito carnívoro. E as fritas estavam um pouquinho oleosas, talvez por causa da manteiga de limão. O bolinho de carangueijo estava muito bom e quem pediu a sopa de mariscos também gostou. O risotto foi uma decepcão e o créme brulée não entusiasmou. Nós levamos o nosso próprio vinho escolhido pelos nossos amigos, um cabernet savignon da vinícola J. Lohr e pagamos a corkage fee. Não foi um jantar memorável, mas também não foi um jantar ruim. Talvez a qualidade da comida tenha decaido um pouco por causa do menu fixo. Só assim estaria desculpado um restaurante tão caro servir uma comida tão mediana.

Tower Cafe

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Quando Davis ainda não tinha o Varsity, o seu cinema independente, nós íamos muito à um dos cinemas independentes de Sacramente. Éramos fãs do Tower Theater, que frequentávamos muito, quase sempre parando no café ao lado do teatro, o Tower Cafe. Fazia muito tempo que não íamos lá e pra mim foi um pouquinho decepcionante. Eu tinha essa idéia do Tower Cafe ser um lugar super cool—e ainda é, sem dúvida. Mas o caso é que eu mudei, tenho outros interesses, tenho outras ambições e o Tower Cafe parece ter parado no tempo. O menu deles é bem legal, pois eles têm essa proposta étnica de global village, com rangos inspirados em outras culturas. O resturante é todo decorado com knick knacks de todos os cantos exóticos do mundo. Parece a coleção de um mochileiro que andou pelo Tibete, pela Africa, pela India. E o staff é todo moderninho, garotas e garotos alternativos. A comida nunca foi ruim, mas infelizmente não me impressiona mais. Talvez tenha impressionado no passado. Fiquei um pouco chocada em encontrar no menu o mesmo Brazilian Chicken Salad que eu comi uma vez há uns seis anos pra ver o que ela tinha de Brazilian, que na minha conclusão foi absolutmente NADA. Nós chegamos durante a transição do menu do brunch para o menu do jantar, então não tivemos um leque muito grande de opções. Eu pedi um frango desfiado e temperado com um pesto de coentro e jalapeños ajeitado numa focaccia, com rúcula, cebola roxa e uma maionese de pimentão vermelho. Veio acompanhado de batatas fritas. O Uriel pediu um hamburguer vegetariano, que quando chegou pensamos que a garçonete tinha se enganado com o pedido dele, pois parecia um hamburgão de carne. Não era! As batatas fritas estavam pateticamente tristes. Depois da minha experiencia das batatas do Putah Creek Cafe, vai ser dificil engolir qualquer outra. O Tower Cafe sempre teve e ainda tem uma variedade enorme de sobremesas super criativas, além dos acompanhamentos para chá e café—muffins, cookies, bolos, scones, biscuits, etc. Mas eu pedi uns profiteroles recheados com creme de café e com cobertura de chocolate com jalapeño, que eu achei que tinham sido preparados na semana anterior. Estava bom, mas não estava fresco, se isso pode ser possível. Estava apenas comível. O Uriel pediu um creme brulée de amaretto, que não estava ruim, mas também não arrasou Paris em chamas. Acho que o meu problema com essa visita ao Tower Cafe foi tentar sentir o mesmo frisson que sentíamos lá na década de 90. São outros tempos e eu estou em outro caminho.

The Hidden Kitchen

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A Elise organizou a nossa visita ao The Hidden Kitchen comandados pelo casal Dennis e Mary Kercher. Eu estava muito entusiasmada para participar desse evento, que agrupou doze foodies, entre food bloggers, criticos e profissionais da gastronomia. Eu disse doze, mas minha irritante modéstia insiste em baixar esse número para onze. Não consigo ainda me considerar uma foodie e quando estou com o grupo de Sacramento, que queira ou não eu faço parte pois moro aqui e mantenho um blog, sempre fico me sentindo a prima estrangeira que chegou ontem do Cafundoquistão.

Me esforcei à beça pra chegar no horário marcado e não confirmar aquele boato absurdo e falso divulgado à torto e à direito por bocas de matildes de que brasileiro chega sempre atrasado. Estacionei meu carro na frente da charmosa casa num bairro tradicional de Sacramento, daqueles com casinhas de filmes antigos e ruas e quintais completamente tomados por árvores ancestrais. Fui recepcionada alegremente pelo casal que cozinha e recebe os amigos para um jantar caprichado. Conheci a cozinha toda equipada do Dennis e da Mary, a simpática cachorrinha Baci e recebi uma taça com um refrescante espumante rosado. Nós ficamos no pateo da casa, com um jardim lindo ao fundo e todo decorado com velas. Conversamos muito durante o jantar. É muito difícil o papo ficar chato num um grupo de doze pessoas com o mesmo interesse. Nem preciso dizer que o tema de todas as conversar da noite foi apenas um: COMIDA.

