na primavera temos

artichokes
alcachofras
delta-asparagus
aspargos [Delta]
fresh-garlic
alho fresco
ovos-caipiras
ovos caipiras
strawberries
morangos

a galinha dos ovos

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Cheguei de viagem e a geladeira estava vazia, não tinha nem um ovinho, pois o Uriel cozinhou todos. No sábado fui ao Farmers Market e comprei duas dúzias. Os ovos vem sorteados—uns são azulados, outros acinzentados, outros são marrom claro, outros cor de pele clarinhos, com pintinhas ou esbranquiçados, um lá vem com uma pluminha colada. Pra mim esses ovos são de ouro.

♥ ovos de FelizBertas ♥

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No farmers market de Woodland, depois de uma semana de calorão:

posso ter uma duzia de ovos?

não tenho ovos hoje. as meninas resolveram não botar nada essa semana.

é o calorão!

[ quando faz muito calor as meninas descansam. tive que entrar na lista de espera pra conseguir comprar essa dúzia, que estou usando com muita parcimônia. ]

ovos caipiras

Já faz muitos anos que não compro uma caixa de ovos dessas de supermercado que custam $1,99 a dúzia [ou duas por $1,99 na promoção]. Não compro porque não acho necessário participar de um sistema baseado em crueldade para eu poder fazer uma omelete ou um bolinho vez ou outra. Compro e uso sempre os ovos da galinha feliz—fato que não preciso mencionar a cada receita que publico aqui, mas que é absoluto na minha cozinha.

Compro uma dúzia de ovos caipiras a cada duas ou três semanas, dependendo do que eu fizer na cozinha. Às vezes demoro mais pra gastar, porque não faço muita coisa levando 5 ovos e tais. No farmers market de Davis eu tinha a minha banca favorita para os ovos caipiras. E no primeiro dia no mercado de Woodland já achei minha fornecedora de ovos, de quem tenho sido cliente assídua.

Outro dia cheguei lá para comprar uma caixa e ela me disse—sinto muito, hoje só tem ovos para quem tem o nome na lista. E me explicou que nos dias muito quentes as galinhas diminuem a produção, pois é claro né minha gente, aquele bafão e você botando ovo? Elas simplesmente tiram uma folga. E a mudança da estação, com os dias amanhecendo mais tarde e anoitecendo mais cedo, também afeta a produção do galinheiro, pois donas galinhotas têm que ter o sono restaurador da beleza e nessa época dormem mais cedo e acordam mais tarde, não vão botar ovos nessas horas.

Coloquei meu nome na lista para cada duas semanas, pra ter certeza de que não ficarei totalmente sem ovos. Porque é assim que tem que ser. Nenhuma galinha é escrava e se eu quiser ovos em dias tórridos ou quando a estação faz eles ficarem mais curtos, eu é que terei que me esforçar, pagar mais e ter paciência.

Comparemos então a vida dessas galinhas que tem o direito de botar ou não botar ovos, com aquelas eternamente confinadas num cubículo iluminado noite e dia por uma luz artificial, comendo ração cheia de hormônios pra poder botar ovos dia e noite, sem nenhuma influência das leis naturais e assim suprir a demanda dos ovos com bacon e omeletes diárias pros pafúncios humanos.

Não é justo. E não é assim que precisa ser. A escolha é nossa.

[ 3 ]

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[são porta-guardanapo]

somos novatas

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chegamos ontem!

na fazenda Yamaguishi

Chegamos na fazenda orgânica Yamaguishi em Jaguariúna às 8:30 da manhã de um dia que prometia ser esbaforento e quente. Mas naquela hora o frescor ainda imperava e assim que desci do carro respirei um ar que me pareceu imensamente familiar. Não sei explicar exatamente o que era aquele cheiro conhecido, de coisa fresca, de infância, de tempos bons, de riacho transparente, de mangueira carregada de fruta, de terra molhada e grama pisada. Avistamos uma casa grande rodeada de um varandão que me pareceu a sede administrativa e lá batemos para perguntar pelo moço que iria nos ciceronear naquela visita.

Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi

Eu, minha mãe e meu irmão fomos recepcionados por uma senhora, que nos ofereceu um café. Foi o tempo de brincar com o gato e olhar um pouco ao redor e já chegou o Romeu, com quem eu tinha trocado breves mensagens de e-mail. Não teve muitos salamaleques para agendar uma visita. Fui ao website da fazenda, cliquei no e-mail de contato e escrevi dizendo que queria visitar a Yamaguishi e que uns amigos, professores da Unicamp, tinham me recomendado que eu falasse com o Romeu. Dias depois estávamos lá, muito bem recebidos logo pela manhã para um convercê e depois uma extensa caminhada, com direito a explicações detalhadas sobre tudo e respostas para todas as minhas perguntas.