O Dennis e a Mary serviam os pratos e explicavam os detalhes. Estava tudo muito gostoso e a atmosfera estava divina. Nós levamos o vinho, que foi dividido entre todos. O vinho que abriu o jantar foi o português tinto que eu levei e que todos gostaram. Eu bebi muito moderadamente, pois sabia que teria que dirigir de volta para Davis. Mesmo assim não deixei de beber um vinho de uma vinícola biodinâmica, que estava extremamente saboroso. Durante o jantar a Elise jogava na mesa perguntas como qual a sua lembrança mais antiga de comida ou qual a iguaria mais estranha que você adora comer, mas tem vergonha de confessar. Eu, que detesto esses tipos de joguinhos grupais e tenho horror de falar para uma aglomeração de mais de três pessoas, fico um pouco tensa. Prefiro a relaxada conversa tête-à-tête com os convivas sentados ao meu lado ou na minha frente, mas mesmo essa parte não muito divertida do jantar pra mim acabou sendo interessante, pois cada um falou da sua experiência e eu falei da minha também.

Eu gostei de quase tudo que foi servido. Até o atum semi-cru, que eu temia, estava bem gostoso, pois a porção estava micro. Só não consegui comer o ratatouille, porque ele tinha um molho e uma textura que me deu um engasgo e foi servido bem na hora que todos falavam das coisas horrorendas que não conseguem comer. Eu ouvia as declarações mais bizarras e pensava em mais coisas bizarras ao mesmo tempo que visualizava o carneiro ensanguentado nos pratos de absolutamente todos os convivas—menos no meu, pois eu implorei por bem passado. Com tudo isso rolando, o ratatouille simplesmente me deu um bleargh, mas foi a única coisa.

*seared ahi sliders with sweet potato frites and mango ketchup
os canapés de ahi tuna estavam muito gostosos, porque vieram numa porção pequena. a batata-doce estava deliciosa, nem precisou do ketchup de manga.

*gorgonzola grape galette with watercress & arugula
a salada de rúcula e agrião foi temperada com meyer lemon da árvore do jardim. estava perfeita! e da maravilhosa galette não sobrou uma farofa.

*gnocchi verdi with garden fresh pesto genovese
o gnocchi foi feito com espinafre e ricotta, sem batata. estava levíssimo. comentei com a crítica de gastronomia que esse prato deu de mil no muito semelhante que eu comi num dos restaurantes italianos mais famosos e caros daqui da região e que foi uma decepção, pesado e oleoso. o do Dennis estava perfeito, com o pesto clássico feito com manjericão da horta dele.

*rosemary rack of lamb, ratatouille ala grille, corn cakes
carneiro é aquela coisa: ou você gosta, ou você não gosta. eu acho uma carne difícil, que nem sempre fica boa, eu acho muito forte e pesada. mas gostei dessa preparada pelo Dennis com alho, alecrim, confit de limão e grelhada na churrasqueira. os bolinhos de milho estavam uma delicia e o Dennis confessou que usou um pouco de gordura de pato na massa. veio acompanhado de um dos mais delicados tapenades que eu já provei.

*grappa brown sugar panna cotta with grape gelée
muito difícil uma panna cotta ficar ruim. essa, não quebrou a regra. a geléia de fruta que acompanhou o creme me lembrou alguma coisa da minha infância.

No final fomos servidos de café e licores feitos em casa—limão, morango e café. Eu já tinha provado o de limão na casa da Elise e escolhi o de morango. A essa altura eu já estava horrivelmente exausta, não só pelo dia atrapalhadíssimo que eu tive, que se iniciou cedíssimo e que teve despedidas de amigos no aeroporto, mas também pela comilança toda. Cheguei em casa tarde da noite e ainda trouxe comigo apple butter feita pela Elise e mais favas de baunilhas que o Garrett colocou furtivamente na minha bolsa. Foi uma noite memorável, com um grupo muito bacana e uma comida excepcional.

Crawdad Festival

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Fazia muitos anos que nós não íamos à um desses festivais muito comuns por aqui—do morango, do alho, da alcachofra, do jazz, da corrida do ouro, eteceterá. Motivados pelo post da Ann do Sacatomato, resolvemos nos aventurar no festival do Crawdad, um tipo de lagostin de rio, numa minúscula cidade chamada Isleton. Desorganizados e desprevenidos, fomos sem pensar em nada. Fiquei animada com a possíbilidade de ouvir música cajun a zydeco, que eu realmente gosto.

Chegamos na pequena cidade ribeirinha e já percebemos que não somos os únicos seres desorganizados do mundo, certamente há gente pior. A festança estava armada, mas a infra-estrutura deixou deveras a desejar. Primeiro foi um parto estacionar—achar onde se podia pagar pra estacionar, já que não havia a menor sinalização além dos ameaçadores no parking - tow away zone. Entramos na festa e nos misturamos a um mundaréu de gente. Embora não estivesse terrivelmente quente, não havia uma parca sombra e tivemos que comprar chapéus, pois o sol rachava inclemente as nossas cacholas. Fila pra tudo, nenhum lugar pra sentar e comer decentemente a comida de festival, que era aquela abundância de coisas pesadas e oleosas. Não quisemos arriscar comer os crawdads, porque teríamos que abrir com as mãos e chupar a carnita dos bichos ali em pé no meio da multidão. Lembrei de um filme chamado No Mercy onde a Kim Basinger e o Richard Gere fogem para um pântano em New Orleans e comem os lagostins, a única comida que puderam arrumar no esconderijo à beira do rio. Bom, se você viu o filme, sabe porque uma pessoa minimamente civilizada não pode comer um balde dessas mini-lagostas sentada no chão de uma rua entulhada de gente. Escolhemos comer um peixe frito [catfish] com batata, que estava lotada de alho. O horrore dos horrores!

A festa estava boa para quem estava lá para encher a cara e dançar. E gente enchendo a cara era o que não faltava. Muitos bikers e rock 'n' rollers, muitas famílias barulhentas, muita gente esbaforida, mal educada e estranha. Pra nós valeu ter ouvido um pouco da música da Louisiana, mas a hora de ir embora chegou rápido, e fomos!

Duas palavras sumarizam o tal festival: muvuca e farofa.
Uma única conclusão final: maior furada!

* todas as fotos do colorido evento AQUI. A volta para casa, no relato impagagável de como o casal barata-tonta foi parar em Nowhereland guiados pelo GPS do carro, AQUI.

ice cream social

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Passamos a tarde do Memorial Day na casa da Elise, em Sacramento. Ela ganhou um batch de sorvetes da Mashti Malone's de Los Angeles, todos com sabores incomuns e exóticos. Fizemos uma degustação regada a home made lemoncello e super deliciosos cupcakes. Foi muito legal reencontrar os queridos blogueiros e conhecer os simpaticissimos pais da Elise, além de conversar sobre o óbvio—COMIDA! Também comentamos exaustivamente a reportagem sobre food blogs que saiu no jornal Sacramento Bee e combinamos uma degustação de vinhos para breve.

* na foto, o sorvete de lavanda, um dos meus favoritos depois do incrível sorbert de ervas.

gosto não se discute

Fomos à um pequeno restaurante aqui em Davis, que tinha sido altamente recomendado pelo meu vizinho blogueiro culinário. Nunca tínhamos ido lá, pois o lugar nunca realmente nos chamou a atenção. É um lugar pequeno, ligado à uma loja de produtos naturais, com mesinhas cobertas de toalhas coloridas com vasinhos com flores naturais. O menu é todo orgânico, escrito com palavras muito bem escolhidas, fazendo tudo parecer muito apetitoso. O problema é que o lugar é super low profile, e não combina com o preços, que são de restaurante um nível acima do que experienciamos ali. Resumindo, comida simples, preço sofisticado. O atendimenrto foi ótimo, afinal num sábado na hora do almoço só tínhamos nós dentro do lugar. A cozinha é logo atrás do balção de atendimento e ficamos ouvindo a conversinha da atendente americana com o casal de cozinheiros mexicanos, num espanhol sofrível. E ouvimos e cheiramos a comida ser preparada, o que resultou num cheiro de fritura impregnado na minha roupa e cabelo. A comida era boa, nem ótima, nem ruim. A conta foi alta. E enquanto vestíamos os casacos para ir embora, eu vi uma BARATA saindo de trás de um quadro na parede. Nem preciso dizer que NUNCA mais voltaremos, né?

Fazia muito tempo que queríamos ir à um restaurante italiano em Sacramento, que tem pizza feita em forno à lenha. Quando queremos comer boa comida italiana temos que ir à San Francisco, porque essa região aqui, do Sacramento Valley, não deve ter recebido uma boa imigração italiana. Os restaurantes são péssimos, e eu, como neta de italianos, sempre comi a melhor pizza e pasta feita em casa pela minha mãe, que realmente faz o melhor molho e massa. Então sou exigente, percebo na hora se o molho é de lata e odeio, ODEIO, o molho de pizza que eles usam aqui, muito grosso, com cebola, uma coisa enojante. Ouvi dizer que esse restaurante em Sac tinha uma pizza boa, mas que tinha um ambiente cafona e presunçoso. Fomos, finalmente. Que surpresa boa! O lugar tem um ambiente simpatícissimo, instalado num prédio antigo na Capitol Avenue, entre Old Sacramento e o Palácio do Governo, o Capitol. Nos lembrou os restaurantes antigões de São Paulo, com os garçons de paletó branco e gravatinha preta, um estilo europeu, com pé direiro alto, super diferente e aconchegante. Fomos muito bem atendidos pelo garçon Louis e comemos muito bem, eu uma pizza muitíssimo bem servida, com mussarella, parmesão em fatias, cogumelos, rúcula e prosciutto, regada com azeite de trufas. O Uriel comeu um ravioli verde, com massa feita no local e molho apimentado de lingüiça italiana. Louis nos disse que todas as massas e os pães e crostines [deliciosos] eram feitos lá. Bebi um chardonnay do nosso quintal, segundo o Louis, uma vinícola perto de Davis. Nos sentimos tão confortáveis, que até pedimos sobremesa, o Uriel um tiramisu e eu um creme de fennel com crosta de chocolate. Saímos de lá incrívelmente felizes com a nossa experiência italiana em Sacramento e já decidimos que voltaremos em breve!




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