A fazenda Yamaguishi tem 60 hectares de mata replantada e 37 de mata original. Eles fazem entregas de cestas de produtos orgânicos à domicílio e participam também de várias feiras em Campinas e região. Oferecem 66 variedades de legumes e verduras, que podem ser escolhidos ao gosto dos clientes. O Romeu explicou que as estações não muito rigorosas do Brasil possibilitam a produão ininterrupta de muitos produtos, que são oferecidos quase que durante todo o ano. A sazonalidade é muito mais flexível, devido ao clima mais ameno. Nada é produzido em estufas, tudo saí dos imensos canteiros espalhados pela extensão da fazenda. E dali também saem o ano todo frutas como laranja, banana e maracujá. A fazenda Yamaguishi dispõe seus produtos com os de mais 17 agricultores orgânicos da região, que formam o Grupo Mogiana. Eles promovem cursos, e treinamentos, dividem experiências e técnicas, que são praticadas por todos. A variedade dos produtos oferecidos pela Yamaguishi é também graças à essa organização de produtores. O grupo também participa de um planejamento de produção com os agricultores convencionais, para ajudar com controle de pestes, preservação do meio ambiente e divulgação de técnicas de agricultura orgânica e sustentável.

Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi

Nossa caminhada pela fazenda nos deixou de língua de fora e com o queixo caído. São apenas 27 pessoas cuidando da produção de legumes, verduras, frutas e de um montão de galinhas. Todos vivem em casinhas dentro da fazenda e todos administram o negócio conjuntamente. Na Yamaguishi não tem chefe, não tem dono, todos são iguais pela filosofia que é aplicada no dia-a-dia. O Romeu nos explicou como eles controlam as pestes sem quimicos, como reusam o excedente, reaproveitam tudo, fazem rotação da lavoura, preservam o rio e a mata, e os animais silvestres que vivem por lá. Eu deveria ter levado um gravador, pois foi muita informação pra memorizar. Uma das coisas que me chamou a atenção foi a lindeza dos canteiros, folhas enormes, brilhantes, quase sem nenhum ataque de bichos e o Romeu contou que isso é resultado de anos das práticas orgânicas. A fazenda já tem 22 anos e serve 800 clientes das cestas entregues semanalmente, mais as feiras e o suprimento de lojinhas, como a Macróbios de Campinas. A fazenda recebe visitantes comuns, grupos de escolas e tem também umas atividades abertas ao público nos finais de semana. É só escrever ou ligar pra eles e perguntar.

Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi

Mas a parte da fazenda que mais me impressionou foi a dos galinheiros. De longe avistamos o imenso gramado todo cercado com arame, onde as galinhas ciscam livremente das 10 da manhã até às 5 da tarde. É um espaço cercado por razões óbvias—não dá pra deixar centenas de galinhas soltas pela fazenda, expostas à predadores e depois ficar catando os ovos botados ali, aqui e acolá. Eles têm um esquema super bem organizado, com galinheiros espaçosos onde os franguinhos moços e as franguinhas moças crecem primeiro em espaços separados. Na fase adulta eles finalmente se juntam, um bando de galinhas e um seleto número de vigorosos galos. Os ovos são fertilizados, fruto do ciclo natural da vida. Mas o Romeu contou que apesar das galinhas estarem em maior númerto, quem escolhe o galo são elas, portanto são elas que realmente mandam no galinheiro. Entramos em alguns deles onde naquela hora matinal as penosetes ainda estavam botando ovos. Cada galinheiro tem um compartimento onde as galinhas entram e ficam lá, quentinhas e fechadinhas, colocando os ovinhos em total privacidade. O Romeu quis nos mostrar um deles e para nossa surpresa, antes de abrir bateu na porta do compartimento explicando que todos os outros funcionários também faziam o mesmo, em sinal de respeio, para avisar as galinhas de que elas iriam ter a privacidade invadida. Como adentrar um quarto de moçoilas enquanto elas estão fazendo a toilete, com um toc toc toc e um discreto com licença para mostrar respeito.

Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi

O Romeu foi nos mostrando tudo, pegou o solo do galinheiro com as mãos, explicando que aquilo iria adubar os canteiros da fazenda. Nunca vi terra tão limpa. Naquela hora um dos funcionários estava deixando os sacos de ração nas portas dos galinheiros. A ração é feita lá mesmo na fazenda, vimos a lista dos produtos—nada de porcariadas, nada de artificial, nem de quimico, só ingredientes naturais. As galinhas comem até casca de ostra, que ajuda a deixar a casca do ovo mais durinha. Vimos também o pessoal pegando os ovos [e batendo na porta e pedindo licença antes], a limpeza e armazenamento, depois o empacotamento dos ovos fresquinhos que vão para as cestas domésticas ou para os mercadinhos. Os ovos da Yamaguisi são realmente de galinhas saudáveis e felizes—eu posso dizer isso, pois fui lá e vi!

Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica YamaguishiFazenda Orgânica Yamaguishi

Saí da fazenda Yamaguishi um bocado entusiasmada, porque pude ver com meus próprios olhos, e caminhando e sujando o meu calcanhar de terrão vermelho, o trabalho bacanérrimo que tem sido feito ali com os orgânicos. Muita gente me diz que onde mora não tem orgânicos, que é difícil, eteceterá e tals. Mas eu tenho certeza que tem muito agricultor, pequeno ou grande, fazendo coisas muito bacanas, como o pessoal da Yamaguishi já está fazendo ali nas imediações de Campinas há várias décadas. O truque é começar a procurar. Olhar em volta, fazer muitas perguntas, se informar, se conectar, montar uma rede e ajudar a divulgar—quem vende os legumes, o leite que entrega em casa, o queijo, os ovos, aquele sitiante que aceita encomenda de galinha ou de um porquinho. E assim vamos devagarzinho saindo daquela imposição dos grandes produtores e distribuidores, e vamos mudando um bocado da nossa alimentação e da nossa vida, pra melhor!

galinhetes galore

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Minha cozinha é dominada por elas. Algumas já se mostraram por aqui durante os últimos anos. Outras nunca tiveram a chance e nem eu mesma sei explicar o por que dessa falha. Mas estou me redimindo e mostrando mais um par delas. As primeiras galinhas ganhei da querida Sonia Novaes quando estive em Campinas. As segundas também comprei em Campinas, na Tok&Stok. E a terceira é uma fofucha que fica lá em cima do armário, me olhando enquanto eu faço coisas na pia da cozinha. Adoro todas essas minhas lindas galinhas igualmente!

ninguém perguntou
[mas eu vou contar]

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sou um porta-trecos, tá?

a prima caipira

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Ela chegou no trem do domingo, toda arrumadinha com seu vestido de flores, sandalhinha de saltinho branca combinando com o cinto branco e a bolsa também branca, forte no penteado kanekalon e no batom cor de laranja da Colorama. Ela veio visitar as primas chiques da cidade grande e trouxe uma cestinha cheia de gostosuras preparadas pelas tias lá do interior—queijo fresco, biscoitos de manteiga, geléia de frutas, picles de legumes, pão feito em casa. Foi muito bem recebida, a festiva e querida prima caipira.

Berta mil e uma utilidades

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essa é de verdade

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co-co-ri-cór

Felizberta e seus ovinhos

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a dona das galinhas

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De agora em diante ela vai tomar conta das galinhetes que habitam a minha cozinha. Uma fofa, adorei o vestidinho. E já falaram—olha, ela até parece com você!

em Petaluma

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Petaluma é uma gracinha de cidade, com um centro histórico lindo, muitas lojinhas, restaurantes e lugares interessantes. Entramos no prédio antigo da biblioteca pública e era um museu muito bacana. Tirei algumas fotos. Petaluma foi uma grande produtora de aves e ovos. O galinheiro estava dentro do museu e as galinhas são bonecos. Adorei a cozinha antiga. Tinha tantos detalhes, faltou o fogão, o armário. Pena que a pouca luminosidade e os vidros protegendo as antiguidades não colaboraram muito. Também eu fotografando dentro do museu, maior mico, né?

novas velhas amigas

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  ooolááá!  

and more, and more chicken!

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O restaurante Poulet em Berkeley, onde tivemos nossa aula de clara de ovo com a pastry chef Shuna Lydon é todo decorado com galinhas por razões óbvias. Achei tudo encantador, porque vocês sabem, eu adoro as galinhetes e coleciono algumas. Antes da aula começar fiquei fotografando, mas elas eram muitas! Pra minha surpresa, estavam à venda as d' angolas brasileiras, aquelas com a ninhada penduradinha. Fui olhar o preço: 15 patacas americanas. Pois minha mãe comprou a mesmíssima galinha no Mercadão de Campinas, pra eu trazer pra sogra do Gabriel, e pagou meras 5 patacas brasileiras. A inflação deve ter ficado por conta do charme do restaurante, numa cidade também super charmosa, no norte da Califórnia. Só pode ser né? Pisc!

irresistíveis

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"Oi, tudo bom com você? Sabe que é? Nós adoraríamos poder colocar um salzinho e uma pimentinha na sua comida. O que você acha? Podemos? Dá uma licencinha então. Tá bom assim? Ah, que ótimo! Obrigadinha, beijinhos e tchauzinho!"

não deu pra resistir

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Tive que comprar essas duas galinhetes, que são na verdade porta-ovos, pra quem gosta de comer aqueles de gema mole pela manhã - não sou uma dessas. Mas adorei elas enfeitando a minha janela!




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